Schäuble diz que a Grécia tem de sair do euro se quer alívio da dívida
Wolfgang Schäuble, o ministro das Finanças alemão, voltou a dizer que a Grécia tem de sair da zona euro se quer um alívio da dívida. Em declarações à emissora alemã ARD, Schäuble frisou que o perdão da dívida grega seria uma violação das regras europeias. "Não podemos cortar a dívida de um Estado-membro da zona da moeda única, não é permitido pelo Tratado de Lisboa. Para isso, a Grécia teria de sair da zona euro", referiu, explicando que só depois poderia ser aplicado o instrumento para desvalorização da dívida.
O ministro alemão defendeu ainda que a pressão sobre a Grécia, para que faça reformas e seja um país competitivo, tem de ser mantida, sob pena de sair da moeda única.
O alívio da dívida grega é defendido, porém, pelo Fundo Monetário Internacional, que poderá mesmo afastar-se de vez do terceiro resgate à Grécia, que atualmente é suportado apenas pelos países da zona euro. O último relatório de avaliação do FMI sobre a Grécia aponta mais uma vez para a insustentabilidade da dívida e a necessidade de haver um alívio, mas Holanda e Alemanha têm manifestado firmemente a oposição à aplicação desta medida.
O FMI poderá afastar-se uma vez que a política do fundo é entrar em programas que no final permitam aos países ficarem por conta própria, situação que parece invalidade pelas avaliações mais recentes: o FMI calcula que o peso da dívida grega chegará a 170% do PIB em 2020 e a 164% em 2022. Mas que ganhará um peso incomportável depois disso e crescerá para 275% do PIB em 2060.
Há muito que o FMI tem pedido à zona euro um alívio substancial da dívida de Atenas, mas a Alemanha tem-se oposto firmemente ao avanço desta medida antes do final de 2018, altura em que a Grécia tem de completar as suas reformas.
"Crise existencial" na zona euro
O ministro das Finanças de Merkel falou ainda sobre Donald Trump e Marine Le Pen na entrevista à televisão alemã. Admitindo que a nova administração americana lhe traz "grande preocupação", destacou que os europeus devem lidar com Trump de forma razoável mas firme. E disse que uma eventual vitória da candidata da extrema-direita francesa poderá colocar a União Europeia numa "crise existencial" que trará riscos para a sobrevivência do projeto europeu.