As exportações de vinhos portugueses para a Rússia quase triplicaram em 2024. No ano em que o setor voltou a crescer e a bater o seu máximo histórico, com vendas ao exterior no valor de 965,8 milhões de euros - mais 4,5% do que em 2023 -, a Rússia posicionou-se com o mercado que mais aumentou, tanto em termos relativos como absolutos. Mostram os números do INE que para este mercado seguiram 15,9 milhões de litros de vinho, no valor de 33,6 milhões de euros. Em termos práticos, nunca Portugal exportou tanto vinho para a Rússia: as vendas em volume cresceram 180% e em valor 187%. O que significa que os russos compraram mais 21,9 milhões de euros em vinhos portugueses do que em 2023, ano em que as exportações já haviam crescido significativamente, mas em que se ficaram pelos 11,7 milhões de euros.A ViniPortugal não sabe explicar a razão deste crescimento extraordinário, assumindo que Portugal possa estar a conquistar quota a mercados como Itália, Espanha, Geórgia e França que, em 2021, lideravam a tabela de importações russas. Desde a invasão da Ucrânia, a Rússia deixou de fornecer estatísticas oficiais, tornando difícil perceber como evoluiu a posição de Portugal neste mercado. Sabe-se apenas que, em 2021, Portugal era o quinto maior fornecedor de vinhos, com uma quota de 4,4%.“De certeza que estamos agora muito acima disso, a avaliar pelo crescimento das nossas exportações”, refere Frederico Falcão, presidente do organismo interprofissional responsável pela promoção internacional dos vinhos portugueses. Do lado do INE, sabemos que, em 2021, Portugal exportou 4,5 milhões de litros no valor de 10,9 milhões de euros. Ocupava, então, a 18.ª posição entre os maiores destinos dos vinhos portugueses. Em 2023 era o 16.º e, em 2024, ascendeu a 11.º. As exportações dos vinhos portugueses cresceram 4,5% em 2024, para 965,8 milhões de euros. O preço médio caiu 3,9%, para 2,78 euros por litro. O Brasil ascendeu à 3.ª posição no top dos maiores importadores, atrás de França e EUA e à frente do Reino Unido.De qualquer forma, o presidente da ViniPortugal considera este crescimento uma boa notícia para os produtores portugueses. “Precisamos de vender os nossos vinhos, não temos problemas de consciência em vender à Rússia, não lhes estamos a dar dinheiro para nada, estamos a ficar com o dinheiro deles. É verdade que há uma guerra, mas o povo russo continua a viver de uma forma relativamente normal, eles precisam disso. Como os próprios ucranianos precisam”, defende Frederico Falcão. As exportações para a Ucrânia cresceram 59% em volume e 40% em valor, num total de 2,5 milhões de litros pagos a 5,7 milhões de euros. Ao contrário da Rússia, cujo preço médio cresceu quase 3%, para 2,11 euros por litro, na Ucrânia baixou quase 12% para 2,35 euros por litro.Sabe-se também que a Rússia decretou já vários aumentos de taxas e impostos sobre a importação de vinhos dos chamados ‘países não amigáveis’, que, em alguns casos, chegaram a duplicar o preço de venda ao público por esta via. Dizem os operadores locais que este aumento das taxas e impostos está a afetar sobretudo os vinhos de gama de entrada (mais baratos). Os beneficiados são os chamados ‘países amigos’, como África do Sul, Chile, Argentina ou Brasil, que está a ganhar muita quota de mercado, refere a ViniPortugal, com Prosecco made in Brasil. E que vinhos compram os consumidores russos? Vinhos brancos e espumantes, a exemplo das tendências mundiais, em detrimento dos tintos. Em Portugal, são os produtores da Região dos Vinhos Verdes que mais estão a exportar para este mercado. .Um brinde ao sucesso do vinho português na América