Bernardo Correia, diretor-geral da Google Portugal.
Bernardo Correia, diretor-geral da Google Portugal.Leonardo Negrão / Global Imagens

Google: IA pode reforçar riqueza nacional em 8% numa década

Adoção generalizada da inteligência artificial em Portugal poderá gerar entre 18 e 22 mil milhões de euros, conclui estudo da Google e da Implement Consulting Group.
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"Uma oportunidade única para Portugal crescer e realizar a ambição de estar entre os países mais inovadores do mundo”. É desta forma que Bernardo Correia perspetiva o impacto que a inteligência artificial (IA) poderá ter a nível nacional. Contudo, o diretor-geral da Google Portugal alerta que “as empresas nacionais precisam de acelerar a adoção, sob pena de perderem competitividade face aos congéneres europeus”.

Em entrevista ao Diário de Notícias, Bernardo Correia antecipou as principais conclusões de um estudo realizado pela Implement Consulting Group (ICG) para a Google, e que será apresentado esta terça-feira em Lisboa, que indica que, numa década, a adoção generalizada da IA em Portugal permitirá gerar entre 18  e 22 mil milhões de euros, o que representará um crescimento de 8% no Produto Interno Bruto de Portugal Continental. Ainda assim, e apesar de o país estar, de acordo com o relatório, bem posicionado, existem lacunas nos principais impulsionadores da adoção da IA. “Portugal corre o risco de sofrer um atraso de cinco anos na adoção e no desenvolvimento da IA generativa, o que reduziria o potencial anual do Produto Interno Bruto (PIB) de 8% para 2%, ou seja, de 18 a 22 mil milhões para três a cinco mil milhões de euros”, revela o responsável pelo escritório nacional.

Para evitar a perda de terreno face a países líderes, na Europa e nos Estados Unidos, o relatório da ICG recomenda um conjunto de ações generalizadas que permitem colocar Portugal no caminho e ritmo certos. No geral, confirma o estudo, o país está relativamente bem posicionado em termos dos drivers básicos de adoção da IA que garantem um ambiente seguro e fiável preparado para esta tecnologia. No entanto, complementa Bernardo Correia, a verdade é que apenas 8% das empresas nacionais adotaram soluções de IA em 2023. Um número ainda baixo que é menor nas pequenas e médias empresas (PME), onde apenas 7% o fizeram durante o ano passado. Nas grandes organizações foram 35% as que implementaram soluções de IA no mesmo período.

Apesar disso, “Portugal tem um desempenho particularmente bom em termos de ambiente operacional, mas pode fazer mais em relação à estratégia governamental e infraestrutura de computação para se aproximar dos pioneiros digitais”, pode ler-se no estudo.

Já entre os setores com maior potencial de impacto pela utilização da IA generativa, o estudo da Google destaca os serviços empresariais (seis mil milhões de euros), comércio, transportes e turismo que, em conjunto, apresentam um potencial económico na ordem dos cinco mil milhões, e o setor público, com uma contribuição de cerca de quatro mil milhões de euros. Bernardo Correia refere ainda a indústria transformadora e a construção, cujo potencial de reforço da produtividade poderá aumentar as receitas em cerca de 2,5 mil milhões de euros.

Atraso nacional alinhado com a UE

Com os Estados Unidos a reivindicar a liderança mundial ao nível da inovação tecnológica, a Europa tem de acelerar o passo para não perder o comboio da competitividade. Entre os 27 Estados-membros da União Europeia (UE), Portugal está tão atrasado nos drivers de inovação da IA a nível mundial quanto os seus congéneres. Segundo o estudo da ICG para a Google, a implementação massiva da IA generativa terá um impacto no PIB europeu idêntico ao potencial nacional (8%), o que equivale até mais 1,4 biliões de euros daqui a dez anos.

Contudo, no que diz respeito ao talento, o país já não se encontra tão alinhado. “O país precisa de focar-se na aprendizagem ao longo da vida e na requalificação, fatores críticos para que a introdução da IA generativa não deixe ninguém para trás”, defende Bernardo Correia. O responsável recorda que a Google procura dar o seu contributo nesta vertente, tendo formado já mais de 135 mil pessoas em Portugal, em competências digitais. “Também trabalhamos com a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) para disponibilizar dois milhões em créditos para investigação em IA e distribuímos dez mil certificados profissionais, em colaboração com a APDC”, acrescenta.

Anunciado hoje será também um fundo de 230 mil euros, disponibilizado pela Google.Org, para formar jovens residentes em Portugal através do Experience AI, um programa educativo criado em parceria com a Google DeepMind, que fornece aos professores a formação e os recursos necessários para educar os jovens entre os 11 e os 14 anos sobre a IA. Até ao final de 2025, mais de dois mil jovens participarão do programa numa parceria entre a TUMO Portugal e a Raspberry Pi Foundation.

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