BPCE vai manter atual administração do Novo Banco e afasta despedimentos
Paulo Spranger/Global Imagens

BPCE vai manter atual administração do Novo Banco e afasta despedimentos

O CEO do grupo francês, que chegou a acordo para comprar Novo Banco por 6,4 mil milhões, disse que gestão liderada por Mark Bourke está a fazer "um grande trabalho" e afastou despedimentos no banco.
Publicado a
Atualizado a

O grupo francês BPCE, que chegou a acordo para adquirir o Novo Banco por 6,4 mil milhões de euros, acredita que a instituição portuguesa vai acelerar devido às sinergias com os seus outros negócios, tendo como pano de fundo um crescimento da economia portuguesa acima da média da Zona Euro. O CEO prometeu esta sexta-feira, 13 de junho, manter em funções a equipa de gestão, bem como a marca Novo Banco, afastando igualmente qualquer redução de pessoal após a conclusão da operação, em 2026. E realçou: "esta é uma aquisição amigável".

O memorando de entendimento assinado entre o Lone Star e o BPCE prevê a compra de 75 por cento do Novo Banco, avaliando a instituição em 6,4 mil milhões de euros. O Lone Star vai ficar com 75 por cento deste montante, cabendo os restantes 25 por cento ao Estado e ao Fundo de Resolução. Ao que o DN apurou, estas duas entidades públicas deverão vender as suas posições, exercendo assim o direito de tag along, que lhes permite vender ao mesmo preço que o Lone Star.

"Acreditamos na economia portuguesa. É uma economia que está a crescer acima da média da Zona Euro", disse esta sexta-feira o CEO do BPCE, Nicolas Namias, numa videoconferência com jornalistas portugueses e estrangeiros.

O grupo vai manter a atual administração do Novo Banco, liderada por Mark Bourke. "A administração fez um grande trabalho e claro que vamos manter o compromisso com eles", frisou o CEO. "O Mark tem feito um grande trabalho e vai continuar connosco", adiantou Nicolas Namias.

Nicolas Namias, CEO do BPCE
Nicolas Namias, CEO do BPCEDR

O responsável rejeitou fazer despedimentos no Novo Banco. "Não temos razões para fazer reduções de pessoal no Novo Banco", salientou Nicolas Namias, lembrando que o grupo tem três mil pessoas em Portugal mas que estão no centro de serviços do Natixis no Porto e outros negócios e não na banca de retalho.

Questionado sobre como vai o BPCE estimular o crescimento do Novo Banco e se admite mais aquisições em Portugal, o CEO francês respondeu que afasta mais compras em solo luso, até porque "não há outros Novos Bancos".

"O Novo Banco vai crescer com o expertise do BPCE" e com as sinergias com as outras empresas do grupo francês, que está presente também nos seguros, na banca de investimento e na gestão de ativos. "É isso que atualmente faz falta ao Novo Banco", defendeu.

"Esta é uma fusão amigável"

O gestor defendeu que a proposta do BPCE é "a melhor" para a economia portuguesa, uma vez que, ao contrário de outros interessados, o grupo francês não está presente na banca de retalho em Portugal e não terá necessidade de fazer cortes. Este era um ponto sensível, tanto para o Governo como para os sindicatos. Tal como o DN noticiou, o Governo avisou o outro principal interessado, o grupo Caixa Bank, dono do BPI, que não veria com bons olhos uma fusão entre este último e o Novo Banco e que não pagaria os subsídios de desemprego aos trabalhadores abrangidos por um processo de rescisões após a fusão, num gesto que foi interpretado como uma forma de pressão para bloquear a operação. Estima-se que uma fusão entre esses dois bancos levaria a entre duas a três mil rescisões.

Questionado se o BPCE pretende colocar o Novo Banco em bolsa, Nicolas Namias respondeu que "o objetivo é comprar 100% do capital", pelo que não fará sentido colocar ações no mercado. "Há grandes vantagens para um banco com o facto de ter um acionista forte", disse.

"Esta é uma fusão amigável", frisou, acrescentando que o Novo Banco vai passar a estar integrado no quarto maior grupo bancário europeu. "Esta é a maior fusão bancária transfronteiriça na Europa em dez anos", realçou o gestor francês.

O valor que o BPCE vai pagar por 100% do Novo Banco, de 6,4 mil milhões de euros, corresponde a um múltiplo de nove vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA), está "claramente em linha" com os múltiplos da banca ibérica, defendeu.

"Somos o banco das empresas em França e vamos fazer o mesmo em Portugal"

O responsável frisou ainda que vai manter o modelo de risco de crédito, na área das empresas. "As pequenas e médias empresas portuguesas podem continuar a contar com o Novo Banco", salientou, recordando a natureza cooperativa do BPCE e o facto de ter sido criado, há 150 anos, para apoiar as empresas. "Desde então somos o maior banco para as PME francesas e vamos manter esse compromisso também com as empresas portuguesas", prometeu o CEO.

Attachment
PDF
Slideshow_Presentation_vEN (13_06_2025)
Preview

"Temos três mil pessoas em Portugal, onde estamos há 30 anos e conhecemos bem o país. É um mercado bancário sólido, bem capitalizado, rentável e competitivo", frisou o CEO, recordando que o BPCE está presente no nosso país através do Natixis e do banco Primus, que operam em segmentos distintos daqueles onde está o Novo Banco. Realçou ainda que o Novo Banco é um player que tem uma quota de 9% nos depósitos e de 10% no crédito, sendo o quarto maior banco português em ativos.

BPCE vai manter atual administração do Novo Banco e afasta despedimentos
Oficial: Lone Star vende Novo Banco ao grupo francês BPCE por 6,4 mil milhões de euros

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt