Lufthansa formaliza interesse na privatização da TAP a dois dias do fim do prazo
Foto: Gerardo Santos

Lufthansa formaliza interesse na privatização da TAP a dois dias do fim do prazo

Também a Air France-KLM já formalizou o interesse no processo de privatização da TAP. O Governo prevê alienar até 44,9% do capital da transportadora aérea, reservando 5% para os trabalhadores.
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A Lufthansa entregou esta quinta-feira, 20 de novembro, à Parpública a manifestação de interesse no processo de privatização da TAP, dois dias antes do final do prazo definido, 22 de novembro, anunciou hoje o grupo alemão.

“Além da aquisição inicial de uma participação minoritária, o objetivo do processo é estabelecer uma parceria de longo prazo entre o Grupo Lufthansa e a TAP Air Portugal, de forma a assegurar o futuro bem-sucedido da TAP enquanto companhia aérea nacional de Portugal”, refere o grupo de aviação em comunicado.

O Governo prevê alienar até 44,9% do capital da transportadora aérea, reservando 5% para os trabalhadores, conforme estipulado pela Lei das Privatizações. Caso esta tranche não seja totalmente subscrita, o futuro comprador terá direito de preferência.

Além do Grupo Lufthansa, também a Air France-KLM formalizou, na terça-feira, o interesse no processo de privatização da TAP, tendo também já manifestado publicamente vontade de entrar na corrida o International Airlines Group (AG), dono da British Airways e da Iberia.

Lufthansa formaliza interesse na privatização da TAP a dois dias do fim do prazo
Air France/KLM oficializou interesse na compra da TAP

Citado no comunicado, o presidente do Conselho Executivo e presidente executivo (CEO) da Deutsche Lufthansa AG afirma que o objetivo do grupo é “reforçar a conectividade global de Portugal, preservar a identidade portuguesa da TAP e garantir o crescimento sustentável da companhia”.

“A TAP Air Portugal tem uma grande importância estratégica para a indústria da aviação europeia. Como parceiro de longa data na Star Alliance e tendo em conta os nossos investimentos significativos em Portugal, continuamos a ver o Grupo Lufthansa como o melhor parceiro para a TAP e para Portugal”, sustenta Carsten Spohr.

“Uma cooperação reforçaria a posição de Lisboa como ‘hub’ atlântico na rede do Grupo Lufthansa”, refere a empresa alemã, salientando que “a conectividade entre a Europa e outras regiões do mundo, como a América do Sul, África e América do Norte, poderia ser ampliada”.

Sustenta ainda que, “enquanto líder global fora dos Estados Unidos, o grupo oferece a dimensão, a experiência e a estabilidade financeira necessárias para criar valor sustentável e fortalecer o papel da TAP Air Portugal como embaixadora do país em todo o mundo”.

A operar em Portugal há mais de 70 anos, o Grupo Lufthansa oferece mais de 280 voos semanais de e para Portugal através das suas várias companhias aéreas.

Empregando "mais de 400 profissionais qualificados" no país, prevê aumentar para 1.000 até 2030 com a construção de um novo centro da Lufthansa Technik para reparação de peças de motores e componentes de aeronaves em Santa Maria da Feira.

Assumindo-se como “um motor de consolidação na Europa”, o Grupo Lufthansa diz que ”reforçou com sucesso” companhias aéreas nacionais como a SWISS, a Austrian Airlines, a Brussels Airlines e, mais recentemente, a ITA Airways, “preservando as suas identidades nacionais”.

A partir de 22 de novembro, a Parpública, empresa que gere as participações do Estado, tem um prazo de 20 dias (até 12 de dezembro) para entregar ao Governo um relatório que descreve os interessados que manifestaram interesse e que avalia o cumprimento dos requisitos de participação.

No prazo de 20 dias contados da data da disponibilização do relatório, os interessados que tenham demonstrado o cumprimento dos requisitos são convidados a apresentar uma proposta não vinculativa.

Esta segunda fase do processo, que será dividido em quatro etapas, prevê que a proposta inclua, entre outros, o preço oferecido para a aquisição das ações e a informação sobre a forma de obtenção dos meios financeiros necessários para concretizar a compra.

Podem apresentar candidaturas operadores nacionais ou estrangeiros, individualmente ou em consórcio, desde que cumpram os critérios definidos, incluindo receitas superiores a 5.000 milhões de euros em pelo menos um dos últimos três anos e experiência comprovada no setor da aviação.

As propostas serão avaliadas também pelo reforço da frota, investimento em manutenção e engenharia, aposta em combustíveis sustentáveis, respeito pelos compromissos laborais e visão quanto a um eventual reforço da posição acionista, de acordo com o caderno de encargos publicado recentemente.

Como o Governo anunciou em julho, a privatização da TAP — que inclui também a Portugália, a Unidade de Cuidados de Saúde TAP, a Cateringpor e a SPdH (ex-Groundforce) — deverá decorrer ao longo de cerca de um ano, embora o calendário final dependa de autorizações regulatórias.

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