A maioria dos empresários exportadores instalados em Portugal e inquiridos pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) no passado mês de novembro, sobre como perspetivam a atividade deste ano, ainda mantém a esperança num andamento relativamente bom e positivo dos negócios, esperando um crescimento nominal de 4,6% nas vendas e faturação em 2025, revelou esta terça-feira o INE no inquérito anual sobre Perspetivas de Exportação de Bens (IPEB).Esperança porque este prognóstico aponta para a maior expansão nominal desde 2022, quando a economia estava ainda a recuperar da destruição imposta pelos tempos da pandemia covid, que começara em 2020.Este trabalho de campo do INE, que auscultou mais de três mil empresários e gestores do setor transacionável (exportador de mercadorias), decorreu, justamente, ao longo de novembro do ano passado passado, mês da vitória de Donald Trump nas presidenciais dos Estados Unidos (no dia 5 desse mês), munido do seu programa de ameaças tarifárias e de retaliação comercial em relação a inúmeros países (muitos deles europeus), e em que, ademais, se confirmaram sinais do prolongamento da crise da Alemanha, a maior economia da Europa.Como referido, o INE refere que este inquérito anual, "realizado em novembro de 2024", gerou resultados com base "em perspetivas de crescimento" pelo que "devem ser encarados como tendências condicionadas pela informação disponibilizada pelas empresas no período de resposta"."Assim, as perspetivas das empresas quanto às suas exportações de bens para 2025 poderão também refletir, em elevado grau, a incerteza quanto aos desenvolvimentos do enquadramento internacional", avisa o instituto.Como referido, "as empresas exportadoras nacionais perspetivam um aumento nominal de 4,6% das exportações em 2025, seguindo a trajetória de acréscimo observada nos dados do Comércio Internacional de Bens no período acumulado de janeiro a novembro de 2024, em que as exportações cresceram 3%", observa o INE.Sentimento varia bastante consoante os setoresNo entanto, os exportadores nacionais são muitos e diversos. "Em geral, as empresas revelam expectativas positivas, mas uma análise por setor de atividade mostra que algumas perspetivam crescimento e outras antecipam desafios que deverão limitar a sua atividade exportadora".Segundo o INE, "o maior acréscimo é esperado nas exportações de material de transporte e acessórios (+7,2%)", seguindo-se o segmento dos fornecimentos industriais (+6,9%).Os exportadores de "máquinas" (sem a componente automóvel) antecipam alguma moderação nas vendas, antevendo um aumento de apenas 3,2% da faturação com o exterior.Pior estão as empresas do ramo dos "produtos alimentares e bebidas. Aqui, os empresários ouvidos pelo INE prevêem uma estagnação na atividade internacional: a subida nominal esperada para este ano é de uns meros 0,2%.O INE observa que "o cenário descrito [...] para as exportações de bens em 2025 reflete uma dinâmica complexa, com fatores económicos globais (ajustamentos na estrutura do mercado e nos preços, entre outros) e decisões internas (investimentos em capacidade de produção, alteração de estratégia ou de modelos de negócio) a influenciarem as perspetivas da atividade em 2025, observando-se alguma heterogeneidade em função do setor de atividade".Por isso, "o grau de otimismo ou pessimismo das empresas depende muito das suas estratégias internas e da capacidade de se adaptarem às condições do mercado global", refere o novo estudo.A dinâmica do setor exportador da economia portuguesa é muito importante na medida em que este tem sido apontado como o motor mais desejável para o desenvolvimento e progresso económico, sendo aquele que mais ajuda a reduzir o desequilíbrio externo crónico do País.Além da componente de "bens", há ainda a dos serviços, onde se inclui o potente setor do turismo.Segundo o Banco de Portugal (BdP), no último boletim económico de dezembro, as exportações totais de Portugal (bens e serviços) terão crescido, em termos reais (descontando já a inflação), cerca de 3,9% em 2024, devendo abrandar para 3,2% este ano.Em todo o caso, estão a avançar mais do que o consumo privado (a grande força motriz da atividade) em ambos os anos (3% e 2,7% em 2024 e 2025, respetivamente), o que é visto como um bom sinal pelo BdP e pela maioria dos analistas.Quanto mais antigas as empresas, maior o otimismoMas, claro, com a incerteza crescente e as ameaças constantes e hostis ao comércio global, sobretudo propaladas pelo novo governo Trump, colocam-se "desafios", que é como quem diz, perigos e dúvidas.Segundo o INE, na esperança no crescimento do negócio em 2025 relevada pelos inquiridos "não se verificam diferenças significativas" em função da dimensão das empresas. Em média, todos acreditam que ainda é possível fazer crescer o seu comércio na casa dos 3% ou mais.No entanto, os decisores das empresas mais antigas e instaladas estão claramente mais convictos e esperançosos."Tendo em conta a idade das empresas, verifica-se que apenas as empresas jovens [cinco anos ou menos] antecipam uma ligeira diminuição (-0,4%)" na faturação fora de portas, embora apenas representem 5% do valor exportado previsto para 2025.Já "as empresas adultas e seniores apontam para aumentos de 2,6% e 4%, respetivamente", revela o INE.Os exportadores "adultos" são os que existem há entre cinco e 20 anos. Os exportadores "seniores" são os estabelecidos há mais de duas décadas em Portugal e respondem por quase 80% do valor esperado em vendas este ano, de acordo com o instituto.