Supermercados online congestionados. Encomendas só chegam em meados de abril
Depois da corrida aos supermercados ter deixado muitas prateleiras vazias, os portugueses, agora confinados a casa, estão a fazer compras em massa nos sites das grandes cadeias de distribuição. No Continente Online a procura quadruplicou com o surto do covid-19 e as entregas já resvalam para meados de abril. Na Auchan há fila de espera só para poder entrar no site, onde 70 mil pessoas querem fazer compras ao mesmo tempo.
"O acesso ao Continente Online mais do que quadruplicou nas últimas semanas. Até ao momento o Continente tem realizado todos os esforços para conseguir dar resposta a este aumento da procura", diz fonte oficial da Sonae MC, sem adiantar o impacto ao nível das entregas. Mas, pelo menos na região de Lisboa, uma simulação feita por um cliente, indica 15 de abril como data de entrega das compras de supermercado lá em casa.
Na Auchan a fila de espera não é apenas para entrar nos supermercados físicos. Na quinta-feira, quando o Dinheiro Vivo tentou fazer compras, tinha pela frente uma hora de esperar para poder começar a encher o carro de compras. A fila digital foi a forma escolhida pela cadeia para responder ao "número muito acima do normal de encomendas online" que chegam via website. Um "tráfego extraordinário" que se tem feito sentir nos últimos dias e que "tem sobrecarregado a capacidade de resposta da infraestrutura": 70 mil acessos simultâneos.
"Estamos a fazer todos os esforços possíveis para aumentar a capacidade de resposta do site, de forma a reduzir o tempo de espera e aumentar o desempenho do site para os utilizadores", diz. "Criámos a fila de espera, porque queremos evitar o colapso do site, uma vez que temos 70 mil pessoas a tentar aceder em simultâneo. Nenhum site normal aguentaria tal, em situações normais. A fila demora tempo, mas consegue-se aceder, se se cumprirem as indicações", reforça. "Estamos a aceitar todas as encomendas que conseguimos entregar, garantindo um serviço de qualidade", diz a mesma fonte, sem adiantar para quando estão a garantir a entrega das compras em casa. "A nossa grande prioridade é termos pessoas a preparar as encomendas. Algo que, nesta fase, com trabalhadores em assistência à família e uma óbvia dificuldade de recrutamento, é um grande desafio."
Fazer a entrega à porta do cliente, com pagamento antecipados e não no ato de entrega são algumas das medidas implementadas para assegurar segurança das equipas de entrega e dos clientes evitando o contágio pelo covid-19.
Uma atrás das outras, ao longo da semana, as cadeias de retalho têm vindo a fechar portas aos clientes. A única opção se, por exemplo, quiser comprar roupa ou sapatos, é o online, com as marcas a oferecerem, muitas delas, os portes de envio, numa tentativa de aliciar os clientes e conter a sangria de receitas.
"Temos sentido uma evolução rápida de diminuição dos fluxos B2B com o fecho das lojas de rua e a redução do tráfego nos centros comerciais, mas em contrapartida um acréscimo significativo do B2C, sobretudo para bens essenciais e que permitem dar melhor qualidade de vida aos portugueses que ficam em casa", diz Olivier Establet, CEO da DPD Portugal (antiga Chronopost).
O fecho de portas das empresas por causa do covid-19 também está a gerar um maior número de devoluções. "Existem bastantes empresas que se encontram encerradas, levando a que nem todas as entregas se consigam concretizar, pelo que estão a ser devolvidas aos expedidores", adianta. Quanto aos prazos de entrega? "Estão a ser mantidos, ainda que a procura aumente bastante."
"Até ao momento" os CTT "não registou um aumento significativo do tráfego", diz fonte oficial do operador postal. "Os Correios estão a manter o cumprimento dos níveis de serviço acordados com os seus clientes", assegura. "A empresa tem capacidade para responder ao volume de tráfego atual e caso se venha a verificar um aumento desse mesmo tráfego, os CTT ajustarão a sua capacidade operacional em conformidade".
Com o covid-19 a expandir na Europa, levando ao encerramento de fronteiras, os operadores sentem os efeitos. "A movimentação de carga entre Portugal e Espanha (mercado onde os CTT têm empresa) ainda não sofreu restrições de maior por via do covid-19, mantendo-se a normalidade da operação.
O mesmo não diz Olivier Establet. "Com os constrangimentos existentes para e a partir de alguns países mais afetados pelo Covid-19, como Espanha ou Itália, estamos a assistir a uma redução das encomendas".
"Neste momento, assistimos ao reatar de uma certa normalidade no tráfego com a China. Podemos afirmar que a DHL está operar na sua capacidade plena", diz José Reis, Diretor Geral da DHL Express Portugal.