Maroš Šefčovič, comissário europeu do Comércio.
Maroš Šefčovič, comissário europeu do Comércio.Foto: EPA / GUILLAUME HORCAJUELO

Bruxelas estuda retaliação contra 72 mil milhões de euros em bens importados dos EUA

Mas o cenário preferido continua a ser entendimento. Maroš Šefčovič, o comissário europeu do Comércio, diz que estão a trabalhar numa "solução negociada que conduza a estabilidade e cooperação".
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A Comissão Europeia propôs aos países da União Europeia (UE) uma lista de bens importados dos Estados Unidos, num total de 72 mil milhões de euros, para taxar caso a administração norte-americana imponha tarifas recíprocas de 30%. A data limite para tentar reverter esta ameaça é 1 de agosto. Até lá, os dois blocos vão continuar a negociar ao mesmo tempo que agitam o fantasma da retaliação.

“As nossas medidas de reequilíbrio sobre o aço e o alumínio estão suspensas até ao início de agosto e hoje a Comissão está a partilhar com os Estados-membros a proposta para a lista de bens que representam cerca de 72 mil milhões de euros de importações dos Estados Unidos”, disse o comissário europeu do Comércio, Maroš Šefčovič, esta segunda-feira.

Falando em conferência de imprensa, em Bruxelas, no final de uma reunião dos ministros do Comércio da UE, o responsável apontou que “os Estados-membros terão agora a oportunidade de discutir” tal lista, sendo que isso “não esgota a caixa de ferramentas e todos os instrumentos continuam em cima da mesa”.

De acordo com Maroš Šefčovič, o executivo comunitário prefere “uma solução negociada, uma solução que conduza a uma estabilidade e cooperação renovadas”, daí continuar a dialogar com os seus homólogos.

Ainda assim, “temos de estar preparados para todos os resultados, incluindo, se necessário, medidas proporcionadas bem ponderadas para restabelecer o equilíbrio na nossa relação transatlântica” perante as tarifas de 30%, defendeu.

No sábado, o Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou que vai impor tarifas de 30% sobre produtos da UE a partir de 1 de agosto, numa carta endereçada à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Reagindo a tal anúncio, a líder do executivo comunitário afirmou que Bruxelas continua disposta a negociar com os EUA para chegar a um acordo antes de 01 de agosto.

Donald Trump justificou a decisão com o excedente comercial da UE com os Estados Unidos, que atingiu 50 mil milhões de euros em 2024.

As tensões comerciais entre Bruxelas e Washington devem-se aos anúncios do Presidente Donald Trump de imposição de taxas à UE, que começaram por ser de 25% para o aço, o alumínio e os automóveis europeus e depois se tornaram em tarifas recíprocas ao bloco comunitário, suspensas e agora fixadas em 30% após um período de negociações.

Bruxelas prefere uma solução negociada com Washington, tendo já proposto tarifas zero para bens industriais nas trocas comerciais entre ambos os blocos.

A Comissão Europeia detém a competência da política comercial da UE.

Atualmente, 379 mil milhões de euros em exportações da UE para os Estados Unidos, o equivalente a 70% do total, estão sujeitos às novas tarifas (incluindo as suspensas temporariamente) desde que a nova administração dos Estados Unidos tomou posse, em janeiro passado.

Segundo a Comissão Europeia, está em causa uma taxa média de direitos aduaneiros dos Estados Unidos mais elevada do que na década de 1930.

A UE e os Estados Unidos têm o maior volume de comércio entre parceiros, de 1,5 biliões de euros.

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