O Governo pretende avançar com a privatização de até 49% do capital da TAP, deixando para um segundo momento - eventualmente longínquo - a venda de uma participação maioritária, uma vez que tanto o Chega como o PS não aceitam que a companhia área passe a ser controlada por privados. É por essa razão que o programa do Governo, que será discutido esta terça e quarta-feira no Parlamento, refere a existência de uma “primeira fase” da privatização da TAP, confirmou o DN junto de fontes ligadas ao processo.De acordo com o programa que será apresentado na Assembleia da República, o Governo pretende “lançar e concluir a primeira fase do processo de reprivatização do capital social da TAP, assegurando a manutenção da sede e centro operacional da TAP em Lisboa de rotas chave / conectividade direta”, numa referência às ligações para o Brasil e outros destinos essenciais.Na prática, isto significa que uma eventual segunda fase da privatização da TAP estará dependente da existência de condições políticas para a sua realização, o que não será facilmente segurável. Não dispondo o Executivo do apoio de uma maioria na Assembleia da República, o processo torna-se mais arriscado para os potenciais investidores. Até porque a anterior tentativa de privatização, com o grupo do empresário David Neeleman, serve de alerta à navegação. Esta privatização foi feita pelo governo de Pedro Passos Coelho sem o apoio do PS e acabou, mais tarde, por ser revertida, com o Estado a recuperar o controlo da empresa. A grande diferença é que, desta vez, os potenciais interessados na TAP são três grandes grupos europeus - a Lufthansa, a IAG (Iberia e British Airways) e a Air France-KLM -, que dispõem de maior poder negocial e influência política do que o grupo de David Neeleman, pelo que qualquer reversão teria contornos mais complexos. Recorde-se que o interesse do consórcio da Air-France na TAP esteve entre os temas que foram discutidos ao mais alto nível, na recente visita a Portugal do presidente francês, Emmanuel Macron. Em todo o caso, a concordância dos dois maiores partidos da Oposição, o Chega e o PS, será fundamental para dar confiança e previsibilidade ao grupo que vier a investir na TAP. O segundo maior partido, o Chega, deverá continuar a opor-se à privatização total da TAP, apurou o DN. Porém, estará aberto a um entendimento que permita a venda de uma participação minoritária a privados, no âmbito de uma parceria que ajude a companhia a ser mais competitiva no plano global.Por sua vez, o PS, que tem agora um novo líder, José Luís Carneiro, deverá manter também a oposição à venda da maior parte do capital a um grupo privado, mas não é certo que mantenha as restantes exigências que chegaram a ser feitas pelo anterior secretário-geral, Pedro Nuno Santos. Tal como o DN noticiou no início do ano, antes da crise política que levou à queda do primeiro governo da AD, o então líder do PS tornou claro que o partido apenas aceitaria uma privatização parcial e num cenário em que o Estado mantivesse um papel ativo na gestão. Esta exigência de um “papel ativo” gerou algumas dúvidas entre os potenciais investidores, apurou o DN.Trabalhadores têm direito a 5% das ações Um aspeto a ter em conta nesta privatização é a percentagem do capital que terá de ser destinada aos trabalhadores. De acordo com a lei das privatizações, os funcionários devem ter a oportunidade de adquirir 5% das ações que venham a ser vendidas a privados. Porém, de acordo com as fontes ouvidas pelo DN, a experiência anterior dificulta o interesse por parte dos trabalhadores, uma vez que a operação harmónio realizada na TAP SGPS - a “ TAP má”, que continuará nas mãos do Estado - levou à diluição das suas participações. 49%Privatização Será a percentagem máxima que será vendida na primeira fase da privatização da TAP. As avaliações existentes apontam para um valor da companhia superior a mil milhões de euros. .Programa do Governo inclui capítulo com 10 prioridades, entre a privatização da TAP e regulação da imigração.TAP. Trabalhadores preveem “risco de pressões operacionais graves” no verão