"Grande falta de confiança dos proprietários" leva a forte quebra no mercado de arrendamento
O mercado de arrendamento em Portugal continua a dar sinais de retração. No primeiro trimestre deste ano, foram celebrados 23.417 novos contratos, uma quebra de 10,4% face ao mesmo período de 2024, divulgou esta sexta-feira, 27 de junho, o Instituto Nacional de Estatística (INE). Em simultâneo com esta forte quebra do mercado, a renda mediana destes contratos atingiu os 8,22 euros/m2, um aumento homólogo de 10%.
Esta falta de oferta deve-se "à grande falta de confiança dos proprietários" no mercado de arrendamento, defende Luís Menezes Leitão, presidente da Associação Lisbonense de Proprietários (ALP). "Enquanto não forem revistas as leis do arrendamento e extinto o imposto Mortágua [ou Adicional ao IMI, que incide sobre património imobiliário de elevado valor], vamos continuar a ter uma situação de crise", vaticina.
Para Luís Menezes Leitão, "a tributação que incide sobre o imobiliário é excessiva", o que retira interesse em investir. "No quadro legal atual é um risco enorme investir no mercado de arrendamento", diz. E acrescenta: "Nem sequer os bancos financiam os imóveis para arrendar".
Luís Menezes Leitão lembra que o governo já foi alertado para estas questões, mas "decidiu adoptar a política do PS". Para o presidente da ALP, já na anterior legislatura da AD houve "um sinal negativo quando não foi revogado o Mais Habitação" (o programa do governo de António Costa para mitigar a crise de habitação em Portugal). Para este responsável, é necessário rever a lei do arrendamento, porque "enquanto continuar assim a falta de confiança é geral".
Já António Frias Marques, presidente da Associação Nacional de Proprietários, realça que "tem havido um aumento do desemprego e isso tem gerado menos contratos de arrendamento". Mas "haverá também proprietários a reter imóveis", porque há um "grande incumprimento no pagamento das rendas", diz.
Segundo o INE, a renda mediana apresentou um aumento homólogo em 23 dos 24 municípios com mais de 100 mil habitantes do país. Gondomar registou a maior variação homóloga (24,4%). Em Lisboa, a renda mediana atingiu os 16 euros/m2, a mais alta do país, embora a taxa de variação homóloga tenha ficado nos 5,1%, abaixo da nacional (recorde-se que foi de 10%). Braga foi o único município a apresentar um decréscimo no valor da renda, uma quebra de 0,9%, relativamente ao trimestre homólogo.
Na análise às sub-regiões, verifica-se que as rendas mais elevadas foram registadas na Grande Lisboa (13,16 euros/m2), na Madeira (10,44 euros/m2), Península de Setúbal (10,24 euros/m2), Algarve (9,92 euros/m2) e Área Metropolitana do Porto (9,12 euros/m2).