Venda de casas caiu pela primeira vez desde 2012
No ano passado, o número de casas vendidas no país caiu, interrompendo o ciclo ascendente que vinha desde 2012.
O mercado português da habitação respondeu, no ano passado, pela venda de 171 800 casas, um decréscimo de 5,3% face a 2019, que interrompeu pela primeira vez o ciclo ascendente iniciado em 2012. A quebra foi impulsionada pela pandemia de covid-19, que travou as intenções de investimentos das famílias e limitou a procura estrangeira por ativos imobiliários. No entanto, o valor das transações atingiu os 26,2 mil milhões de euros, uma subida de 2,4% face ao ano anterior, influenciada pelo aumento do preço das casas. Apesar da crise sanitária, o preço das casas subiu 8,4% em 2020, e seguindo a tendência iniciada em 2019, registou uma desaceleração face aos 9,6% verificados em 2019, divulgou ontem o Instituto Nacional de Estatística (INE).
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O aumento dos preços das habitações prende-se com a escassez de casas no mercado, defende Luís Lima, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP). "A oferta habitacional para a classe média e média baixa, que representa o grosso da procura existente, continua a não ser suficiente para dar resposta às necessidades", colocando em marcha a dinâmica da lei da oferta e da procura. O responsável sublinha ainda que "mais de 80% das transações foram realizadas pelo mercado interno" e "60 a 70% terão sido efetuadas com recurso a crédito, o que prova que quem compra é para habitação própria".
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O volume de transações de casas novas atingiu, no ano passado, os 5,4 mil milhões de euros, um aumento de 9,3% face ao exercício transato. Os preços destas unidades registaram um incremento de 7,4%. Já a venda de habitações usadas cifrou-se nos 20,8 mil milhões, mais 0,7% do que em 2019. Neste segmento, os preços subiram 8,7%.
Para o líder das imobiliárias, a queda no número de transações só tem uma causa: a pandemia. "Apesar da ausência de stock que já fazia prever uma desaceleração do ritmo de crescimento face a 2019, nada fazia prever quebras", sublinha. Este decréscimo no número de casas vendidas é resultado do "período do confinamento, da ausência da procura estrangeira e da retração de quem ficou receoso em avançar com um investimento desta natureza num período de incerteza como o que vivemos".
No Índice de Preços à Habitação, o INE realça que a diminuição no número de venda de casas reflete "o contexto económico adverso decorrente da pandemia". Como refere o documento, em janeiro e fevereiro de 2020 registaram-se aumentos homólogos de 9,4% e 3,5%, mas o mercado cai entre março e outubro, com especial incidência no segundo trimestre (que coincide com o confinamento da primavera), quando apresenta um decréscimo de 21,6% "em consequência das medidas de restrição à circulação e à atividade económica então adotadas".
Já no fim do ano, o número de vendas volta a apresentar crescimentos. Em novembro e dezembro, registaram-se aumentos homólogos de 4,0% e 12,6%.
sonia.s.pereira@dinheirovivo.pt
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