Os serviços do Banco de Portugal, em Lisboa, vão ser todos concentrados num novo edifício que será construído nos terrenos da antiga Feira Popular, em Entrecampos, prevendo-se que o projeto fique concluído num prazo de dois anos e meio, talvez um pouco mais, revelou o banco central governado por Mário Centeno, esta segunda-feira."O Banco de Portugal e a Fidelidade assinaram hoje um memorando de entendimento que estabelece as bases para a aquisição de um edifício localizado nos terrenos da antiga Feira Popular (na Parcela A da Unidade de Execução de Entrecampos), em Lisboa", indica uma nota oficial.A Fidelidade era a antiga seguradora do grupo CGD, que foi privatizada em 2014 e vendida (85% do total) ao grupo de capital chinês Fosun. A Caixa Geral de Depósitos continua a ter uma participação minoritária, de 15%.Há vários anos que o BdP andava à procura de um espaço novo e mais amplo para reunir todos os seus serviços que se encontram espalhados por Lisboa. Uma das razões, várias vezes evocada por Centeno, é que desde a crise do euro que o Banco tem vindo a ganhar mais competências e responsabilidades, como a área da supervisão macroprudencial ou da avaliação dos riscos climáticos e suas implicações para a estabilidade financeira.Segundo o BdP, "este acordo, que culmina um extenso trabalho de análise técnica, funcional e jurídica, envolvendo equipas de ambas as entidades, reflete o interesse do Banco de Portugal em ali concentrar os seus escritórios em Lisboa e o compromisso da Fidelidade em concretizar a transação".A formalização deste negócio "está sujeita à conclusão satisfatória das negociações e à obtenção das aprovações necessárias", sendo certo que "o projeto apresenta uma infraestrutura moderna e funcional com os mais altos padrões de sustentabilidade, numa localização central com grande acessibilidade, integrada e aberta à comunidade, devendo estar concluído no terceiro trimestre de 2027".Esta aquisição do novo edifício "vai ao encontro das necessidades do Banco de Portugal nos planos funcional e institucional e representa o culminar de um processo com várias décadas de procura da melhor solução para uma localização única do espaço de escritórios na cidade de Lisboa", refere a mesma nota oficial.Segundo Centeno, que na semana passada foi ao Parlamento para uma audição sobre a política de remunerações do banco central e a polémica dos "consultores" contratados, a instituição tem cerca de 1700 empregados.Desses, cerca de 1500 trabalhadores desempenham funções em Lisboa, estando repartidos pelo edifício-sede e Museu (na Baixa de Lisboa), pelo quarteirão na Avenida Almirante Reis e várias repartições espalhadas pela capital, pelo que, caso Entrecampos sirva para acolher a nova sede, esta terá de assumir uma dimensão assinalável.Segundo o governador, “há mais de 40 anos" que o BdP anda à procura de instalações grandes que acomodem devidamente e em segurança todos os serviços. Centeno ironizou a demora, comparando-a com o projeto do novo aeroporto de Lisboa.Segundo noticiou o Eco, em outubro, tendo em conta os preços por metro quadrado da zona de Entrecampos, e numa estimativa muito preliminar e incompleta, o novo prédio do BdP poderia vir a custar mais de 230 milhões de euros a preços de hoje.