A combinação de eletricidade e gases renováveis pode gerar poupanças globais de cerca de 2500 milhões de euros, comparada com uma eletrificação completa. Esta abordagem reduz os investimentos necessários e diminui os custos para consumidores e empresas, melhorando a competitividade energética de Portugal..Esta é a principal conclusão apresentada esta quarta-feira pela Floene, maior operadora de redes de distribuição de gás em Portugal, durante a divulgação dos resultados do estudo Gases renováveis e redes de futuro, realizado pela consultora Roland Berger. O estudo aponta que adicionar gases renováveis à rede de gás, especialmente biometano, é a forma mais eficaz e económica de descarbonizar o país, em complemento à energia elétrica..“Para descarbonizar de forma sustentável, devemos usar todas as opções disponíveis, especialmente aquelas com menores custos e que podem ser implementadas mais rapidamente”, conclui o estudo. A descarbonização equilibrada é mais económica, segura e diversificada em termos de fontes de energia..“Portugal possui ativos importantes na capacidade de produzir eletricidade verde através de fontes eólicas, solares e hídricas. Adicionalmente, tem uma infraestrutura de gás moderna e preparada para a distribuição de gases renováveis, tornando-se assim um país capacitado para assegurar uma transição energética eficiente”, destacou Gabriel Sousa, CEO da Floene..Vantagens do biometano.O biometano, um gás renovável com composição semelhante ao gás natural, não exige mudanças nos equipamentos domésticos, permitindo uma economia de 1400 milhões de euros para os consumidores. Por outro lado, a substituição do gás natural por biometano e hidrogénio verde ajudará Portugal a atingir as metas de redução de CO2..A transição para gases 100% renováveis, usando a infraestrutura existente, economiza cerca de 1130 milhões de euros em investimentos. Segundo o estudo, o biometano deverá representar 9% do consumo de gás natural em 2030 e cerca de 60% em 2050..Adaptar as redes de gás para a descarbonização equilibrada custará entre 1120 e 1740 milhões de euros, enquanto a eletrificação completa pode custar até 3200M€. O uso extensivo de hidrogénio custaria entre 1430 e 2020M€. Gabriel Sousa vincou que o hidrogénio ainda não está disponível, ao contrário do biometano, que pode ser usado sem alterar os equipamentos nas habitações..“Atualmente, temos cerca de 70 unidades a produzir biogás que pode ser convertido em biometano. A maior parte do investimento já foi feita, faltando apenas a purificação do gás, que pode custar até 1,5 milhões de euros,” explicou a mesma fonte..Impacto social e ambiental.O biometano é produzido a partir de resíduos agrícolas, urbanos, da indústria alimentar, estrume e lamas de ETAR, promovendo a economia circular e reduzindo as importações. Logo, este gás renovável impulsiona o desenvolvimento regional e cria empregos, melhorando a coesão territorial. O biometano também ajuda na gestão de resíduos e na mitigação da contaminação de solos e águas. “Com o potencial de produção que temos em Portugal, é possível ter um sistema de gás totalmente descarbonizado”, garantiu Gabriel Sousa..O Plano de Ação para o Biometano, aprovado em março deste ano, visa substituir 9% do gás natural por biometano até 2030. A Floene considera esta meta ambiciosa, mas possível, e já recebeu mais de 170 pedidos para injeção de hidrogénio verde e biometano nas suas redes..O estudo sugere um maior apoio ao investimento, incentivo à conversão de unidades de biogás em biometano e partilha de custos entre produtores e operadores de rede..Os responsáveis da empresa admitem que apostar em gases renováveis “alinha Portugal com as metas europeias de descarbonização”, e “fortalece a sua posição como líder em soluções energéticas inovadoras e sustentáveis”.