No dia 26 de fevereiro, a Altice France anunciou que tinha chegado a acordo com um grupo de credores para reestruturar a sua dívida. Se a transação for aprovada, essa operação poderá traduzir-se numa redução da dívida no valor de 8,6 mil milhões de euros. Na reação, a agência de notação financeira Moody's anunciou o corte da avaliação da empresa, segundo uma nota a que o DN teve acesso. A Moody's baixou a avaliação da Altice France de Caa2 para Caa3, dois degraus acima da notação “C”, que classifica as empresas em incumprimento e cuja dívida apresenta baixas perspetivas de recuperação. A Altice France é um dos três braços do grupo Altice, e é a dona da operadora SFR no mercado francês. A Altice International, outra das subsidiárias, é quem detém a Altice Portugal, que controla a Meo, mas opera de forma independente da operação francesa.O acordo negociado por Patrick Drahi prevê que a redução de dívida seja trocada por uma participação minoritária, e nos termos propostos, o líder da telecom mantém-se como CEO. Segundo a nota libertada pela Moody’s, este acordo implica ainda “uma taxa de recuperação de 87,1 cêntimos por 1 euro de dívida sénior garantida e 25 cêntimos por 1 euro de dívida sénior não garantida. As taxas de recuperação poderão ser mais elevadas, incluindo a participação indireta no capital da Altice France”. A transação também prevê o alargamento da maturidade da dívida, dos atuais 3,1 anos para 6,1 anos. Se for aprovada, a Altice espera implementar esta restruturação entre o segundo e o quarto trimestres deste ano.A Moody’s justifica a alteração na avaliação da empresa com a expectativa “de que a transação proposta constituirá uma distressed exchange, que é um evento de incumprimento de acordo com as nossas definições”, lê-se na nota a que o DN teve acesso. “A governação está na base da ação de rating de hoje, tal como refletido no risco muito elevado associado à estratégia financeira e à gestão de risco da empresa”. E acrescenta que o nível “Caa3 reflecte a estrutura de capital insustentável da Altice France Holding antes da reestruturação, dada a elevada alavancagem e o seu fraco fluxo de caixa livre, a natureza competitiva do mercado francês e a complexidade da estrutura do grupo.” No mesmo sentido, a agência justifica o seu ‘outlook’ negativo - ou seja, as perspetivas futuras para a empresa - com “o facto de os credores poderem incorrer em perdas superiores às incorporadas nas actuais notações”.Recorde-se que, por cá, a Altice Portugal tem estado a procurar alienar alguns ativos, ainda que a Altice Internacional tenha garantido há uns meses que não prevê, “no curto prazo, qualquer transação envolvendo o perímetro total da Altice Portugal”.