Há mais de quatro milhões de animais domésticos em Portugal e uma predisposição crescente para ver o “peludo” da casa como mais um membro da família. Esta tendência despertou o interesse das seguradoras que, observando o potencial do mercado, lançaram vários produtos direcionados para os animais de companhia. Os tutores têm aderido às ofertas, mas há ainda muito espaço para crescer, dizem as seguradoras.A Mapfre tem atualmente mais de 21 mil apólices em vigor e, desde que lançou o seu primeiro seguro para animais de estimação, em 2011, tem registado um aumento em média de 20% ao ano, revela Carla Quinteiro, diretora técnica e de operações da seguradora. A responsável lembra que a Mapfre foi uma das pioneiras no lançamento deste produto no país. Nessa altura, “estudos e análises que fizemos apontavam já para uma alteração na forma como nos relacionávamos com os animais de companhia e o papel que estes começavam a ter no seio das nossas famílias e vidas”, sublinha. Passados mais de dez anos, o mercado apresenta-se ainda “em crescimento e com bastante margem para progressão”, até porque “a maioria dos animais de companhia não está segura”, diz.A Fidelidade desenvolveu uma oferta integrada (com diversas coberturas) no final de 2018, impulsionada “pelo crescente reconhecimento dos animais de companhia como membros da família” e o aumento da “preocupação que os seus tutores têm com a sua saúde, bem-estar e segurança”, conta Bruno Militão Ferreira, diretor de negócio particulares da companhia. Segundo avança, desde 2019, esta atividade apresenta “uma taxa de crescimento anual composta de 68%”. A Fidelidade fechou o último exercício com quase 91 500 apólices, com a produção destes seguros a atingir os 12,2 milhões de euros, um aumento de 36% face a 2023.A Ageas, talvez a primeira seguradora a estrear-se neste mercado em Portugal (2009), atingiu no ano passado um portefólio de 22 mil apólices de animais de estimação, um crescimento de 9,5% face a 2023, com o volume de novas apólices a crescer 110%, revela Nuno Gomes Duarte, diretor de oferta e gestão do produto do grupo. Na sua opinião, “este mercado ainda está pouco desenvolvido em Portugal”. Os seguros “precisam de amadurecer e de uma maior literacia por parte dos tutores”, defende.A Zurich ainda não tem um produto específico para este segmento, mas tem incorporado nas coberturas de assistência de alguns produtos garantias para assegurar cuidados especiais a estes animais, caso ocorra um acidente, explica Paulo Aranha, head of proposition development da companhia. Apesar disso, a seguradora diz que está atenta a este mercado. Como diz o responsável, as despesas de alimentação, cuidados e seguros das famílias com os animais de estimação atingem atualmente volumes de negócios superiores a 500 milhões de euros anuais. Com este potencial, “estamos bastante atentos à sua evolução”.A Generali Tranquilidade foi apostando neste segmento por etapas, mas observando o “interesse crescente que os nossos parceiros mostravam num seguro mais completo para animais domésticos, em maio de 2022, introduzimos o Seguro Cães e Gatos”, adianta fonte oficial. Neste momento, tem cerca de 46 mil animais seguros, com o número a registar um crescimento em média de 30% ao ano, nos últimos três exercícios. Os tutores têm procurado “soluções que minimizem os custos associados a situações imprevistas, como acidentes ou doenças graves e prolongadas”, explica.As seguradoras têm um leque diversificado de opções e, naturalmente, com preços distintos. O foco está nos seguros de responsabilidade civil para indemnizações por danos provocados pelo animal a terceiros, de saúde (com diferentes níveis de cobertura e serviços associados), e no apoio financeiro ao funeral e eutanásia. Carla Quinteiro acredita que as companhias vão desenvolver novos produtos e serviços, impulsionadas pelo crescimento da procura. “A crescente consciencialização dos tutores deverá contribuir para a consolidação e maturidade do setor”, defende.Bruno Militão Ferreira lembra que “o mercado português ainda está numa fase inicial”, quando comparado com outros países europeus, como o Reino Unido, onde a penetração dos seguros para animais atinge cerca de 50%, ou a Suécia, onde chega aos 80%. Como afirma, “o principal desafio é mudar o mindset das pessoas, demonstrando as vantagens e a importância de subscrever um seguro para os seus animais”.