Guardiola enfrenta ano mais desafiador à frente do City
Adrian DENNIS / AFP

Guardiola enfrenta ano mais desafiador à frente do City

Na nona época em Manchester, o catalão tem, mais uma vez, de motivar um grupo de jogadores aparentemente saciados. Enquanto enfrenta desafios jurídicos e financeiros imprevisíveis.
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Na sua frente, delicioso, tem mais uma dose do seu prato favorito. Porém, acaba de devorá-lo uma, duas, três, quatro, cinco, seis vezes e está completamente saciado, satisfeito, pleno. Como fazer para sobrar fome e repetir a dose? Eis o desafio, desportivo, de Pep Guardiola: manter o seu grupo de ricos e titulados jogadores, seis vezes campeões nos últimos sete anos, acabados de conquistar um inédito tetra na Premier League, com apetite para mais. E mais. E mais.
Além disso, o clube que, sob o comando do catalão, além da meia dúzia de campeonatos nacionais, ganhou duas FA Cup, quatro taças da liga, três supertaças, uma Liga dos Campeões, uma supertaça europeia e um Mundial de Clubes, tem pela frente 130 processos em tribunal. Em causa, queixas de irregularidades financeiras que podem resultar em penalizações desportivas, não se sabendo nem quando, nem como serão aplicadas.

Em causa, as associated party transactions, negociações com empresas ou pessoas relacionadas financeiramente com os próprios donos do City, os governantes do emirado árabe de Abu Dhabi. “O caso pode ser um cataclismo no futebol inglês”, disse um conselheiro do clube ao Financial Times sob condição de anonimato.  

“Caso o City perca a batalha jurídica e venha a ser penalizado com, por exemplo, uma descida de divisão”, diz a fonte ao jornal, “a onda de questões legais que suscitará pode ser assustadora”.

Richard Masters, CEO da Premier League, já disse que quer que “o futebol resolva as questões entre si” para evitar “mais asteriscos na classificação”, referindo-se, por exemplo, à punição de 10 e quatro pontos, respetivamente, a Everton e Nottingham Forest no ano passado.    

Acresce à equação que o novo governo inglês, trabalhista, insiste na criação de um regulador para vigiar os clubes da elite inglesa e conciliá-los com as mais rigorosas leis aplicadas por UEFA e FIFA.

Como rosto do clube, é Guardiola quem tem, semana após semana, respondido pelos problemas jurídicos da organização, cujas minúcias lhe escapam. E ele vai repetindo a posição oficial dos seus chefes: declaramo-nos inocentes de todas as queixas.

O treinador, entretanto, vê o clube, por uma vez, tímido no mercado de transferências - aliás, só contratou o brasileiro Savinho, que brilhou no Girona no ano passado e cujo passe pertencia ao Troyes, sendo que ambos os clubes, o espanhol e o francês, pertencem ao grupo City. 

No mais, recebeu o internacional português Cancelo de volta de empréstimo e esteve do lado vendedor de uma das principais transações do ano, a do argentino Julián Álvarez para o Atlético Madrid por 75 milhões de euros.

No total, o City gastou uma suave fatia de 25 milhões de euros do total de mais de 1,2 mil milhões investidos pelo conjunto dos 20 clubes da Premier League, recebeu 116 milhões e teve, por isso, um balanço positivo de 91 milhões.   

Entretanto, como assinala a revista Forbes, “um bom número de comentadores prevê que o Arsenal suceda finalmente ao City, isto é, que Mikel Arteta, o ex-adjunto de Pep, desvie o título do seu mentor”, depois de duas temporadas a lutar até ao fim pela Premier League. 

Mas Guardiola já provou que pode driblar os comentadores, ignorar os rumores da penalização desportiva e ainda encontrar espaço no estômago dos seus atletas para mais títulos, medalhas, taças e glórias. É esperar para ver.

EM NÚMEROS

130

Número de queixas por infringir regras financeiras que assombram Manchester City e que podem resultar em penalizações desportivas   

91

Saldo, em milhões de euros, do mercado de verão dos Cityzens: investiu 25, recebeu 116

1

Número de jogadores contratados: apenas Savinho, que já pertencia ao grupo, por 25 milhões. Cancelo e Yan Couto regressaram de empréstimo

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