O primeiro modelo de linguagem de grande escala desenvolvido em Portugal, que o Governo anunciou na Web Summit como o primeiro ChatGPT português e ao qual deu o nome "Amália", representará um custo para o Estado estimado em 5,5 milhões de euros..O valor do investimento necessário foi revelado esta sexta-feira pelo Ministério da Juventude e Modernização (MJM), na sequência de uma reunião interministerial com o Ministério da Educação, Ciência e Inovação. Os dois ministérios tutelam o desenvolvimento de Amália. O projeto será o primeiro a ser desenvolvido no âmbito da Agenda Nacional de Inteligência Artificial, que integra a Estratégia Digital Nacional, que está em consulta pública desde 21 de novembro. Amália, que será uma ferramenta nacional de inteligência artificial (IA), estará em pleno funcionamento dentro de 18 meses, sendo que a primeira versão surgirá até ao 31 de março de 2025..Em comunicado, o Governo explica que àquele valor acresce "o vasto investimento já realizado em infraestrutura de computação, projetos de desenvolvimento e recursos humanos especializados", que contribuirão em grande medida para o desenvolvimento do projeto. O financiamento necessário à concretização do projeto será assegurado pelo Plano de Recuperação e Resiliência "e será desenvolvido inteiramente por entidades públicas"..O ministério liderado por Margarida Balseiro Lopes reitera que o desenvolvimento de Amália é "uma prioridade" do Governo, estando a execução operacional a cargo da Agência para a Modernização Administrativa, que será responsável pela gestão da iniciativa e por assegurar as condições necessárias para a futura disseminação junto de potenciais utilizadores público e privados. A Fundação para a Ciência e Tecnologia será responsável por coordernar, junto dos centros de investigação, o treino e desenvolvimento do primeiro ChatGPT portugues, bem como pelo "tratamento e curadoria dos dados que serão utilizados para este treino e desenvolvimento"..O Governo justifica a aposta neste projeto como uma contribuição para a "preservação da soberania nacional". Outros objetivos passam por "distinguir as diferentes variantes da língua portuguesa, reconhecer elementos da cultura e história de Portugal, permitir o controlo dos dados utilizados para a sua aprendizagem, e assegurar condições de armazenamento e utilização de dados sensíveis, como é o caso da maioria dos dados da Administração Pública"..O treino e desenvolvimento da plataforma Amália fica a cargo dos centro de investigação da Nova LINCS, do Instituto de Telecomunicações e do Instituto Superior Técnico, para "aproveitar sinergias de projetos e investimentos já realizados", como o Euro LLM, o GlórIA e v-GlórIA, que recorrem atualmente a infraestrutura europeia do EuroHPC e que estão treinados em português de Portugal. Os dados do Arquivo.pt também servirão para treinar a plataforma de IA nacional. .O Governo garante que Amália terá um comité de acompanhamento especializado, que vai assegurar as melhores práticas e o cumprimento de príncipios éticos e de segurança..A versão beta de Amália estará disponível até 31 de março de 2025, caracterizando-se por ser uma versão inicial, já capaz de produzir soluções que serão testadas e ajustadas. A versão base deverá surgir até ao final de setembro. Aí já será possível aceder a respostas fiáveis e precisas, segundo o Governo, "com total segurança e sem risco [de desinformação] para o utilizador, sendo posível integrar a platafomra com aplicações externas. .Até ao final do segundo trimestre de 2026, será disponibilizado a versão multimodal, que será capaz de "interpretar diversos formatos de dados (texto, imagem e vídeo)"..Todas as versões serão disponibilizadas de forma gratuita e open source (aberta), para aplicação em áreas como a educação, saúde e serviços públicos.