Google lança novos Pixel 10 com processador 70% mais potente para o Gemini. E aposta em ecossistema próprio

A Google revelou esta quarta-feira, 20 de agosto, oficialmente a nova gama de smartphones Pixel 10, composta pelos modelos Pixel 10, Pixel 10 Pro e Pixel 10 Pro XL — uma linha que apesar de manter um design de hardware muito semelhante à geração anterior, promete ser uma evolução importante na construção de um ecossistema definidor do que é usar um telefone Android em 2025 e nos anos seguintes. A apresentação incluiu também o novo Pixel Watch 4, com integração profunda com o Gemini, sensores de saúde avançados e funcionalidades de segurança como SOS por satélite, e ainda novos fones, no que reforça a aposta da Google num ecossistema próprio.

Entre as novidades nos telefones está o carregamento sem fios Qi2 com ímanes, integrados no corpo dos aparelhos, que abre caminho para uma série de acessórios magnéticos — capas, bases e carregadores — desenhados para transformar a forma como interagimos com o dispositivo (e posiciona os Pixel, a este nível, a par dos concorrentes iPhone).

A nível técnico, o destaque vai para o novo processador Tensor G5 que, segundo a Google, promete até 73% mais desempenho face à geração anterior — uma aposta clara para dar mais músculo ao Gemini, o cérebro de IA que a marca quer tornar indispensável.

Fabricado pela TSMC (as gerações anteriores eram feitas na Samsung Foundry) em processo de 3nm, o Tensor G5 promete maior eficiência energética, melhor desempenho em multitarefa e uma integração mais fluida com funcionalidades de IA. Os modelos Pro e Pro XL trazem ainda um TPU dedicado para IA, desbloqueando experiências como tradução multimodal, edição inteligente de imagem e vídeo, e geração de vídeo a partir de texto com o modelo Veo 3 Fast.

Inteligência Artificial em destaque

Todos os modelos Pixel vêm com Gemini integrado no sistema, o que permite sugestões proativas, tradução em tempo real durante chamadas, edição inteligente de imagens e vídeos, bem como integração com apps como Gmail, Docs e Maps. O Gemini Live permite conversas em tempo real com partilha de ecrã, câmara ou ficheiros, ideal para colaboração remota.

A funcionalidade de tradução durante chamadas inclui suporte a português de Portugal e permite que dois interlocutores falem em línguas diferentes, com o sistema a traduzir automaticamente o que cada um diz — em tempo real e com voz sintetizada. Funciona diretamente na app de chamadas, sem necessidade de instalar aplicações adicionais, e o utilizador pode escolher até dois idiomas ativos. A tradução é feita por voz, não apenas por texto, e acompanha o contexto da conversa para manter o ritmo fluido.

Nos modelos Pro e Pro XL, a subscrição de 1 ano do Google AI Pro desbloqueia funcionalidades avançadas como Veo 3 Fast, IA criativa para escrita e design, e tradução multimodal.

Pixel Watch 4: IA no pulso e ao satélite

A acompanhar os novos Pixel 10, a Google apresentou também o Pixel Watch 4 — um smartwatch que reforça a experiência do ecossistema Pixel, com integração profunda com Gemini.

Com caixa em alumínio aeroespacial, ecrã Actua 360 de 3000nits e dois tamanhos disponíveis (41mm e 45mm), o Pixel Watch 4 promete uma experiência mais imersiva e funcional. Anuncia autonomia até 40 horas, com carregamento 25% mais rápido e muda da versão anterior a forma de carregamento: a base passa a encaixar lateralmente, com o relógio "deitado" em posição de descanso natural, virando o ecrã nessa circunstância 90º para exibir informações em tempo real.

A integração com Gemini permite interações por voz, os haptics (vibração) prometem ser melhorados e a ativação por gesto também: e finalmente, tal como o Apple watch faz, por exemplo, é incluído o reconhecimento do movimento de levantar o relógio até junto aos lábios, dispensando-se assim dizer "Hey, Google" para lançar o assistente. O utilizador pode responder a mensagens, criar lembretes, gerar playlists e obter ajuda contextual — tudo diretamente no pulso. Ou atender chamadas, claro.

Na vertente de saúde e bem-estar, o relógio traz sensores de ECG, SpO₂, temperatura da pele, sono avançado e deteção de stress, com alertas personalizados e insights diários com base em métricas como cardio load e readiness, via Fitbit.

A segurança inclui funcionalidades como ligação a satélite para pedidos de SOS, algo que a Google anuncia como sendo inédito num aparelho do género, bem como deteção de queda e de acidente automóvel, partilha de localização e perda de pulsação.

Tal como acontecia nos modelos anteriores, o Pixel Watch 4 integra-se com o ecossistema Google, permitindo controlar a câmara do Pixel 10, desbloquear o telemóvel, aceder à Google TV e Google Wallet.

De realçar que, tal como foi frisado no pré-briefing internacional à imprensa em que o DN esteve presente, o Pixel Watch 4 foi concebido para ser reparável, permitindo a substituição da bateria ou mesmo de componentes como o sensor, em caso de avaria — um detalhe importante para aumentar a longevidade do aparelho.

O Pixel Watch 4 custa a partir de 449€ e estará disponível em Portugal de 28 de agosto em diante, nas lojas Fnac, Worten e Google Store.

Pixel Buds 2a: som nítido, IA no ouvido

A Google revelou também neste dia os novos Pixel Buds 2a — auriculares sem fios, com integração com o Gemini e design leve e sustentável.

Compatíveis com qualquer dispositivo Bluetooth 4.0+, os Pixel Buds 2a oferecem uma experiência fluida com Android, iOS, tablets e portáteis. Para acesso total às funcionalidades, é necessário ter uma conta Google, ligação à internet e um smartphone Android 6.0 ou superior.

Cada auricular traz o processador Google Tensor A1 e um driver dinâmico de 11mm, com áudio potente, cancelamento ativo de ruído, modo transparência e alívio de pressão intra-auricular.

A integração com o Gemini permite comandos por voz, chamadas nítidas com cobertura de malha antivento e sugestões contextuais. Os sensores embutidos possibilitam controlo por toque, deteção de uso e pausa automática.

A autonomia anunciada chega até 10 horas de escuta com cancelamento desligado, ou até 7 horas com cancelamento ativo — e até 27 horas totais com o estojo de carregamento. Uma carga rápida de 5 minutos oferece até 1 hora de escuta.

Detalhe importante: a caixa dos Pixel Buds 2a foi concebida para ser reparável, permitindo a substituição da bateria, segundo foi frisado no pré-briefing internacional à imprensa e em que o DN também esteve presente. Uma característica pensada para prolongar a vida útil do acessório.

Os Pixel Buds 2a pesam apenas 4,7g cada e são cerca de 100 euros mais baratos do que o preço-tabela dos Buds Pro 2 lançados no ano passado — que continuam a ser comercializados. Em Portugal, estarão disponíveis a partir de 28 de agosto, nas lojas Fnac, Worten e Google Store.

As câmaras: Pro e Pro XL em destaque

Se há algo em que os Pixel da Google sempre se destacaram foi a potência das suas câmaras, ajudadas por inovadores algoritmos de Inteligência Artificial. A linha 10 mantém essa tradição, sendo tecnicamente mais avançados os modelos 10 Pro e Pro XL, que trazem câmara traseira tripla com sensores de 50MP (principal), 48MP (ultra grande angular) e 48MP (teleobjetiva 5x). Depois, a Google promete um zoom digital até 100x e "estabilização cinematográfica" com resultados até agora nunca conseguidos num telefone. Só a experiência dirá se a promessa é cumprida.

É desta forma que a Google demonstra esta capacidade:

A gravação de vídeo chega aos 8K, com modos noturnos e assistência de IA para ângulos e iluminação.

A câmara frontal é de 42MP e inclui autofoco, para que as selfies tenham maior qualidade.

A IA incorporada no chip contribui para captura e edição de imagens, com sugestões de enquadramento, uma nova funcionalidade (o software sugere em tempo real, "olhando" para a imagem, como será melhor colocar-se para tirar a foto), correção automática de expressões e otimização de iluminação em tempo real.

O modelo Pro XL distingue-se do Pro pelo ecrã maior de 6,8″ Super Actua LTPO, com taxa de atualização variável de 1–120Hz, bateria de 5200mAh com carregamento rápido de 45W e Pixelsnap magnético de 25W.

Versatilidade a preço mais acessível

Já o Pixel 10 "simples" traz câmara traseira tripla com sensor principal de 48MP, ultra grande angular de 13MP e teleobjetiva 5x de 10,8MP, com zoom digital até 20x. A câmara frontal de 10,5MP com autofoco garante chamadas e selfies nítidas.

O ecrã Actua OLED de 6,3″ com 120Hz, bateria de 4970mAh e carregamento rápido de 30W prometem uma experiência fluida. O modelo é compatível com Pixelsnap magnético de 15W e tem resistência IP68, construção em alumínio aeroespacial e vidro Gorilla Glass Victus 2.

Todos os modelos prometem 7 anos de atualizações de sistema, segurança e Pixel Drop (atualizações de novas funcionalidades).

Os Pixel 10 são lançados com preços a partir de 899€ para o modelo base, 1199€ para o Pro e 1399€ para o Pro XL. Em Portugal, a pré-venda decorre entre 20 e 27 de agosto, com disponibilidade nas lojas Fnac, Worten e Google Store a partir de 28 de agosto.

Qi2 e acessórios magnéticos

Como referido, todos os modelos Pixel 10 incluem suporte para carregamento sem fios Qi2 com ímanes, que garante fixação mais segura e carregamento sem fios eficiente. Esta tecnologia abre caminho para uma nova geração de acessórios magnéticos desenvolvidos pela Google e parceiros — incluindo capas, bases e carregadores sem fios inovadores.

A este nível, trata-se de algo semelhante ao que a Apple oferece para os seus iPhones, e que até agora só era reproduzível no universo Google através de acessórios de terceiros, como capas. Mas é revelador de como a Google parece querer reinventar o ecossistema Android à sua imagem — com uma proposta integrada, ousada e cada vez mais difícil de ignorar.

A marca promete também maior longevidade e sustentabilidade, com materiais reciclados, baterias substituíveis e 7 anos de atualizações garantidas — embora só a experiência prática permita confirmar se estas promessas se traduzem em durabilidade real.

Nos EUA, a Google ocupa atualmente o 4.º lugar no mercado de smartphones, com 3% de quota e cerca de 800 mil unidades vendidas no segundo trimestre de 2025 — um crescimento de 13% face ao mesmo período de 2024. Embora ainda bem atrás da Apple e Samsung e com a agora chinesa Motorola à sua frente, esta série de lançamentos nesta quarta-feira são reveladoras de uma estratégia para consolidar a sua presença no mercado doméstico.