Sem compradores, Banco Popular está à beira do resgate

Ações do banco espanhol batem mínimos históricos. Em quatro dias perdeu quase metade do valor em bolsa. Investidores temem que não surjam interessados

Depois de ter tido uma semana negra, em que perdeu mais de 40% do valor em bolsa, o pesadelo do Banco Popular prolongou-se esta segunda-feira - o banco espanhol fechou o dia de ontem com um novo mínimo histórico, tendo caído 18,16%. É já a empresa com menos valor do Ibex50.

Os investidores têm cada vez mais dúvidas de que o banco consiga encontrar compradores disponíveis para aumentar a liquidez da instituição bancária, que é a sexta maior de Espanha. Apesar de já terem sido apontados vários nomes de possíveis interessados: Santander, BBVA, Bankia, Sabadell e CaixaBank, ainda não há nenhuma proposta oficial e a imprensa acredita que apenas o Santander deverá realmente avançar.

O Popular tem 37 mil milhões de euros de ativos tóxicos imobiliários que precisa de limpar. A opção comprador externo surge depois de o governo espanhol ter recusado ajudar a instituição com dinheiro dos contribuintes espanhóis.

O Banco Central Europeu (BCE) já avisou de que está a acompanhar de perto a situação, apontando para um possível resgate caso não seja encontrado comprador. Emilio Saracho, o CEO do Banco Popular, conseguiu ganhar tempo, alargando o prazo para a apresentação de propostas de compra de 10 de junho para o final do mês. O banqueiro vai hoje a Bruxelas tentar convencer os reguladores a concederem-lhe um empréstimo adicional, indica a Bloomberg, e também pedir apoio nas decisões de gestão do banco que, admitiu Saracho no fim de semana, está a passar por uma "situação difícil" apesar de se manter solvente.

Para agravar a crise que a instituição atravessa, existe também um descontentamento generalizado na administração. Ontem, o Banque Féderative du Crédit Mutuel decidiu abandonar o barco e renunciou ao cargo de vogal do conselho administrativo.

Portugueses podem pagar fatura

O Banco Popular tem atividade em Portugal, de forma independente (filial) e ao abrigo do direito local. Contudo, o braço português anunciou no início do ano a intenção de se tornar uma sucursal da instituição espanhola. Se tal acontecer, os clientes de Portugal ficarão expostos ao possível resgate, caso falhem as tentativas de encontrar um comprador, isto porque, de acordo com a nova lei da resolução bancária, acionistas, detentores de obrigações mais arriscadas e de depósitos acima de 100 mil euros podem ser chamados a contribuir para compensar as perdas das instituições antes que qualquer dinheiro público seja usado. Apesar do anúncio da intenção, a passagem a sucursal ainda não avançou nem houve mais desenvolvimentos. Sabe-se, entretanto, que o Popular tem Portugal nos seus planos de reestruturação. Equacionou-se a venda da unidade portuguesa e tem havido redução de pessoal e encerramento de agências. No final do ano passado, o Popular indicou à CMVM a intenção de cortar 295 postos de trabalho em Portugal, de um total de 1159 trabalhadores, e proceder ao encerramento de 47 das 166 agências.

Mais Notícias

Outros Conteúdos GMG