TAP e easyJet avançam com layoff em Portugal

A voar só para Açores e Madeira, companhia aérea portuguesa vai pôr 90% dos trabalhadores em layoff. EasyJet já avisou que vai iniciar processo, afetando cerca de 300 pessoas nas bases de Lisboa e Porto.
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Com a operação reduzida a duas ligações semanais às Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores pelo menos até ao final de maio, a TAP vai avançar com o pedido de layoff, abrangendo a esmagadora maioria dos trabalhadores, sabe o Dinheiro Vivo.

Esta tarde, mais de 1400 empresas já tinham avançado com pedidos de layoff, com o governo a calcular que esta medida deverá abranger um milhão de pessoas e que os apoios não chegarão antes do final do próximo mês.

A decisão terá sido tomada depois dos encontros entre administração e sindicatos, que também se reuniram com a easyJet, com a low cost a a anunciar medida semelhante (ver abaixo).

A redução sucessiva do número de voos possíveis, que chegavam já a 90 destinos da companhia aérea portuguesa, devido ao fecho de fronteiras, e a impossibilidade de viajar alargada a praticamente todos os continentes terão sido determinantes na decisão da TAP, que pretende salvaguardar o futuro da companhia e dos postos de trabalho neste período de pandemia e quando for possível retomar a operação.

Recorde-se que desde a privatização da companhia aérea portuguesa a TAP tem vindo a contratar cerca de mil colaboradores por ano, de forma a acompanhar as necessidades da expansão de destinos e frequências que vinha prosseguindo no seu plano de investimento, que passou ainda pela renovação total da frota. Ainda antes de recorrer ao layoff, a empresa já tinha aberto um programa de rescisões a que aderiram cerca de 300 trabalhadores.

Agora, devido aos efeitos da pandemia de covid-19, cerca de 90% dos 10 mil trabalhadores da TAP, de todas as áreas, serão abrangidos pelo regime de layoff simplificado, previsto pelo governo e que determina que ficam em casa recebendo dois terços do salário.

EasyJet já enviou carta aos trabalhadores

Com a maioria da frota parada em terra, as companhias aéreas têm vindo a implementar medidas para tentar minorar os efeitos do contágio da pandemia do novo coronavírus nas suas contas. A britânica easyJet vai, nos próximos dias, "aplicar e implementar um programa de layoff temporário".

A companhia aérea, que em Portugal tem cerca de 300 trabalhadores, enviou aos trabalhadores na semana passada uma missiva, a que o Dinheiro Vivo teve acesso, onde pode ler-se que "nestas circunstâncias excecionais, e para mitigar o impacto da crise na nossa atividade e empregos, esta manhã [quarta-feira] falámos de forma informal com os representantes da comissão de trabalhadores e sindicatos e vamos infelizmente começar, nos próximos dias, um processo para aplicar e implementar layoff temporários".

A transportadora aérea explica que, enquanto os lay-off não entrarem em vigor, os funcionários vão continuar a receber o seu salário base. "Dado que estamos próximos do fim do mês, queremos que saibam que as folhas de vencimento vão ser produzidas como normalmente, incluindo o salário base completo do mês e os pagamentos variáveis relevantes do mês anterior".

A gestão deixou ainda a garantia de que vai trabalhar com os representantes dos trabalhadores e "manter-vos atualizados à medida que o processo evolui".

Questionada pelo Dinheiro Vivo, a transportadora diz que "a easyJet em Portugal apenas oferece aos seus colaboradores contratos portugueses e, como tal, segue e aplica sempre na sua relação com os mesmos a legislação laboral portuguesa". Acrescenta ainda que está a "analisar a legislação anunciada ontem [quinta-feira] pelo governo e, entretanto, publicada em Diário da República" e que "todas as decisões da easyJet serão primeiramente comunicadas aos colaboradores e aos seus representantes e só depois publicamente".

O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil esteve reunido ontem com a empresa.

No Reino Unido, a easyJet anunciou esta segunda-feira que a companhia está a deixar toda a sua frota de aviões em terra até novo aviso devido ao colapso na procura por causa da pandemia do novo coronavírus. Esta medida, disse, "elimina um custo significativo". Os 4000 trabalhadores baseados no Reino Unido vão ficar parados a partir de 1 de abril, recebendo 80% do salário médio através de uma medida de apoio do governo britânico, com um limite máximo de 2500 libras.

Na passada quinta-feira, dia 26, a Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA) fez uma atualização do seus números e estima agora que o setor possa ter perdas superiores a 70 mil milhões de euros nas receitas com passageiros para as companhias aéreas europeias em 2020, que são das mais afetadas do mundo.

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