Os resultados líquidos do BPI caíram 16% no primeiro semestre em termos homólogos para 274,5 milhões de euros, penalizados pela diminuição da margem financeira, anunciou esta quinta-feira o banco.No documento apresentado na sede do banco, em Lisboa, refere-se que a margem financeira, que representa a diferença entre os juros cobrados no crédito e os juros pagos na remuneração dos depósitos, caiu 10%, para 441,9 milhões de euros.A operação em Portugal produziu um lucro de 241 milhões de euros, caindo 10%, “refletindo a taxa de juro”, refere o BPI, detido pelo grupo espanhol Caixabank.A atividade em África representou um contributo de 33 milhões de euros para os resultados consolidados do BPI, fruto de uma contribuição positiva de 43 milhões de euros do Banco de Fomento Angola, e uma penalização de 10 milhões de euros do moçambicano BCI, devido a 29 milhões de euros em imparidades e outras correções na participação.Nos primeiros seis meses do ano, as comissões líquidas recuaram 11%, para 150 milhões de euros, numa variação afetada por um efeito extraordinário no ano passado. Sem este valor, a redução foi de 1%, esclareceu o presidente do banco, João Pedro Oliveira e Costa.“Não só não aumentámos as tabelas, como em algumas áreas ainda fomos mais agressivos”, disse, na apresentação dos resultados, em Lisboa. Na mesma apresentação, a administradora Susana Trigo Cabral apontou que as maiores reduções foram nas comissões com contas à ordem, nas transferências imediatas, mas também "na colocação de títulos, que são operações mais pontuais e mais sazonais".Com estas variações, o produto bancário caiu 8%, para 614 milhões de euros.Sobre a margem financeira do banco, depois de um período mais elevado com as taxas de juro mais altas, esta caiu pelo terceiro trimestre consecutivo, à medida que também o ajuste do crédito foi sendo feito com indexantes inferiores ao ano anterior.Já a remuneração média trimestral caiu tanto no crédito, como nos depósitos, pelo quarto trimestre consecutivo para, respetivamente, 3,7% e 0,8%, contra 4,7% e 1,2%.Em termos de carteira de crédito, esta aumentou 7% face há um ano para 32,4 mil milhões de euros, com o crédito à habitação a ganhar 10% para 16.193 milhões de euros.No final de maio, a carteira de crédito do BPI representava 12,0% da carteira de crédito total, recuando face aos 12,1% registados ao final do ano, enquanto a quota na contratação de habitação foi de 17,4% no acumulado dos primeiros cinco meses do ano.No crédito a empresas, a subida foi de 5%, com destaque para o aumento de 8% na carteira de crédito das pequenas e médias empresas.Os depósitos avançaram 5% no espaço de um ano, para 31.880 milhões de euros, atingindo uma quota de mercado de 10,6% em maio deste ano.Os custos de estrutura recorrentes cresceram 1%, para 253 milhões de euros, com subidas nos custos com pessoal (126 milhões de euros) e nas amortizações (33 milhões de euros), e descidas nos gastos gerais administrativos (93 milhões de euros).No geral, esta componente deixou de contar com o custo de com reformas antecipadas e rescisões voluntárias, que no ano passado representaram 23 milhões de euros.Em termos de rácios de capital, o rácio CET1 ('common equity tier 1') avançou em cadeia para 14,0%, e o de capital total para 17,4%, contra 13,9% e 17,3%, respetivamente, em março.Já o rácio de crédito malparado bruto ('NPL - non performing loans' na expressão técnica em inglês) manteve-se em 1,7%.No final de março, o BPI contava com um saldo acumulado no balanço de 70 milhões de euros de imparidades não alocadas, um valor equivalente ao anunciado no trimestre anterior.