Novo Tivoli quer seduzir americanos e atingir os 400 euros por noite à boleia dos vinhos Kopke
Um clarão de sol tórrido abraça a encosta de Gaia, num dia de calor atípico para a cidade. O fenómeno pouco usual no norte realça o quadro virado para a margem sul do rio Douro. Os hóspedes do Tivoli Kopke Porto Gaia são brindados com um espetáculo visual desenhado de cores exuberantes que imprimem dramatismo na paisagem. Do lado de cá , cheira a novo e a vinho.
A unidade de cinco estrelas do grupo hoteleiro Tivoli mora de frente para a Invicta desde o início de fevereiro. O projeto resultou do casamento da marca que pertence à Minor Hotels com o Kopke Group, antiga Sogevinus, e dona da histórica insígnia vínica Kopke, que está sob a alçada do espanhol Abanca.
A nova aposta na hotelaria de luxo da região resulta de um investimento de 50 milhões de euros que deram vida às caves centenárias da mais antiga casa de vinho do Porto do mundo. O empreendimento, com 30 mil metros quadrados, começou a ser reconstruído em 2021 numa pesada obra que ficou a cargo da Mota-Engil. Os trabalhos árduos exigiram cerca de 330 trabalhadores por dia que deram uma nova vida à propriedade dividida em três áreas distintas: Vintage, Tawny e White.
Nos armazéns que agora se apresentam de cara lavada, repousam 2,5 milhões de litros de vinho sob uma simbiose de negrume e frio que aconchegam as pipas em silêncio. O vinho é anfitrião presente no hotel. Da mesa ao spa, não esquecendo os quartos, a história enológica conta-se nos detalhes. Esta é a principal mais-valia do projeto que se quer posicionar como uma referência no segmento premium da cidade.
“Queremos transmitir uma experiência autêntica, através da cultura, da arte e da música. Este hotel é um cluster para atrair grandes eventos, com uma capacidade de alojamento muito grande”, explica o diretor da unidade, Francisco Viana Brito, à margem da inauguração da unidade que decorreu esta quinta-feira, 29.
A concorrência ao negócio é forte e a vizinhança antiga, mas o responsável não hesita em admitir que o Tivoli Kopke Porto Gaia está já a atrair os wine enthusiast fidelizados a outras marcas. É exemplo o The Yeatman Hotel, que espreita a poucos metros. “Algumas pessoas que costumam ficar noutros hotéis da concorrência têm vindo para o Tivoli. O Yeatman tem 14 anos de história, é normal que os clientes queiram experimentar outras coisas”, admite.
O diretor deixa, ainda assim, elogios ao hotel do grupo The Fladgate Partnership. “O Yeatman transformou Gaia e desbravou o caminho, foi pioneiro a fazer este trabalho”, refere. Francisco Viana Brito ressalva que “há espaço para todos” e que “todos ganham” com a qualificação da oferta na região. “ A procura no Porto continua musculada e a prova é a quantidade de projetos em pipeline. Há uma grande aposta em hotéis de quatro e cinco estrelas que estão a nascer. Gaia tem sido muito bem recebida por parte dos turistas”, atesta.
Tivoli quer preços a chegar aos 400 euros
Nos primeiros quatro meses de operação, os espanhóis, os norte-americanos, os brasileiros e os portugueses assumiram-se como os principais mercados.
O objetivo é incrementar o número de turistas dos Estados Unidos e “atacar mercados com poder de compra” . “Para um americano estar num hotel no Porto de uma marca anterior a criação do seu país é único”, aponta o diretor. Para já, os preços por noite situam-se nos 260 euros, mas a perspetiva é atingir uma tarifa média por noite anual de 400 euros. A tarefa não será difícil, assegura o porta-voz dos Tivoli. “ No Porto praticam-se, atualmente, preços muito acima do que se praticavam”, nota.
O espaço de eventos com 1750 metros quadrados tem capacidade para receber 900 pessoas em seis áreas distintas, e esta será uma das franjas na frente do negócio. Desde que abriu portas, o hotel já acolheu vários eventos corporativos nacionais e internacionais. Seja para conferências, reuniões ou encontros exclusivos com as caves em pano de fundo, há oferta para todas as ocasiões.
“Os preços não são baratos”, avisa Francisco Viana Brito. Recentemente, exemplifica, uma empresa reservou os armazéns vínicos para um jantar de 250 pessoas numa das zonas mais emblemáticas do hotel. O preço deste tipo de encontros pode atingir os 200 mil euros por dia, ou seja, cerca de 800 euros por participante.
Da cama à mesa
A oferta de alojamento contempla 149 quartos e suites num estilo contemporâneo e industrial . O design de interiores aposta nos tons quentes de terra e vinho, bem como em tecidos de lã e pele.
Já a oferta gastronómica do Tivoli Kopke está a cargo do chef espanhol Nacho Manzano, responsável pelo restaurante de três estrelas Michelin Casa Marcial, situado na região das Astúrias, no norte de Espanha. Por aqui lidera as cozinhas dos dois espaços de restauração do novo hotel: o 1638 Restaurant & Wine Bar by Nacho e o Boa Vista Terrace by Nacho Manzano.
A oferta de lazer inclui ainda uma piscina exterior aquecida, spa e centro de fitness. A propriedade presenteia também os visitantes com nove mil metros quadrados de jardins e um percurso pedestre que dá acesso direto ao passeio ribeirinho de Gaia.
A Tivoli Hotels & Resorts, fundada em 1933 em Portugal, é detida pela Minor Hotels. O Tivoli Kopke Porto Gaia é a oitava propriedade da insígnia no país. A marca tem ainda presença internacional no Brasil, Qatar e China, e recentemente tem apostado na expansão na Europa com as primeiras aberturas em Espanha, Itália e Holanda.