Exclusão da Huawei do 5G por questões de segurança? Consultora aponta para custos mil milhões
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Exclusão da Huawei do 5G por questões de segurança? Consultora aponta para custos mil milhões

Estudo aponta para efeitos na economia do país e alerta para potenciais atrasos no desenvolvimento das redes de comunicações.
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A possibilidadade de a empresa chinesa Huawei ficar de fora do desenvolvimento das redes de 5G em Portugal, por questões de segurança e Defesa, pode ter um impacto económico no país na ordem dos mil milhões de euros. A conclusão é de um estudo da consultora EY, divulgado esta segunda-feira e a que o DN tve acesso - LEIA AQUI

Em causa está (ainda) o relatório da Comissão de Avaliação de Segurança, que deliberou, em maio de 2023, que fornecedores de fora da UE, NATO ou OCDE são de "alto risco". Apesar de o documento não mencionar qualquer empresa específica, a Huawei encaixa nas considerações da entidade, que sugere "cortar" o acesso ao desenvolvimento das infraestruturas de comunicações da UE a estas empresas.

No estudo da consultora e encomendado pela Huawei, alerta-se que, a concretizar-se, no caso específico da Huawei, tendo em conta a sua forte presença em Portugal, o impacto económico é de monta. 

"O ecossistema da Huawei em Portugal contribui com 718 milhões de euros por ano para a economia nacional", pode ler-se em comunicado que acompanha o estudo. "O efeito multiplicador do ecossistema Huawei é de 2x na produção nacional e de 7x no emprego", diz a EY.

A este valor, acrescenta-se que "a substituição dos equipamentos Huawei na rede 5G acarretaria um custo total superior a mil milhões de euros para a economia portuguesa, incluindo 339 milhões de euros em investimentos de substituição e 193 milhões de euros em investimentos futuros".

A EY alerta ainda que "a exclusão da Huawei poderia atrasar a implementação completa da rede 5G no país, resultando em perdas de produtividade que podem atingir os 282 milhões de euros e impedindo os cidadãos e empresas de tirarem pleno partido das vantagens da tecnologia 5G."

Dentro da União Europeia, a decisão sobre esta questão tem variado de país para país. Na vizinha Espanha, apesar dos alertas de segurança semelhantes, o governo liderado pelo socialista Pedro Sánchez decidiu não criar qualquer limitação de acesso a empresas como a Huawei.

Em setembro do ano passado, a Huawei Portugal entrou com uma ação administrativa contra a deliberação sobre equipamentos 5G da Comissão de Avaliação de Segurança (CAS), com o objetivo de salvaguardar os seus direitos legais.

A CAS, no âmbito do Conselho Superior de Segurança do Ciberespaço, tinha alertado para a segurança das redes e de serviços 5G do uso de equipamentos de fornecedores que, entre outros critérios, sejam de fora da UE, NATO ou OCDE e que "o ordenamento jurídico do país em que está domiciliado" ou ligado "permita que o Governo exerça controlo, interferência ou pressão sobre as suas atividades a operar em países terceiros".

"As conclusões do estudo técnico e factual que desenvolvemos mostram que o impacto económico das atividades operacionais do ecossistema da Huawei Portugal corresponde aproximadamente a 0,3% do PIB nacional", destaca Hermano Rodrigues, principal da EY-Parthenon e coordenador do estudo, citado na referida mesma nota.

Com Lusa

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