Christine Lagarde, presidente do BCE.
Christine Lagarde, presidente do BCE. EPA/RONALD WITTEK

BCE reduz taxa de juro para 2,75%, pela quinta vez desde o máximo de 4%

Christine Lagarde sinaliza que BCE vai terminar com as descidas de juros a breve trecho, e ainda este ano, porque a inflação está domada e quase no objetivo.
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A taxa de juro principal da Zona Euro, definida pelo Banco Central Europeu (BCE), desce mais 0,25 pontos percentuais, para 2,75%, revelou a instituição presidida por Christine Lagarde, esta quinta-feira. É a quinta descida de 0,25 pontos desde o máximo de 4% atingido em setembro de 2023.

O BCE sinaliza que deve continuar a reduzir taxas um pouco mais, mas já diz que a inflação está quase dominada e que o custo do crédito já está a aliviar, onerando assim menos as famílias e empresas, o que dá alento à atividade económica, sobretudo ao consumo e ao investimento.

"O Conselho do Banco Central Europeu (BCE) decidiu hoje [quinta-feira, 30 de janeiro] reduzir as três taxas de juro diretoras do BCE em 25 pontos base", refere uma nota oficial publicada no site da instituição.

Assim, a taxa de juro da facilidade permanente de depósito desce para 2,75%, a das operações principais de refinanciamento alivia para 2,9% e a facilidade permanente de cedência de liquidez cai para 3,15%, "com efeitos a partir de 5 de fevereiro de 2025".

O BCE explica que está quase a terminar este ciclo de redução de juros, que já dura há quase ano e meio (desde setembro de 2023), devendo estacionar as taxas de juro, de forma mais permanente, dentro de poucos meses.

Assim é porque "o processo desinflacionista está bem encaminhado" e porque "a inflação continuou a evoluir globalmente em consonância com as projeções dos especialistas do Eurossistema e deverá regressar ao objetivo de médio prazo de 2% no decurso deste ano", sinaliza o banco central.

Além disso, "a maioria das medidas da inflação subjacente sugere que a inflação estabilizará, numa base sustentada, em torno do objetivo", acrescenta a instituição.

Frankfurt refere, no entanto, que "a inflação interna permanece elevada, sobretudo porque os salários e os preços em determinados setores ainda estão a ajustar‑se, com um desfasamento substancial, à anterior subida acentuada da inflação".

Por isso, na conferência de imprensa que se seguiu à reunião dos governadores, com estes níveis de juros (e incluíndo já a descida desta quinta-feira), Lagarde defendeu que "ainda estamos em terreno restritivo" quando se fala em política monetária.

Em todo o caso, o BCE admite que os aumentos salariais já estão a enfraquecer, preocupando menos quando se pensa em inflação. "O crescimento dos salários apresenta, como esperado, uma moderação e os lucros estão a amortecer, em parte, o impacto na inflação", disse a presidente do BCE.

Empréstimos novos ainda podem ser caros, reflexo de subidas passadas

Do lado dos negócios bancários, Lagarde observa que "as recentes reduções das taxas de juro [...] estão a tornar gradualmente a contração de novos empréstimos menos onerosa para as empresas e famílias".

Mas, ao mesmo tempo, "as condições de financiamento mantêm‑se restritivas, também porque a política monetária continua a ser restritiva e os passados aumentos das taxas de juro ainda estão a ser transmitidos ao stock de crédito, com alguns empréstimos vincendos a ser renovados a taxas mais elevadas".

"A economia continua a enfrentar fatores adversos, mas o aumento dos rendimentos reais e o desvanecimento gradual dos efeitos da política monetária restritiva deverão apoiar uma subida da procura com o tempo", espera o BCE.

(Atualizado às 13h55)

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