Joaquim Miranda Sarmento, ministro das Finanças.
Joaquim Miranda Sarmento, ministro das Finanças.Foto: Leonardo Negrão

Economistas dão conforto ao Governo nas previsões de crescimento da economia portuguesa

Estudo CIP/ISEG aponta para expansão de 1,8% a 1,9% este ano, próximo dos 2% do governo. Moody's espera "crescimento económico robusto em torno dos 2%" em 2025.
Publicado a
Atualizado a

Vários economistas e gabinetes de estudos dão respaldo à mais recente previsão de crescimento do governo e do Ministério das Finanças para a economia portuguesa, este ano, que aponta para 2%. Estimam valores de 1,8% a 1,9%, incorporando já os dados mais recentes.

O barómetro CIP/ISEG, o gabinete de estudos do BPI, o NECEP da Universidade Católica ou a agência de ratings Moody's juntam-se às principais instituições oficiais que fazem projeções para Portugal, como Comissão Europeia (CE), Fundo Monetário Internacional (FMI) ou Banco de Portugal (BdP), e apontam para uma retoma do Produto Interno Bruto (PIB) de até 1,9%, em termos reais (descontando já a inflação), este ano.

O barómetro da CIP – Confederação Empresarial de Portugal / ISEG – Instituto Superior de Economia e Gestão, divulgado esta segunda-feira, "antecipa a continuação do desempenho positivo do consumo privado no final do ano, bem como o reforço do ritmo de crescimento do investimento público e privado".

No entanto, as previsões "apontam para algum abrandamento face aos resultados do terceiro trimestre", mas, ainda assim, o estudo CIP/ISEG "prevê que a economia portuguesa cresça entre 1,8% e 1,9% em 2025".

"Não será possível crescer a um ritmo razoável sem aumentos significativos da produtividade", assinala o diretor-geral da CIP, Rafael Alves Rocha, em comunicado de imprensa.

Tiago Pereira, economista do BPI Research, considera que a estimativa divulgada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), na sexta-feira passada, relativa ao terceiro trimestre, "acomoda a previsão atual do BPI Research para o crescimento do PIB real para 2025 (1,8%)".

"Os indicadores económicos quantitativos disponíveis para o quarto trimestre são ainda escassos, mas os de sentimento sugerem que os agentes económicos continuam confiantes quanto ao desenvolvimento da atividade nos próximos meses".

O mesmo analista releva "o resultado da melhoria do sentimento na indústria transformadora, com boas perspetivas para a produção nos próximos três meses e no comércio".

No sector da construção, "a melhoria foi marginal e nos serviços deteriorou-se, refletindo perspetivas menos positivas para a procura nos próximos três meses".

Já nos consumidores, "a confiança deteriorou-se em novembro, refletindo maior incerteza quanto à situação económica do país e capacidade de realizar compras importantes nos próximos 12 meses".

No entanto, "as perspetivas para 2026 são razoavelmente otimistas, antecipando-se que a economia cresça em torno de 2%".

Os fatores que impulsionam a aceleração no próximo ano "são o investimento, que será impulsionado pela provável aceleração dos fundos europeus [onde está o PRR - Plano de Recuperação e Resiliência], que entram no seu último ano e pela permanência de custos de financiamentos reduzidos face aos observados nos últimos anos", o consumo privado (das famílias) e "a política orçamental expansionista inscrita no Orçamento do Estado para 2026", que será também "um fator de suporte da procura interna", diz o BPI.

A agência de ratings Moody's, que há duas semanas manteve a nota do crédito soberano de Portugal num nível bom (A3) e com perspetiva estável, continua a acreditar que a economia vai conseguir aguentar-se num ritmo de expansão de 2% em termos reais.

"A nossa perspetiva estável reflete a avaliação de que os riscos para o perfil de crédito de Portugal, num nível do rating A3, estão equilibrados. Embora a incerteza política tenha aumentado nos últimos anos, com eleições antecipadas repetidas e fragmentação parlamentar, tornando a formulação de políticas mais complexa, esperamos que estas mudanças internas não alterem significativamente a nossa perspetiva de crescimento económico robusto em torno dos 2% e de uma nova redução do nível de dívida pública", diz a equipa da Moody's que segue a República Portuguesa.

O centro de estudos NECEP, da Universidade Católica Portuguesa, refere que "o ponto central da estimativa de crescimento da economia em 2025 foi revisto em ligeira alta (0,1 pontos percentuais) para 1,8%, na sequência do crescimento robusto verificado no segundo trimestre, bem como da estimativa ora avançada para o terceiro trimestre". "Para 2026 e 2027, mantiveram-se as anteriores previsões de 2% e 2,2%, respetivamente."

Para o final de 2025, o estudo da CIP e do ISEG agora divulgado acrescenta que "prevê a continuação de um desempenho positivo do consumo privado, bem como o reforço do ritmo de crescimento do investimento público e privado", mas adverte que "na vertente externa subsistem os riscos mais relevantes para a economia", que "a moderar as expectativas para o quarto trimestre está, também, a deterioração das apreciações das empresas da indústria transformadora e do setor dos serviços".

O Banco de Portugal estima (boletim económico de outubro) que a economia portuguesa cresça 1,9% este ano. O FMI (outubro), idem. A Comissão Europeia (previsões de novembro) prevê 1,9%.

Joaquim Miranda Sarmento, ministro das Finanças.
Execução orçamental dá cada vez mais força à previsão de excedente do governo para 2025

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt