Longe vai o tempo em que a bicicleta só servia para os passeios. Este veículo é cada vez mais um meio de transporte fundamental nas viagens casa-trabalho, sobretudo nas cidades. Os seguros para velocípedes, contudo, ainda não ganharam pedalada para aderir a esta realidade.."Falta um seguro anti-roubo que cubra os roubos na via pública como existe para os automóveis", alerta a Associação para a Mobilidade Urbana em Bicicleta (MUBi). A situação é particularmente preocupante se estiverem em causa bicicletas de carga, "que custam 3000 euros se recorrerem a um módulo elétrico", exemplifica ao Dinheiro Vivo o dirigente Miguel Baptista..As particularidades do roubo de velocípedes não ficam por aqui. "Se roubarem o carro com a bicicleta lá dentro, o seguro cobre isso até ao valor de 1500 euros. Mas se o furto acontecer dentro de um comboio, não há qualquer cobertura", avisa Ana Teixeira, co-fundadora da mediadora digital Mudey.."A maior parte das apólices inclui a componente de assistência para acidente em viagem. Mas não há qualquer ajuda se houver um furo no pneu ou uma avaria na bateria", acrescenta a mesma responsável..As apólices, por outro lado, já prevêem uma indemnização em caso de morte ou invalidez do ciclista e ainda o pagamento de despesas de tratamento..A plataforma portuguesa disponibiliza vários tipos de apólices. O seguro de responsabilidade civil pode custar 25 euros por ano e paga pelos estragos causados a terceiros; se a esta proposta for acrescentada a cobertura dos acidentes pessoais, o prémio pode duplicar para 40 a 50 euros por ano..Estes seguros estão incluídos para quem se inscrever como sócio da da Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta. A anuidade é de 29,50 euros..Alguns seguros multirriscos-habitação tam bém já incluem os acidentes pessoais no âmbito da vida privada, furto ou roubo da bicicleta guardada em casa; o seguro escolar também já inclui os acidentes com velocípedes no caminho para as aulas..Mesmo não sendo obrigatórias, estas proteções são cada vez mais importantes para os ciclistas. "Cerca de 53% dos clientes que procuram um seguro acabaram de comprar uma bicicleta nova. Destes, 36% indicam que o preço de aquisição foi superior a 1500 euros", destaca Ana Teixeira, co-fundadora da startup, que conta com mais de 4000 utilizadores.."Há uma preocupação crescente por parte dos utilizadores que as seguradoras ainda não estão a dar resposta de forma rápida. Há muito poucas alternativas", acrescenta a empresária..Ana Teixeira antecipa que nos próximos tempos "não surjam seguros mais complexos", embora o produto tenha "muito para melhorar" e necessite de "ser adaptado aos novos usos"..Mesmo sem defender a obrigatoriedade de seguros, a MUBi é favorável à criação de um registo de bicicletas em Portugal. "Não teria de ser uma matrícula, mas poderia ser o número do quadro ou o número de série", sugere Miguel Baptista..As candidaturas aos apoios do Estado para a compra de bicicletas já superaram os "cheques" disponíveis..Para a compra de velocípedes elétricos, já foram entregues 1917 pedidos para os 1857 "cheques" disponíveis - embora o Fundo Ambiental apenas tenha aceitado 277 inscrições..Nas bicicletas sem assistência, já foram recebidas 946 candidaturas para 500 incentivos a atribuir - foram aceites 173 pedidos. A MUBi espera que os apoios "possam ser reforçados ainda este ano" e o mesmo aconteça às medidas de apoio à mobilidade através das bicicletas..diogofnunes@dinheirovivo.pt