Os trabalhadores da Volkswagen/Autoeuropa chumbaram esta quarta-feira o segundo pré-acordo laboral, que previa aumentos salariais em 2024, 2025 e 2026. Após um referendo de dois dias, no qual estavam inscritos 4888 trabalhadores, 57,7% votou “não” ao pré-acordo e 41,8% votou “sim”. A abstenção foi de 19,6%, verificando-se 0,2% de votos nulos e 0,3% de votos em branco..“A comissão de trabalhadores após estes resultados vai exigir à empresa o regresso à mesa de negociações”, lê-se no comunicado da estrutura representativa dos trabalhadores, liderada por Rogério Nogueira..O DN/Dinheiro Vivo contactou a comissão de trabalhadores para mais esclarecimentos, mas não obteve resposta até ao fecho da edição. Não obstante, perante o resultado deste referendo, há dois cenários possíveis: ou a administração da empresa aceita novas negociações ou aplica uma medida administrativa - o que já aconteceu em anos anteriores - sem haver concertação com os trabalhadores..Desde o final de janeiro que a comissão de trabalhadores tem negociado com a administração novas condições de trabalho. No início de março foi apresentado um primeiro pré-acordo laboral, mas, após dois plenários, os trabalhadores rejeitaram os termos apresentados. A comissão de trabalhadores e administração voltaram, então, àsconversações e surgiu um segundo entendimento para um pré-acordo laboral válido por três anos - que acabou por ser chumbado esta quarta-feira..Em causa estava um entendimento que garantia um aumento salarial de 6,8%, em 2024, e de 2,6%, ou 0,6% acima da inflação, em 2025 e 2026. A valorização percentual visava salários base, subsídios de turno e trabalho ao fim de semana..O pré-acordo referendado assegurava também um prémio de objetivos anual, em média, acima dos 2500 euros a cada trabalhador, e um prémio único, a atribuir em 2025, que deveria ser equivalente a um mês de salário, pelo lançamento do novo modelo hibrido T-Roc (a produzir no próximo ano, nas instalações de Palmela, Setúbal)..Num comunicado de 1 de abril, a comissão de trabalhadores da fábrica da Volkswagen explicava que “os aumentos salariais atingidos só foram possíveis a um acordo a três anos”, sendo o principal a objetivo a paz social na empresa. “Com os aumentos salariais sempre acima da inflação garante-se assim que em todos os anos do acordo os trabalhadores ganhem sempre poder de compra, independentemente de a inflação subir ou descer”, sublinhava a comissão de trabalhadores..A estrutura liderada por Rogério Nogueira referia, ainda, que este pré-acordo surgiu das negociações com a administração da empresa, após os plenários de trabalhadores, com o objetivo de “obrigar a empresa a ir mais longe nas negociações e assim conseguir um melhor resultado”. “Com a instabilidade mundial a que todos assistimos, qualquer fator externo ou interno pode ser condicionador para uma futura negociação Se algo acontecer nesse sentido, este acordo a três anos, salvaguarda os trabalhadores da Autoeuropa, os seus rendimentos e o seu poder de compra”, frisava ainda o referido comunicado..Este acordo previa “um dos aumentos salariais mais altos na história da Volkswagen/Autoeuropa”, de acordo com uma comunicação interna aos trabalhadores, assinada pelo diretor-geral, Thomas Hegel Gunther, no final de março. .A Volkswagen/Autoeuropa produziu um total de 220 100 T-Roc, único modelo em produção na fábrica de Palmela, em 2024..jose.rodrigues@dinheirovivo.pt