Que leitura faz das recentes declarações do ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, que disse ser necessário “reduzir a importância do turismo” na economia nacional que representa, atualmente, 20% do PIB do país?.O turismo tem o peso que tem em função daquela que tem sido a sua trajetória de crescimento e que se tem vindo a acentuar ao longo dos últimos tempos. O nosso papel como setor, que é um motor da economia nacional, é fazer com que a economia seja cada vez maior e melhor. O turismo tem também a responsabilidade de fazer crescer a economia de forma cada vez mais inteligente..Discorda desta ideia de que o turismo tem um peso excessivo na economia? .Não vou comentar as declarações do sr. ministro das Finanças, como é evidente. O turismo tem esta responsabilidade, até porque tem um efeito alavancador de todos os restantes setores de atividade, de fazer com que a economia seja cada vez maior..No seguimento destas declarações, o ministro das Finanças referiu ainda que “a única maneira de o país crescer de forma a aumentar os rendimentos das pessoas” é através da “inovação, dos serviços e alta tecnologia”. O turismo consegue assumir parte deste papel? .O turismo vai cumprir este papel. Ao longo dos últimos anos, o ritmo de crescimento do turismo tem sido bastante acentuado. Isso tem sido feito à custa do esforço de investimento de todos os agentes do setor, em particular das empresas que têm sido capazes de criar novos produtos e de estruturar uma oferta turística capaz de atrair novos mercados e segmentos permitindo que Portugal se posicione hoje no 12.º lugar no ranking da competitividade do turismo do Fórum Económico Mundial..É um exemplo para a economia do país?. O turismo é, claramente, um exemplo para a economia do país e fará o que for possível para ajudar os outros setores a crescer. É exemplo quando associamos o turismo ao vinho, à indústria, à agricultura ou ao mobiliário. O turismo tem incrementado a dimensão e a notoriedade de Portugal internacionalmente, o que beneficia não só o turismo mas todos os outros setores de atividade..Não é o turismo que pesa demasiado na economia, são as restantes atividades que não têm conseguido acompanhar este crescimento?.Temos de nos focar no crescimento da economia globalmente. O turismo tem tido a sua trajetória de crescimento, tem tido um papel importante no desenvolvimento da economia nacional e temos de acelerar isso..2024 foi o melhor ano de sempre para o setor que deverá arrecadar um recorde de 27 mil milhões de euros em receitas. Ainda assim, de acordo com os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística, os salários dos trabalhadores do alojamento e da restauração estão ainda 30% abaixo da média nacional. Para onde está a ir este dinheiro?.Estes 27 mil milhões de euros, antes de mais, são receitas de Portugal não são receitas do turismo. Quando os turistas entram no país gastam o seu dinheiro não só no alojamento e na restauração, mas também no comércio, na distribuição, nos transportes e num conjunto alargado de outras atividades. É um poder de compra adicional que se soma ao poder de compra nacional. Todos os setores de atividade beneficiam destes 27 mil milhões de euros. Tanto as empresas do turismo como as outras têm a possibilidade de aceder a um mercado que, de outra forma, não seria possível, adicionando margens aos seus negócios. As empresas, para crescer, têm de investir para continuarem a ser competitivas ao nível do mercado internacional..E os salários dos trabalhadores são um investimento?.Naturalmente que são um investimento. Os salários dos trabalhadores são sempre um investimento porque a nossa preocupação é a de formar, de qualificar e também de valorizar o seu trabalho, quer através da componente remuneratória, quer da melhoria das suas condições de trabalho. O ritmo de crescimento das remunerações ao nível do turismo tem sido o dobro do ritmo de crescimento médio das remunerações na economia nacional..Também porque partem de uma base inferior. A remuneração bruta total por trabalhador no país é de 1528 euros, enquanto que no alojamento e na restauração é de 1067 euros.O ritmo e o caminho que está a ser feito é o correto, é o caminho de crescer mais do que a média. É importante também dar nota de que a média abrange um conjunto de vários setores e há setores nos quais as remunerações são inferiores às do turismo. A análise não pode ser feita em bruto, temos de entrar um bocadinho mais a fundo para perceber as diferenças. Ainda assim, a valorização dos profissionais através da melhoria das condições de trabalho está a ser feita e é algo que tem de ser acelerado. .De que forma? Criando condições para que as empresas tenham níveis de produtividade cada vez maiores. Criando condições para que as empresas possam ter capacidade para investir e inovar, formar e qualificar os trabalhadores. Criando condições para que possam incorporar tecnologias, nomeadamente através da dimensão da inteligência artificial, e se possam tornar cada vez mais produtivas. Se esse caminho for feito, estão criadas as condições para que as empresas do turismo continuem a fazer aquilo que estão a fazer e incrementar cada vez mais a valorização dos salários. .Um estudo do laboratório CoLabor indica que a incidência da retribuição mínima garantida é de cerca de 40% no setor do turismo, nomeadamente em atividades como o alojamento, a restauração e similares. O turismo está condenado a sobreviver por via da mão de obra estrangeira considerando estes salários?Temos de ter a noção de que há perto de 500 mil pessoas a trabalhar no setor do turismo, temos uma variedade grande de profissionais. A questão dos salários baixos tem de ser vista em comparação, há setores de atividade económica com salários mais baixos. . Mas também não têm as receitas que o turismo tem. A questão das receitas tem também a ver com a capacidade de as transformar em valor. É um desafio das empresas do turismo e de todas as outras..A imigração tem um papel preponderante? A imigração é particularmente importante para o setor do turismo, como é importante para outros setores de atividade. O crescimento do turismo fez aumentar a necessidade de mão de obra. Se falarmos apenas do alojamento e da restauração, já ultrapassamos o número de recursos humanos comparando com 2019 e essas atividades continuam a ter a capacidade para captar mais. Vamos continuar a integrar estes imigrantes dentro da força laboral do setor e para esse efeito acabámos de lançar o programa Integrar para o Turismo. .Esse protocolo que o Turismo de Portugal assinou com a Agência para Integração, Migrações e Asilo (AIMA) e com a Confederação do Turismo de Portugal (CTP) define uma bolsa de formação para mil imigrantes. É suficiente? É um bom início. Não significa que não possamos, ao longo de 2025, aumentar a capacidade caso seja necessário. Se for um sucesso, como nós prevemos que seja, provavelmente iremos lançar uma nova edição em 2026 porque estamos conscientes de que este projeto inicial de formação de mil migrantes, de facto, não é suficiente para colmatar as necessidades do setor do turismo..Há uma perceção do número real de trabalhadores em falta? Desde a pandemia que o setor foi perdendo alguns trabalhadores, na altura falava-se entre 40 mil a 50 mil. Entretanto com a chegada de alguma imigração foram sendo preenchidas essas vagas. Não temos esse número exato, mas é rara a vez em que falamos com uma empresa que não nos diga que precisa de mais recursos humanos. Sabemos que são, seguramente, mais do que os mil que constituem este programa. .O Governo está a negociar um protocolo com as várias confederações patronais para criar uma via rápida para trazer os migrantes para o país. Uma das exigências é que as empresas assegurem habitação. As empresas do setor do turismo têm estas condições? As empresas do setor do turismo já têm vindo a assegurar alojamento para os seus trabalhadores. Há inúmeros casos de empresas que, percebendo que a dimensão da habitação era um fator crítico para a captação de trabalhadores, já o estavam a fazer. O caminho a prosseguir será o de continuar a fazer isso, assegurando condições para que o trabalhador possa vir para a empresa com condições de alojamento. .Há alguma estratégia em vista dirigida também à captação e retenção de jovens que acabam, muitas vezes, por abandonar o país depois de terminarem os estudos nas escolas de turismo? Essa estratégia já existe. Nós fazemos a qualificação dos recursos humanos nas nossas 12 escolas de hotelaria e turismo. Temos bolsas de empregabilidade e vamos dando conta das propostas de valor que o setor de turismo tem. Por outro lado, temos também trabalhado em gerar interesse pelo turismo. É exemplo o programa GERAt, que é dinamizado junto das escolas secundárias para suscitar o interesse sobre o setor, promovendo a integração do turismo enquanto uma matéria do currículo de cada curso. Estamos ainda a trabalhar no crescimento do setor para que as empresas sejam cada vez mais competitivas e produtivas e possam ter melhores condições de trabalho, nomeadamente do ponto de vista salarial. É uma das dimensões centrais da nossa Estratégica Turismo 2035, que está agora a ser desenhada. .Refere várias vezes que o turismo é bom enquanto for bom para as pessoas. Uma iniciativa como o pedido de um referendo sobre o alojamento local, aprovado na Assembleia Municipal de Lisboa e, entretanto, chumbado pelo Tribunal Constitucional, pode ser vista como um grito de alerta e uma forma de os residentes dizerem que o crescimento da atividade já não é sustentável? Não creio que as pessoas estejam cansadas do turismo. Temos de ter cada vez mais atenção à gestão das nossas cidades e territórios com uma gestão mais inteligente dos recursos. Isso significa ter mais atenção aos fluxos, às dimensões onde pode haver pressão encontrando soluções para que esta pressão deixe de existir. O turismo é uma atividade económica e instrumental relativamente a um fim último que é melhorar a vida das pessoas. Temos de conseguir que o turismo seja cada vez melhor naquilo que faz pelas pessoas. Quando dizemos que o turismo atrai para Portugal, por ano, cerca de 27 mil milhões de euros de receitas, isso significa quase um PRR. Quando referimos a capacidade de internacionalização do turismo, estamos a falar de perto de 20% das exportações do país e de quase 500 mil pessoas que trabalham no setor. Impacta praticamente todas as atividades económicas. Temos uma série de dificuldades, é verdade, mas, por vezes, existe um desalinhamento entre a perceção relativamente ao turismo face à dimensão do valor que entrega às comunidades e a perceção das próprias comunidades sobre o turismo. E é essa perceção que temos de trabalhar, clarificando e esclarecendo..Os problemas apontados pelas pessoas são uma perceção?Temos de perceber onde é que existem dificuldades e tomar as melhores decisões de gestão das próprias cidades. A Lisboa hoje não tem paralelo com a Lisboa que existia há 20 anos. Lisboa evoluiu e tem hoje a capacidade de receber turistas que não tinha. Expandiu-se quer para o lado de Alcântara, de Santos, quer para o lado do Oriente. Teve a capacidade, e pelas infraestruturas que conseguiu construir, de absorver mais turistas. O mesmo aconteceu com o Porto. .As questões da habitação, da gentrificação e do aumento dos preços de vários serviços têm sido imputadas, também, ao turismo. Reconhece estes constrangimentos? São temas que têm de ser esclarecidos. Lisboa perdeu população, sobretudo até 2004. Há um período a partir de 1991, em que o número de habitantes de Lisboa caiu de 800 mil para 500 mil habitantes, antes do crescimento do turismo. Houve muitas pessoas que pelo facto da cidade estar desqualificada decidiram sair. Esta dimensão da gentrificação das cidades é um fenómeno que não resulta do turismo, mas de uma situação que vem de trás e da falta de investimento. Imputar a responsabilidade da gentrificação das cidades ao turismo não é totalmente correto. O turismo está a fazer aquilo que Portugal pediu: criar valor e ser mais competitivo. Temos feito um grande esforço no sentido de diversificar as regiões de visita dos turistas, incrementando investimentos ao longo de todo o território, contribuindo para que os turistas que venham a Portugal e que estejam em Lisboa e no Porto possam também ir a outros sítios. E isso significa qualificar o território, construir determinado tipo de infraestruturas que, de outra forma, não existiriam e criar melhores condições para que as pessoas que estão lá possam viver melhor..Tem defendido que o sucesso do setor do turismo não é medido pelo número de turistas, mas pela dimensão do impacto positivo que causa nas comunidades. Como avalia este impacto? Não podemos, de facto, olhar para o sucesso do setor do turismo por via do número de turistas e das dormidas. É evidente que elas têm que acontecer, não há turismo sem turistas. É uma dimensão que temos de cuidar sobretudo para avaliar a carga, a capacidade e a nossa eficiência do ponto de vista da criação de valor. Outra dimensão é o que conseguimos criar de valor para as comunidades a partir daí. Esse valor não é só um valor económico, é também um valor cultural, ambiental e social. Na questão da habitação, a procura que existe neste momento é maior do que a oferta. Isto é o resultado de Portugal, ao longo de muitos anos, não ter conseguido manter um nível de criação de habitação que permita hoje ter um parque habitacional para as cidades serem exatamente aquilo que devem ser. As cidades devem ser para quem lá reside, em primeiro lugar, e depois para quem as visita, para quem estuda e para quem trabalha. Temos de olhar para a mobilidade também, não podemos ter uma intervenção ao longo de todo o território e não melhorar no tema da mobilidade. .A restauração não tem acompanhado o nível de crescimento do alojamento. Os empresários desta atividade falam na eminência de encerramentos e despedimentos e a própria Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) pede uma estratégia . É um cenário preocupante? A restauração tem contribuído de uma forma importante para a valorização da oferta turística. Há um conjunto muito grande de empresários e com mercados relativamente diferentes, há restaurantes muito focados na dimensão turística e há restaurantes em que o mercado do turismo não é tão relevante, o comportamento das empresas não é exatamente similar. Temos feito um trabalho também de parceria com a AHRESP ao nível de programas para apoiar os restaurantes a evoluir e a melhorarem do ponto de vista das infraestruturas, da prestação de serviço e da formação. Estamos absolutamente confiantes de que a restauração continua a ser um eixo central e fundamental no crescimento do setor do turismo e por isso a restauração terá um papel também central nesta Estratégia Turismo 2035..Olhando para as infraestruturas, o reforço das ligações aéreas tem sido incrementado no aeroporto do Porto face ao esgotamento da Portela. Existe o risco de o aeroporto Francisco Sá Carneiro ficar lotado na próxima década até que Alcochete esteja operacional? Estamos a apostar no reforço das rotas aéreas para todo o país e com todas as companhias aéreas. Este ano todos os aeroportos estarão ligados aos Estados Unidos. O Porto continua a ter capacidade de crescimento, mas essa capacidade também depende muito da gestão inteligente da infraestrutura. Pode ir crescendo em função da incorporação de novas tecnologias e de novos meios de tratamento dos fluxos passageiros. É algo que está a ser feito e trabalhado ao nível da Agenda Acelerar e Transformar o Turismo, do PRR. Estamos confiantes de que esta margem de crescimento existe. O que está em causa é criar valor acrescentado e podemos criá-lo com a infraestrutura tal e qual como ela existe. Relativamente ao aeroporto de Lisboa, também é bom notar que serão feitos alguns investimentos o que permitirá aumentar a capacidade. O próprio aeroporto de Lisboa, que já está numa situação de limite do ponto de vista de passageiros, tem vindo a crescer e este ano de 2024 voltou a crescer face ao ano anterior. Uma coisa é a capacidade do aeroporto para receber aviões, outra é saber qual é a taxa de ocupação que os aviões têm. Com esta ampliação que será feita ficará melhor. Iremos continuar a captar rotas para todos os aeroportos em articulação com os nossos parceiros regionais. Importante também dar nota de que o nosso objetivo é crescer em valor e captar mercados de maior valor acrescentado..Não interessa tanto crescer em número de passageiros, mas em mercados estratégicos com maior poder de compra, como são já exemplo os Estados Unidos ? Exatamente. O que estamos a fazer é identificar esses mercados e segmentos. Estamos a desenvolver um projeto, ao nível da agenda do PRR, que permita, através de mecanismos de inteligência artificial, perceber rapidamente quais são as tendências que estão a acontecer em determinados nichos e segmentos no mundo e que nos permitam adaptar as nossas campanhas de promoção a essas tendências para que possamos fazer esta gestão cada vez mais inteligente dos mercados internacionais para Portugal. . Quais são esses nichos e mercados? Continuamos com uma aposta grande no mercado europeu, como o Reino Unido, a Alemanha, a França e a Espanha. Temos promovido o país, do ponto de vista da sua diversidade de oferta e diversidade regional, para captar outros segmentos nestes mercados, como o vinho ou o turismo literário. Por outro lado, há mercados, como os Estados Unidos, que é já o primeiro mercado em Lisboa e que tem um valor acrescentado relevante. Vamos continuar a fazer um grande esforço de investimento e iremos reforçar o nosso escritório nos Estados Unidos. É claro que temos de procurar também outros mercados e já os estamos a fazer. Quando abrimos, recentemente, a segunda rota direta vinda da Ásia para Portugal, que vem de Seul, criámos mais condições para trabalhar o mercado asiático. Estamos a trabalhar também na expansão da rede de equipas de turismo no estrangeiro, no sentido de ir ao encontro de mercados que estão a crescer e que têm um tipo de turismo que nos interessa. É o caso do México e da Austrália. .A TAP assegura uma fatia importante das ligações com os Estados Unidos, mas há outras companhias a crescer. No caso de Faro e do Funchal serão inauguradas novas rotas transatlânticas operadas pela United Airlines. Seria importante para a estratégia do turismo e da economia do país que fosse a TAP a dar esta resposta? A TAP continua a ser fundamental e é uma empresa absolutamente crítica para o desenvolvimento do setor do turismo. A ela se deve também a nossa capacidade de entrada no mercado norte-americano, mas o Turismo de Portugal trabalha com todas as companhias aéreas. No caso do Algarve, por exemplo, foi com a United Airlines e noutras trabalhará com outras companhias aéreas de todo o mundo. O que importa é que possamos trazer turistas diversificar mercados e é esse o trabalho que estamos a fazer. .Olhando para o mercado nacional, a concorrência de destinos mais baratos pode ser uma ameaça ou Portugal continua ainda a ser destino de eleição para os portugueses? O número de portugueses que viajou em 2024 em Portugal aumentou, o que significa que os portugueses continuam a encontrar no país, e bem, uma oferta diversificada em todo o território, ao longo de todo o ano. Isso aconteceu em todas as regiões do país, incluindo no Algarve. O turismo interno é muito importante porque representa 30% do nosso mercado, é o nosso principal mercado e temos de continuar a olhar para ele com muita atenção e foco..O mercado interno tem capacidade para acompanhar a estratégia de crescimento de valor que referia? Não estamos tão focados na dimensão do número de turistas ou de dormidas, mas no valor que o turismo entrega à economia e os portugueses continuam a viajar em Portugal e viajam mais do que em anos anteriores. Isso é positivo e é isso que queremos que continue a acontecer. .O país tem ainda margem para continuar a crescer em valor e para aumentar os preços dos serviços turísticos? O país continua a ter margem para crescer, se tiver em conta que deveremos crescer em todo o território, sabendo que grande parte da oferta está no litoral. Temos todo o interior do país onde podemos crescer e ao longo de todo o ano. O mito urbano de que o turismo não tem espaço para crescimento é completamente falso porque tem este espaço para crescimento, vai continuar a crescer. O que queremos é que ele cresça de uma forma inteligente, sobretudo focado nesta dimensão de criação de valor e de uma forma responsável. .Está em curso a construção da Estratégia 2035 que sucederá à Estratégia Turismo 2027. Como será o turismo na próxima década? Vemos o turismo daqui a 10 anos, antes de mais, como um parceiro essencial para o crescimento inteligente da economia nacional e que seja, como tal, reconhecido. Queremos que o turismo seja líder do ponto de vista da qualificação e da formação das suas equipas e que as valorize. Queremos que as empresas do setor turismo tenham, em 2035, elevados níveis de competitividade e de produtividade. E que o setor do turismo, globalmente, tenha um crescimento elevado e que permita que esse valor, que seja entregue à economia e às pessoas, seja cada vez maior. .Qual é a estimativa de receitas que o turismo espera arrecadar em 2035? É um valor que está a ser trabalhado e que não irei adiantar. O valor das receitas do turismo mede a capacidade que o setor tem de se aprofundar e de ir buscar cada vez mais mercado. Outra dimensão importante é a capacidade que as empresas têm de, com base nessas receitas, criarem cada vez mais valor porque é essa parte do valor acrescentado que depois é suscetível de ser distribuído pelos trabalhadores.rute.simao@dn.pt