Com moderação de Filipe Alves, diretor do Diário de Notícias e do Dinheiro Vivo, participaram João Pedro Oliveira e Costa, CEO do BPI, Licínio Pina, Presidente do Crédito Agrícola, Miguel Maya, CEO do Millennium BCP, Paulo Macedo, Presidente da Caixa Geral de Depósitos e Pedro Leitão,  CEO do Banco Montepio.

“Com três eleições em três anos, está na hora de começar a trabalhar seriamente”

Banqueiros nacionais pedem menos burocracia, melhor e mais rápida qualificação e um ambiente favorável à prosperidade
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“Mais do que uma avaliação dos riscos geopolíticos as pessoas precisam de ver os problemas resolvidos. Com três eleições em três anos, está na hora de começar a trabalhar”, defendeu João Pedro Oliveira e Costa, CEO do BPI, na conferência anual do Diário de Notícias e do Dinheiro Vivo sobre a banca e o setor financeiro – Money Conference 2025, que decorreu esta segunda-feira, 26 de maio, em Lisboa. 

Para o banqueiro, está na hora de ir “atrás dos anseios dos cidadãos, que querem uma vida melhor, com mais rendimento disponível, aliviando esta carga fiscal indesejada”. Com uma carga fiscal “ sufocante”, Oliveira e Costa defende a que “as três forças que representam 90 por cento do parlamento devem começar a trabalhar seriamente nos assuntos que nos preocupam”. À cabeça da lista, a burocracia. E deu um exemplo: “para construir casa são necessários 7 anos de licenças”.   

A debate, no encerramento da Conferência, o Estado da Nação na Banca. Com moderação de Filipe Alves, diretor do Diário de Notícias e do Dinheiro Vivo, participaram João Pedro Oliveira e Costa, CEO do BPI, Licínio Pina, Presidente do Crédito Agrícola, Miguel Maya, CEO do Millennium BCP, Paulo Macedo, Presidente da Caixa Geral de Depósitos e Pedro Leitão,  CEO do Banco Montepio.    

Licínio Pina, do Crédito Agrícola defende igualmente a necessidade de passar à ação efetiva. “O povo quer soluções na saúde, emigração, segurança, sistema bancário adequado”, referindo as “exigências regulatórias cada vez mais fustigantes”. E continuou: “A classe política devia tirar lições e aprender com os resultados eleitorais porque durante a campanha falou-se de tudo menos do que as pessoas precisam”

Miguel Maya, CEO do Banco Millennium BCP estabelece o ponto de partida:A importância de gerar mais prosperidade. E a prosperidade gera-se através do tecido empresarial. É preciso ter uma economia mais pujante, e isso não se faz escrevendo um papel – exige a revisão do contrato social e a criação de uma rede forte de apoio a partir da produtividade das empresas. Há um conjunto de temas, começando pela produtividade que não têm tido tratamento”, diz o banqueiro. 

Para Maya, que a habitação ia ser um problema só não viu quem não quis. “É preciso antecipar e planear, pensar a longo prazo, definir o que tem de ser feito e depois prestar contas. A sociedade tem de ser exigente com os partidos políticos”.  

Paulo Macedo, presidente da CGD, defende a urgência em olhar atentamente para o escalão dos 35 aos 65 anos, o intervalo etário onde se encontram os mais desfavorecidos. “Chamar as pessoas às escolas, criar graus académicos com um ano. Dar passos no sentido da valorização destas pessoas”.  lembrando “um momento de um ataque sem precedentes a instituições, sejam as universidades, tribunais, tratados, alianças”, Macedo defende o reforço das instituições nacionais e forte investimento em governance. "É preciso  valorizar os empreendedores”.  

Pedro Leitão, CEO do Banco Montepio, reforça a necessidade de “os três líderes, representativos de mais de 80 por cento das pessoas que foram votar, se ponham de acordo”. Para fazer face às adversidades certas: além da habitação, a fiscalidade e a burocracia, denunciando “o quadro complexo de red tape  que pomos em cima dos empresários”, a pirâmide demográfica portuguesa, uma das mais envelhecidas  do Mundo “ é outra bomba relógio”.  

Com moderação de Filipe Alves, diretor do Diário de Notícias e do Dinheiro Vivo, participaram João Pedro Oliveira e Costa, CEO do BPI, Licínio Pina, Presidente do Crédito Agrícola, Miguel Maya, CEO do Millennium BCP, Paulo Macedo, Presidente da Caixa Geral de Depósitos e Pedro Leitão,  CEO do Banco Montepio.
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Com moderação de Filipe Alves, diretor do Diário de Notícias e do Dinheiro Vivo, participaram João Pedro Oliveira e Costa, CEO do BPI, Licínio Pina, Presidente do Crédito Agrícola, Miguel Maya, CEO do Millennium BCP, Paulo Macedo, Presidente da Caixa Geral de Depósitos e Pedro Leitão,  CEO do Banco Montepio.
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Regresso a 2011 e à resolução do BES

Entretanto, e a meio do painel, Miguel Maya e João Pedro Oliveira e Costa animaram-se com a conversa sobre o Novobanco e um eventual reforço da presença espanhola no sistema financeiro português, um cenário que tem sido alvitrado enquanto se aproxima a data prevista do IPO à instituição que nasceu da resolução do BES.

“Nunca me esqueço dos tempos da troika e da assistência financeira. Era preciso dar apoio ao Estado português e os bancos que apoiaram chamam-se Caixa, BCP e na altura BES. Os outros [BPI e Santander] mantinham a posição, mas tinham obviamente um enquadramento que era definido lá fora”, atirou o presidente-executivo do BCP, Miguel Maya, em jeito de provocação. João Pedro Oliveira e Costa, CEO do BPI, banco detido pelo espanhol CaixaBank, não se deixou ficar : "Aos acionistas desses bancos correu-lhes muito mal”.

“E ainda passámos a vergonha de assistir a uma Comissão Parlamentar de Inquérito onde há uma data de gente que não se lembra de nada”, recordou, em clara alusão às dezenas de audições à resolução do BES. De entre elas, a audição de Zeinal Bava tornou-se particularmente mediática pela resposta repetida até à exaustão: "Não guardo de memória". Foi a frase mais ouvida durante as seis horas em que esteve perante os deputados.

“Este foi o cenário por que nós passamos e do que acho que nos livrámos. Voltar a ele é altamente negativo”, atirou ainda o CEO do BPI, aproveitando para recordar que quando o Barclays e o Deutsche Bank decidiram sair de Portugal, foram o Bankinter e o Abanca (ambos espanhóis), que ficaram com a sua operação. “Não há capital nacional privado para ter um papel importante na banca portuguesa”, sublinhou.

Sobre a possibilidade de haver interesse espanhol em bancos nacionais, Miguel Maya aplaudiu, até, a presença de instituições do outro país ibérico por cá. “É ótimo ter bancos de matriz espanhola a operarem em Portugal e têm contribuído muitíssimo para o desenvolvimento da economia portuguesa”, mas, não sendo radical, avisou, "é bom haver diversidade, mas é muito bom ter banca nacional”.

O CEO do BPI fez questão de responder de forma assertiva, longa e estruturada - a instituição tem sido pressionada publicamente para falar sobre uma eventual compra do Novobanco por parte do CaixaBank - terminando com um: “É importante recordar tudo e não apenas parte”.

*Notícia atualizada às 17h55

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