Cerca de 36% das empresas a operar em Portugal (dados para o período de 2010 a 2021) participaram ativamente no comércio internacional ou eram empresas com propriedade estrangeira do capital, mas, no geral, o seu negócio é "predominantemente" importar mercadorias do estrangeiro, revela um estudo do Planapp – Centro de Planeamento e de Avaliação de Políticas Públicas, uma entidade do governo que apoia "a definição e implementação de políticas públicas e a análise prospetiva" da economia portuguesa.Como referido, de acordo com o novo trabalho intitulado "As empresas no comércio internacional: análise da produtividade entre 2010 e 2021", publicado esta quinta-feira, 21 de agosto, pouco mais de um terço das empresas em Portugal estão viradas para o comércio externo e/ou são detidas por acionistas estrangeiros.São as chamadas empresas "extrovertidas" cujos negócios dependem, sobretudo, das suas ligações comerciais e de investimento ao exterior.O peso destas empresas na economia é importante em termos políticos. O governo atual tem acenado com o desígnio de ajudar a economia a chegar a um peso das exportações na ordem dos 50% do Produto Interno Bruto (PIB) a curto prazo, eventualmente 55% dentro de poucos anos, segundo disse o ministro da Economia, Manuel Castro Almeida.Segundo o estudo do Planapp, que trabalha na sede do governo e da Presidência do Conselho de Ministros, no antigo edifício da CGD, as referidas “empresas extrovertidas”, que são "participantes no comércio internacional e/ou empresas com propriedade estrangeira do capital", "têm uma prevalência minoritária, mas crescente no tecido empresarial português, representando 36% das empresas totais no período analisado". Este grupo que equivale aos referidos 36% do tecido empresarial parqueado em Portugal constitui o principal motor da atividade económica agregada, sendo responsável "por 64% do emprego e 81% do volume de negócios totais gerados no mesmo período" de 2010 a 2021."As empresas estrangeiras são numericamente residuais na economia, representando cerca de 2% das empresas totais. No entanto, considerando o peso no emprego, volume de negócios e comércio internacional, são de uma importância notória", indica o mesmo estudo."A análise mostra que as empresas extrovertidas são constituídas predominantemente por empresas importadoras que trocam essencialmente bens e transacionam maioritariamente nos mercados da União Europeia", revela o mesmo estudo.No entanto, "as empresas que realizam comércio bilateral, que comercializam bens e serviços simultaneamente e que operam em mercados múltiplos da UE e extra-UE" são as que "concentram a criação de valor na economia e no comércio internacional (exportações e importações)".O Planapp repara que o crescimento "significativo" do comércio internacional de serviços, onde se inclui o portentoso sector do turismo, "sugere transações internacionais de maior valor acrescentado e uma maior participação nas cadeias de valor globais das empresas portuguesas".Este trabalho do centro de estudos prospetivos do governo está "integrado no projeto 'Análise e melhoria da produtividade em Portugal' e resulta de uma parceria com a Universidade do Minho".