Novobanco vai distribuir 3,3 mil milhões pelos acionistas nos próximos três anos
O Novobanco dispõe de 3,3 mil milhões de euros em capital para distribuir aos acionistas nos próximos três anos, através de medidas como o pagamento de dividendos extraordinários e de programas de recompra de ações, disse hoje o CEO da instituição, Mark Bourke, numa conferência telefónica com analistas.
Durante uma década, o Novobanco esteve impedido de distribuir dividendos, devido ao acordo de capitalização contingente que foi estabelecido com o Fundo de Resolução. Esta situação levou a que o banco acumulasse capital que se tornou excessivo. Agora que está livre do acordo e prestes a entrar na bolsa, o banco procura aliciar os potenciais investidores com este pacote de 3,3 mil milhões, a que se juntam outros 225 milhões de dividendos relativos ao exercício de 2024.
"O que vamos fazer, primeiro, é uma redução da base de capital no valor de 1,1 mil milhões de euros. Para isso será necessária autorização regulatória. Esperamos ter essa autorização nas próximos meses e o pagamento de 1,1 mil milhões poderá ter lugar no prazo de 30 dias depois disso", explicou Mark Bourke nesta teleconferência onde apresentou os resultados de 2024.
O Estado e o Fundo de Resolução, que são acionistas do Novobanco, juntamente com o fundo americano Lone Star (75%), vão receber 25% deste montante.
Mark Bourke acrescentou que os restantes 2,2 mil milhões serão distribuídos através de dividendos e de recompra de ações, nos próximos três anos, "se não forem aplicados em oportunidades que permitam criar valor".
"Podemos investir em áreas como a gestão de ativos, mas vemos a maior parte deste montante [2,2 mil milhões de euros] disponível para distribuir pelos acionistas, se tivermos autorizações regulatórias", especificou Mark Bourk.
"Temos um banco bem posicionado, numa economia que também está bem posicionada", defendeu o CEO.
O banco pretende distribuir anualmente entre 40% a 60% dos lucros, explicou ainda.
Recorde-se que o Novobanco pretende entrar na bolsa este ano, com a dispersão de cerca de 30% do capital. As estimativas dos analistas apontam para um valor na ordem dos cinco mil milhões de euros. Por outro lado, a hipótese de uma venda direta não está ainda excluída, perfilando-se potenciais interessados como a Caixa Geral de Depósitos, o grupo espanhol Caixabank (dono do BPI) e o Millennium bcp, entre outros players do sector.
O Novobanco anunciou esta manhã um lucro recorde de 744,6 milhões de euros no exercício de 2024. O banco pretende distribuir 30% deste montante em dividendos. Por sua vez, a margem financeira - que corresponde à diferença entre os juros que os bancos cobram pelos créditos e os que pagam nos depósitos - subiu 3,2% para 1,17 mil milhões de euros, apesar da descida das taxas Euribor ao longo do ano passado.