Lucros do Santander Totta aumentam 25% para 778 ME até setembro
O Santander Totta teve lucros de 778,1 milhões de euros até setembro, mais 25% do que nos primeiros nove meses de 2023, disse hoje o banco em comunicado.
A contribuir para os lucros esteve, sobretudo, a margem financeira (a diferença entre juros cobrados no crédito e juros pagos nos depósitos), que subiu 20% para 1.244 milhões de euros.
Segundo o banco, a margem financeira ainda continua a beneficiar da subida das taxas de juro mas "a ritmo progressivamente menor" após o Banco Central Europeu (BCE) ter iniciado o ciclo de descida das taxas.
Já as comissões mantiveram-se estáveis em 345 milhões de euros. Segundo o Santander Totta, tal resulta de um crescimento das comissões de crédito, de fundos de investimento e de seguros, enquanto, por outro lado, foi cobrado menos de comissões relativas a assessoria financeira.
Quanto a gastos, até setembro, os custos operacionais ascenderam a 389,9 milhões de euros, um ligeiro aumento face ao período homólogo (0,6%). Os custos com pessoal (que se incluem nos custos operacionais) cresceram 2,5% para 215,2 milhões de euros.
As provisões líquidas e outros resultados tiveram um custo de 38,5 milhões de euros devido à contribuição extraordinária sobre o setor bancário e ao adicional de solidariedade.
Olhando para o balanço do banco, o crédito à habitação cresceu 3,9% para 23.000 milhões de euros no final de setembro, o que, diz o banco, é o resultado da sua oferta comercial "muito competitiva no segmento, em termos de taxa mista".
Sobre a amortização antecipada de créditos, o Santander Totta diz que a redução gradual dos juros "minimizou a atividade de amortização antecipada de créditos", mas não indica valores.
O crédito ao consumo cresceu 7,8% para 1.899 milhões de euros e o crédito a empresas e institucionais cresceu 9,8% para 22.757 milhões de euros até setembro.
Em setembro, o rácio de crédito problemático (NPE - Non-Performing Exposure no termo técnico em inglês) era de 1,7%, inalterado face ao período homólogo. Segundo o Santander, a qualidade dos empréstimos "continua a beneficiar do contexto macroeconómico favorável", desde logo do elevado emprego.
Quanto aos depósitos, estes aumentaram 4,2% em termos homólogos para 36.970 milhões de euros em setembro.
Por fim, em indicadores de solidez, o rácio CET1 do Santander Totta era em setembro de 16,7% (16,3% em setembro de 2023).
Menos 82 trabalhadores
O Santander Totta tinha 4.580 funcionários em Portugal em setembro, menos 82 do que no mesmo mês de 2023, segundo as contas dos primeiros nove meses hoje divulgadas pelo banco.
As agências bancárias eram 329 em setembro, pelo que o banco fechou três desde setembro de 2023.
O Santander Totta é detido pelo grupo bancário espanhol Santander, que hoje divulgou lucros de 9.309 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, mais 14% do que no mesmo período de 2023.
Em 2023, o Santander Totta teve os maiores lucros de sempre, de 1.030 milhões de euros.
Em fevereiro, quando apresentou as contas de 2023, o presidente do Santander Totta dedicou parte importante da sua intervenção aos impostos, dizendo que o banco que lidera "deve ser a empresa privada que mais IRC [imposto sobre o lucro] paga em Portugal", com 431 milhões de euros pagos em 2023, e disse que mais encargos sobre a banca significam "menos crédito com que ajudar a economia".
A proposta do Orçamento do Estado para 2025 mantém a contribuição sobre o setor bancário (estimando arrecadar 210 milhões de euros) e o imposto adicional de solidariedade (mais 40,8 milhões de euros). Inclui ainda uma descida da taxa do IRC (imposto sobre lucro das empresas) dos atuais 21% para 20%, o que tem impacto, sobretudo, em grandes empresas como bancos.
O Santander Totta divulgou hoje os resultados apenas através de comunicado, sem fazer conferência de imprensa.