CEO do Novo Banco, o irlandês Mark Bourke
CEO do Novo Banco, o irlandês Mark Bourke D.R.

Moody's mantém nota do Novo Banco após acordo de venda e promete nova melhoria do rating

Venda ao gigante BPCE ainda está sujeita a aprovações regulatórias e à consulta dos órgãos dos funcionários do grupo francês, mas tudo indica que terá implicações positivas sobre a qualidade do NB.
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A venda do Nono Banco (NB) ao segundo maior grupo bancário francês, o BPCE (que congrega nomes como Banque Populaire, Caisse d’Epargne, Natixis, entre outros), dá uma perspetiva ainda mais positiva à evolução da nota da qualidade da dívida do NB num futuro próximo, afirma a agência de ratings Moody's.

Na sequência da assinatura do memorando de entendimento para a venda do NB, a empresa de notação financeira revelou, esta terça-feira, em comunicado, que o rating da respetiva dívida mantém-se no nível Baa1 (nota da dívida de médio prazo e não garantida) e A2 (qualidade da base de depósitos de longo prazo), ou seja, ambas notas conferem ao crédito concedido ao banco um grau de "boa qualidade e risco moderado".

A perspetiva (outlook) para os próximos 12 a 18 meses mantém-se positiva, o que sinaliza uma possível promoção do rating no decurso deste período, acrescenta.

"Esta ação de rating surge na sequência do anúncio feito a 13 de junho de que o Groupe BPCE, o segundo maior banco de França, assinou um Memorando de Entendimento para adquirir as ações do Novo Banco", diz a Moody's.

"A venda, que ainda está sujeita a aprovações regulatórias e à consulta dos órgãos representativos dos funcionários do Groupe BPCE, deverá ser concluída no primeiro semestre de 2026."

O BPCE é um importante grupo bancário francês formado com a fusão, em 2009, de dois grandes e históricos grupos bancários comerciais gauleses, o Caisse d'Épargne e o Banque Populaire.

Atualmente, é o nono maior banco europeu, podendo a compra do NB ajudar o grupo a subir neste ranking.

Se tudo correr como combinado, o negócio deve valer 6,4 mil milhões de euros.

O fundo norte-americano Lone Star, dono de 75% do Novo Banco, deverá encaixar 4,8 mil milhões de euros.

O sector público (Estado e Fundo de Resolução), com uma participação de 25%, deve receber 1,5 a 1,6 mil milhões de euros, segundo as estimativas mais recentes, ainda preliminares. Ao Estado caberá cerca de 700 milhões de euros.

Para o Fundo de Resolução, cuja quota no NB ronda os 13,5%, irão cerca de 866 milhões de euros, valor que deverá servir para reforçar os fundos próprios desta entidade que pode ser chamada a apoiar mais bancos em stress no futuro.

Seja como for, o valor que deve reverter a favor do Estado fica muito abaixo dos 8,3 mil milhões de euros (contas do Tribunal de Contas) que o universo BES/NB já custou aos contribuintes em injeções de capital, absorção de perdas, garantias e empréstimos.

NB absorvido por um grupo "forte"

A agência de ratings explica que "a perspetiva para as notações de depósitos de longo prazo e dívida sénior não garantida do Novo Banco permanece positiva" porque "reflete o efeito positivo" decorrente da conclusão com sucesso deste processo de aquisição pelo Groupe BPCE.

Assim deverá ser porque o NB "passará a fazer parte de um grupo mais forte".

Este cenário assumido pela a agência de ratings reflete para já uma série de fatores já confirmados até ao momento.

A Moody's aponta para "a melhoria significativa dos indicadores de qualidade dos ativos [do NB], embora ainda mais fracos do que a média do sistema, os seus fortes indicadores de rentabilidade e a maior capacidade de absorção de perdas, num contexto de níveis de capital muito elevados que irão diminuir, uma vez que o banco retomou o pagamento de dividendos". E também "a melhoria da posição de financiamento e liquidez do Novo Banco".

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