Consumo de vinho está no nível mais baixo desde 1961
O consumo global de vinho voltará a cair em 2024, para o seu nível mais baixo desde 1961, segundo uma estimativa da Organização Internacional do Vinho (OIV) apresentada na terça-feira, que dá conta das incertezas para o setor.
De acordo com o relatório do organismo, as compras de vinho diminuíram 3,3% em relação a 2023, para 214,2 milhões de hectolitros (mhl). A confirmar-se esta estimativa, será o volume mais baixo registado desde 1961, quando o consumo se situou nos 213,6 mhl.
Na Europa, que representa 48% das vendas, o consumo caiu 2,8% em 2024, segundo avança a AFP, que dá conta que Portugal e Espanha estão entre os poucos mercados europeus onde o consumo cresceu, ainda que modestamente. Na França o consumo tem vindo a diminuir gradualmente há décadas e caiu mais 3,6% no ano passado e nos EUA caiu 5,8%, para 33,3 mhl.
A organização atribuiu o declínio no consumo a vários fatores, como mudanças nos gostos dos consumidores, aumentos gerais dos preços e aumento da inflação. É "a tempestade perfeita", diz Giorgio Delgrosso, chefe da divisão de estatísticas da OIV, nascida há 101 anos.
Além disso, a produção mundial de vinho em 2024 está estimada em 225,8 milhões de hectolitros, o valor mais baixo em mais de 60 anos, uma queda de 4,8% em relação a 2023. Uma consequência, em grande parte, de eventos climáticos extremos e imprevisíveis causados pelas alterações climáticas. A Europa (61% do total) tem a colheita mais baixa deste século. A Itália recupera a sua posição de maior produtor mundial, com 44 milhões de hectolitros. A produção francesa caiu (-23%) para o seu nível mais baixo desde 1957, mas manteve-se em 2.º lugar, com 36,1 mhl.
Apesar dos contínuos declínios tanto na produção como no consumo, segundo a Organização Internacional do Vinho, prevê-se que o equilíbrio entre a produção e a procura se mantenha em 2024, uma vez que é pouco provável que a produção exceda a procura.
Os volumes de exportação mantiveram-se estáveis em 99,8 milhões de hectolitros (mhl). A inflação e a baixa oferta continuam a manter os preços elevados em comparação com os anos pré-pandémicos (quase 30% acima).