A ideia não é nova e, no final do ano passado e princípio de 2020, voltou à ribalta em algumas notícias e artigos de opinião da Finlândia ao Reino Unido. Também no início do ano reportámos como algumas empresas em Portugal já tinham funcionários nessa modalidade de trabalho..Agora é a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, a sugerir que os empregadores considerem uma semana de trabalho de quatro dias e outras opções flexíveis como forma de impulsionar o turismo local, mas também de ajudar os seus funcionários a lidarem com questões relacionadas com o equilíbrio entre vida profissional e familiar, numa altura em que muitos estão inclusive em teletrabalho..Numa conversa em vídeo ao vivo no Facebook, Ardern explicou que numa altura em que as fronteiras do país continuam fechadas e o desconfinamento já começou, até porque a Nova Zelândia tem sido dos países mais eficazes a lidar com a pandemia de covid-19 e em reduzir a curva de infetados e mortes, o turismo doméstico ganha importância..Nesse contexto, a primeira-ministra diz: "Tenho ouvido muitas pessoas a sugerir que deveríamos ter uma semana de trabalho de quatro dias. Em última análise, isso é algo entre empregadores e funcionários. Mas, como já disse, temos aprendido muito com a covid-19 e temos visto uma produtividade e flexibilidade das pessoas que trabalham em casa que é prometedora"..Sendo assim, Ardern conclui que a semana de 4 dias "iria claramente ajudar o turismo no país", daí deixe a sugestão: "incentivo todas as pessoas a pensarem nisso, nomeadamente se é um empregador e está numa posição em que isso pode funcionar na sua empresa"..Os comentários foram bem recebidos pelos locais, indica o The Guardian. Tal como noutros países como Portugal, o turismo é uma das principais indústrias e está em crise profunda devido à crise pandémica..A semana de quatro dias de trabalho já decorre em algumas empresas na Nova Zelândia. Andrew Barnes é o fundador da Perpetual Guardian, um negócio de serviços financeiros na área do imobiliário com 200 trabalhadores e que fez a transição para a semana de trabalho de quatro dias em 2018. .Ao The Guardian o gestor diz que a mudança "tornou os funcionários mais felizes e produtivos". O novo regime, admite, trouxe também benefícios para a saúde mental e física das pessoas, bem como para o meio ambiente, vida familiar e social e tem menos impacto nas alterações climáticas já que há menos deslocações para o trabalho..Barnes explica que a Nova Zelândia podia usar o modelo alemão chamado kurzarbeit, que significa "trabalho curto" e permite dar emprego a mais pessoas e que cada um aproveite o dia extra para a família ou para voltar a estudar, por exemplo.."Precisamos manter todos os benefícios de produtividade que o trabalho em casa nos trouxe devido à pandemia, incluindo ar mais limpo e falta de perda de tempo nas deslocações e perda de produtividade ao mesmo tempo em que ajudamos as empresas a permanecerem à tona. Temos que ser ousados com o nosso modelo. Esta é uma oportunidade para uma redefinição massiva"..Existem estudos recentes a dar força à possível medida. Uma investigação de uma organização britânica chamada TUC (Trades Union Congress) constatou que 45% dos funcionários desejam ter uma semana de quatro dias de trabalho e outro estudo da Henley Business School indica que 77% dos trabalhadores admitem que uma semana de quatro dias iria melhorar a sua qualidade de vida..Também existem argumentos relacionados com a sustentabilidade, com estudos a indicar que uma semana mais curta de trabalho leva a um corte significativo da pegada de carbono, já que reduz as deslocações..Portugal parece ainda estar muito longe desta modalidade, pelo menos de forma generalizada. De acordo com um indicador do Eurostat, o país está entre os que têm maior número de horas efetivamente trabalhadas por semana durante 2018. O registo inclui as horas extraordinárias e aponta para uma média de 40,8 horas em Portugal em 2018 e de 40,2 horas em média na União Europeia..Leia mais em Dinheiro Vivo a sua marca de economia