O consumo mundial de calçado deverá crescer 8,4% em 2025, com especial destaque para a Oceânia (+ 25%), África (+13,3%), Ásia (+9,2%) e América do Norte (+8,3%). Mais modestos são os crescimentos estimados para a América do Sul e para a Europa, com previsões de um aumento de consumo de 3,2% e de 0,5%, respetivamente. Estes são dados do inquérito de conjuntura internacional realizado semestralmente pela Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS), e que mostram que a confiança dos empresários está em alta, apesar das preocupações com o aumento do custo das matérias-primas e outros materiais.Recorrendo aos dados mais recentes das estatísticas do comércio internacional referentes ao terceiro trimestre de 2024, o World Footwear Business Conditions Survey aponta para “resultados mistos, com sinais positivos, ainda que moderados, de crescimento em alguns mercados-chave. E especifica que as importações de calçado aumentaram em cinco dos dez maiores importadores mundiais, designadamente em Espanha (5,9%), Bélgica (3,8%), Estados Unidos (2,8%), Países Baixos (2,3%) e China (0,4%). Mas há países, importantes para a indústria portuguesa, por exemplo, que estão em sentido contrário, com descidas que variaram entre os 3,2% das importações em França e os 13,1% de Itália.“Estes são dados que vêm em linha com inquéritos anteriores e que nos deixam um sentimento agridoce. Previsivelmente, o consumo de calçado vai aumentar, de forma expressiva, em 2025, mas a verdade é que vai crescer fundamentalmente em dois blocos económicos, que é na Ásia e na América. Ora, tradicionalmente, o nosso mercado de referência é o europeu, o qual se perspetiva que continue a ter um desempenho modesto em 2025”, refere o porta-voz da APICCAPS..Há países importantes para a indústria portuguesa, como França e Itália, cujas importações de calçado caíram 3,2% e 13,1%, respetivamente, no terceiro trimestre de 2024.. Paulo Gonçalves admite que o cenário macroeconómico “não está particularmente favorável para a fileira da moda”, e aponta para a perda de 9,2% nas exportações e de 9,7% no volume de negócios da indústria italiana do calçado nos primeiros nove meses do ano como exemplo das dificuldades vividas. “Não deixa de ser um sinal preocupante quando aquele que é o principal player do setor na Europa, e um dos principais a nível mundial, revela quebras muito próximas dos dois dígitos”, frisa.A estratégia da indústria nacional é “fazer o trabalho, reforçar as ações promocionais no exterior e concluir os projetos de PRR”, naquele que constitui o maior ciclo de investimento de sempre da fileira, de modo a assegurar que tenhamos mais capacidade que os nossos principais concorrentes, quando os mercados internacionais chegarem a terreno positivo”.No entanto, e “apesar destas condições desiguais”, as perspetivas globais “continuam positivas”, refere o estudo. É que a maior dos inquiridos prevê um crescimento tanto dos volumes, como dos preços de venda de calçado, considerando que a saúde empresarial “deverá manter-se robusta”.Já o emprego, a crer nos resultados do inquérito, deverá estabilizar, “refletindo a confiança na resiliência” do setor.Destaque para os 68% de inquiridos que acreditam numa melhoria da saúde dos seus negócios nos próximos seis meses, dos quais 47% preveem uma performance “forte” e 21% que apontam para um desenvolvimento “muito forte” das suas empresas.No emprego, 51% dos inquiridos apontam para uma estabilização no número de funcionários, mas há 40% que acreditam num crescimento. Curiosamente, indica o estudo, são os industriais, e em especial os europeus, que se mostram mais positivos no crescimento do emprego.Quanto aos preços, 36% dos inquiridos acreditam que haverá um aumento moderado, de 1,5 a 5%, a que se somam 24,3% que apontam para um crescimento “forte”, de 5 a 20%. E há ainda 17% que apontam para um aumento do preço do calçado acima dos 20%.