Reino Unido ignora ameaças dos EUA e admite Huawei na rede 5G (com limitações)

O governo britânico liderado por Boris Johnson admite o uso da Huawei na rede 5G, embora com limitações, contrariando alertas dos EUA

A empresa chinesa Huawei vai poder fornecer equipamento para a infraestrutura de telecomunicações 5G no Reino Unido, mas será excluída do envolvimento em partes cruciais da rede, anunciou o governo britânico.

Sem nomear a empresa, mas referindo-se a "fornecedores de alto risco", um comunicado do ministério da Cultura, Digital, Comunicação Social e Desporto confirmou que vão ser impostas "novas restrições".

"Os ministros determinaram hoje que as operadoras do Reino Unido devem estabelecer salvaguardas adicionais e excluir fornecedores de alto risco de partes da rede de telecomunicações essenciais para a segurança", refere o comunicado.

A decisão foi anunciada após uma reunião do Conselho de Segurança Nacional (NSC) presidida pelo primeiro-ministro, Boris Johnson, onde foi decidido que cabe ao Centro Nacional de Cibersegurança dar orientações aos operadores de telecomunicações do Reino Unido sobre quais são os fornecedores de alto risco.

O governo está confiante de que "estas medidas, tomadas em conjunto, vão permitir mitigar o risco potencial representado pela cadeia de fornecimento e combater o leque de ameaças, sejam criminosos cibernéticos ou ataques patrocinados por países".

O governo britânico tem estado sob intensa pressão dos EUA, para proibir o envolvimento da Huawei de toda a rede 5G, tendo o Presidente Donald Trump falado no assunto durante um telefonema com Boris Johnson na sexta-feira.

Os EUA afirmam que a empresa chinesa, que é privada e que rejeita as acusações de interferência do Estado chinês, representa um risco para a segurança e chegaram a ameaçar com a redução na partilha de informações com o Reino Unido.

Mike Pompeo, secretário de Estado dos EUA, escreveu na rede social Twitter no domingo à noite que o Reino Unido tinha uma "decisão importante pela frente no 5G".

Responsáveis por agências de segurança britânicas garantiram no passado que será possível gerir os riscos de segurança para a rede 5G, considerada uma infraestrutura importante em termos de desenvolvimento económico, desde que a Huawei fosse excluída de elementos cruciais.

A decisão sobre o envolvimento da empresa chinesa nos concursos de fornecimento de equipamento é considerada importante devido aos baixos preços praticados e diversidade de produtos relativamente à concorrência.

Huawei "tranquilizada"

A tecnológica chinesa Huawei disse estar "tranquilizada" pela permissão do Governo britânico para fornecer, ainda que de forma limitada, equipamento para a infraestrutura móvel de quinta geração (5G) no Reino Unido, apelando a uma "concorrência justa".

"A Huawei ficou tranquilizada com a confirmação do governo do Reino Unido de que podemos continuar a trabalhar com os nossos clientes para manter o ritmo de desenvolvimento no 5G", indica fonte oficial da empresa numa resposta escrita enviada à agência Lusa.

Reagindo à decisão do governo britânico, de que a tecnológica vai poder fornecer equipamento para a infraestrutura de telecomunicações 5G no Reino Unido, sendo contudo excluída do envolvimento em partes cruciais da rede, a Huawei defende que "um mercado diversificado de fornecedores e uma concorrência justa são essenciais para a confiança e inovação da rede".

Numa alusão às suspeitas de que a companhia tem sido alvo - nomeadamente pelos Estados Unidos, que a acusam de espiar para o Estado chinês -, a Huawei fala numa decisão britânica "baseada em evidências", que resultará "numa infraestrutura de telecomunicações mais avançada, mais segura e com melhor relação custo-benefício".

A companhia chinesa opera no Reino Unido há 15 anos.

Os Estados Unidos têm, ainda, tentado pressionar outros países da União Europeia (UE) para banir a Huawei das suas redes 5G.

Sem nunca se referir à Huawei, a Comissão Europeia tem vindo a manifestar preocupação sobre possíveis riscos de ciberseguranças nestas novas redes móveis, mais potentes e rápidas do que nunca, razão pela qual apresentará quarta-feira uma caixa de ferramentas com medidas de mitigação a serem adotadas pelos Estados-membros da UE.

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