As contas da atividade turística continuam em trajetória ascendente e, a menos de três meses do final de 2025, os principais indicadores da operação não deixam margem para dúvidas de que este será mais um ano de recordes para o setor. A matemática positiva nesta franja da economia nacional assume-se como um dos principais motores do investimento em ativos turísticos, que continua a liderar o topo dos negócios imobiliários mais apetecíveis em Portugal. Até dezembro, perspetiva-se que o investimento em hotelaria atinja os 650 milhões de euros, revela a CBRE ao DN. Este valor traduz-se numa subida de 25% face ao ano passado, sendo sinónimo de “boas notícias para o setor”, admite a consultora. A fatia mais pesada das transações deverá concretizar-se neste último trimestre, caso nenhum dos negócios derrape para o início de 2026. Olhando para os primeiros nove meses do ano, o volume de investimento ascendeu aos 340 milhões de euros, um montante em linha com os 342 milhões de euros registados em igual período homólogo. Até ao final de setembro foram concretizados sete negócios, sendo que três representam mais de 70% do volume total transacionado.A venda do Hotel Cascais Miragem aos espanhóis da Ibervalles e da ARD Investment & Development, a aquisição do Hilton Porto-Gaia pelo consórcio composto pela Extendam Société Anonyme e pela HCI Douro UK Holdings, que integra o grupo Highgate, e a aquisição do Anantara Vilamoura pela Arrow à Minor totalizaram, no seu conjunto, 250 milhões de euros. A hotelaria continua a representar o segundo segmento com maior peso no investimento global do imobiliário comercial com uma expressão de 25% no total das transações, apensas ultrapassado pelo retalho. O capital estrangeiro prossegue na dianteira dos negócios, embora o interesse do investidor doméstico continue a ganhar fôlego. “Regista-se um interesse crescente de family offices espanhóis, bastante evidente no caso do Hotel Cascais Miragem. Já a procura do mercado nacional mantém-se em trajetória crescente, apoiada na forte capitalização da maior parte dos grupos, resultado de anos com um bom crescimento”, explica o diretor de hotéis da CBRE Portugal. Duarte Morais Santos destaca ainda que este ano se tem observado um maior número de owner-operators, tanto portugueses como espanhóis, com vontade e capacidade financeira para investir, “embora ainda não seja visível no volume de investimento, até porque muitas destas operações estão associadas a projetos em desenvolvimento”. “Este crescimento levou a uma redução significativa do endividamento e, consequentemente, uma maior disponibilidade de liquidez. Desta forma, estes grupos estão hoje em posição de crescer sempre que surjam oportunidades”, adianta. Investidores de olho nas ilhas, Comporta e Douro O apetite dos investidores pelo imobiliário turístico do país é voraz, mas a falta de oferta manifesta-se como um dos principais constrangimentos ao negócio principalmente nos destinos tradicionais. A escassez de produto restringe a atividade em Lisboa, no Porto e no Algarve e, por isso mesmo, o interesse de que compra está a redirecionar-se para outras geografias como os Açores, a Comporta e o Douro. “Os destinos tradicionais continuam com muito interesse, mas a Madeira e Açores têm ganhado espaço entre investidores institucionais. Além disso, o Douro, o Alqueva e a Comporta surgem também como destinos de cada vez maior interesse”, nota Duarte Morais Santos.Com o final do ano a espreitar, o responsável da CBRE traça um 2026 otimista. “Não vemos razão para que o próximo ano não venha a ser idêntico às expectativas que temos para 2025. Vários fatores contribuem para o incremento sustentado do investimento no setor, nomeadamente a excelente performance operacional, a crescente institucionalização do segmento, que tem levado à rotação de ativos por parte de fundos internacionais, as alterações geracionais, e, por fim, o pipeline existente, em especial porque muitos investidores pretendem realizar o 'exit' adotando uma estratégia de chave na mão”, prevê. .Investimento norte-americano no imobiliário de luxo em Portugal cresce 82%