A Confederação Empresarial de Portugal (CIP) considera "preocupante" o aumento da despesa em 4,5% que, diz, contrasta com a revisão em baixa do crescimento da economia portuguesa. É desta forma que a confederação liderada por Armindo Monteiro reage à proposta de Lei do Orçamento do Estado para 2026 (OE2026) entregue esta quinta-feira, 9, no Parlamento.No documento, o Governo revê em baixa o crescimento da economia para este ano apontando para 2%, um corte de 0,4 pontos percentuais. Para 2026 as previsões do Executivo indicam uma aceleração para os 2,3%."O nosso país tem tido taxas de crescimento quase anémicas, sempre muito abaixo do nosso potencial, registando, no entanto, aumentos muito significativos no valor da despesa corrente. Urge a integração no OE2026 de medidas mais vigorosas para aumentar a capacidade produtiva do país, tornar mais sofisticado o tecido empresarial e dotar a nossa economia de novos fatores de competitividade", defende a CIP em comunicado.A confederação lamenta que o documento apresentado pelo ministro das Finanças aumente a despesa e não identifique "poupanças resultantes do combate vigoroso ao desperdício", defendendo que o "crescimento e prosperidade terão obrigatoriamente de tornar-se esteios de uma política económica capaz de ombrear" com os congéneres europeus. Ainda nas notas negativas, a CIP levanta o cartão vermelho à "erosão dos salários líquidos" defendendo que a atualização de escalões de rendimento da tabela de IRS em 3,51% em 2026 é "abaixo do necessário para assegurar a neutralidade fiscal". "Verifica-se uma tímida descida das taxas de IRS entre o 2º e o 5º escalões. De salientar que no contexto do acordo tripartido de rendimentos e crescimento da economia, assinado em sede da CPCS, a referência de aumento do SMN para 2026 é de 5,7% e o salário médio visa um crescimento de 4,6%", adianta.Numa leitura mais positiva, a CIP deixa elogios ao aumento do investimento público em 6,8% e ao alívio da carga fiscal "muito embora esse desagravamento seja levado a cabo de forma muito lenta", considera.Na mesma reação, sublinha ainda a preservação do equilíbrio das contas públicas, "permitindo a continuação da trajetória de redução da dívida pública, embora feita à custa do aumento da receita e não da despesa".Por fim, deixa o desejo de que a discussão na especialidade da proposta do Governo sejam aprovadas medidas de natureza fiscal como o Regime Geral de Taxas e Contribuições, um 15º mês "sem as suas atuais limitações ao seu potencial", e medidas de estímulo ao segundo pilar da Segurança Social."O país necessita deste instrumento de orientação macroeconómica e financeira, que prossiga a consolidação orçamental, execute o PRR, alivie a carga fiscal, melhore os salários, preserve as funções sociais do Estado, reduza assimetrias e continue a convergir com a Europa, entre tantos outros importantes desafios. Isto para além, claro, de ganharmos maior robustez para lidar com a turbulência internacional", conclui..OE2026: Escalões do IRS sobem 3,51% no próximo ano