Novo aeroporto: Pegões, Poceirão e Rio Frio promovidos a possíveis soluções

Comissão Técnica Independente passou à fase seguinte nove opções estratégicas para a expansão aeroportuária da região de Lisboa e garante que apesar de o objetivo ser encontrar uma solução de longo prazo é preciso uma solução "transitória".
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F oi dado mais um passo no caminho para encontrar uma solução para o futuro aeroporto da região de Lisboa. A Comissão Técnica Independente (CTI), que está mandatada pelo governo para fazer os estudos necessários para a expansão aeroportuária e apresentar o relatório final até dezembro, concluiu a primeira parte dos trabalhos e apresentou uma lista com nove opções estratégicas que passarão à fase seguinte de avaliação.

O grupo, liderado por Maria do Rosário Partidário, revelou ontem quatro novas opções: Portela+ Alcochete, Pegões, Portela+Pegões e Rio Frio+Poceirão. Estas juntam-se à lista inicial proposta pelo governo que inclui Portela+Montijo; Montijo + Portela; Campo de Tiro de Alcochete; Portela + Santarém e Santarém. As nove hipóteses compõem a shortlist final e são as escolhidas de um leque total de 17 que estavam até agora em cima da mesa. As opções Portela+Alcochete e Portela+Pegões serão estudadas como solução final, mas também consideradas "apenas eventualmente como opção em transição".


Nesta fase inicial, a CTI recolheu contributos e aceitou propostas da entidades públicas e privadas e da população em geral. Em maio arranca a terceira fase dos trabalhos da comissão com a avaliação final das opções estratégicas. "Esta primeira fase teve como objetivo o reconhecimento e a triagem das possibilidades e procurar as opções estratégicas para chegar aos objetivos pretendidos. Deveríamos mapear as propostas e expectativas existentes, mas também outras possibilidades de desenvolvimento", esclareceu a líder da CTI.
A triagem destas nove soluções estratégicas foi feita com base em 10 critérios de viabilidade técnico-científica. Da lista, há três que assumem maior relevância: a proximidade e distância do centro de Lisboa (a média europeia são 22 quilómetros), infraestrutura rodoviária e ferroviária existente e planeada e a área de expansão (mínimo mil hectares).


À lista, detalhada esta tarde nas instalações do LNEC, acrescenta ainda outros aspetos como a capacidade de movimentos/hora; se há ou não conflitos com espaço aéreo militar; riscos naturais; população afetada pelo ruído; áreas naturais e corredores migratórios; importância estratégica para a Força Aérea e a existência de estudos de impacte ambiental e de declarações de impacte ambiental que, segundo a presidente da CTI, "podem acelerar os processos de aprovação".


O interesse pela futura resposta aeroportuária da região de Lisboa tem sido crescente e, no total, chegaram à CTI 781 sugestões de localização. Destas, 17 foram integradas numa primeira avaliação e, por fim, foi ontem anunciada a lista final de opções com viabilidade. Várias foram as localizações que ficaram pelo caminho e que não passaram no teste dos critérios aplicado pela CTI.

"É um aeroporto para a região de Lisboa não é para ser colocado em qualquer parte do país", relembrou Maria do Rosário Partidário. A solução Alverca+Portela não integra a short list apesar de ser "uma opção extremamente criativa". A coordenadora da CTI admite que a solução de acessibilidades é "muito inteligente", mas há condicionantes que chumbaram a hipótese. Nomeadamente o facto de ser a solução "que afeta o maior número de população, 762 mil pessoas".


Beja, Monte Real e Évora chumbaram no critério de proximidade. A Ota, sendo "uma opção histórica já foi muito estudada", adianta a líder da CTI, "é ideal do ponto de vista de acessibilidades, mas não tem área de expansão". "Os estudos mostraram dificuldades em segurança aérea, risco de inundação e custos elevados na remoção de obstáculos", justificou a coordenadora.

Já Pegões, que também não cumpre o critério de proximidade, tem capacidade para ir até às quatro pistas. Maria do Rosário Partidário indicou que a localização "apresenta conflitos com a área militar", mas este ponto "pode ser resolúvel". O facto de ficar a 10 quilómetros de Rio Frio e ser uma área logística com potencial levou a CTI a considerá-las como uma solução mista, apesar de Rio Frio já ter sido estudado anteriormente e ter sido rejeitado por razões ambientais.

Maria do Rosário Partidário sublinhou urgência de um novo aeroporto para a região de Lisboa e assegurou que é necessária uma solução rápida e de transição enquanto a opção definitiva não estiver concluída. A responsável garantiu que apesar de a Resolução do Conselho de Ministros pedir uma resposta a 50 anos, a CTI está a trabalhar "em três prazos: o longo prazo, o curto e o período de transição", enumerou.


"Estamos muito conscientes dos sérios constrangimentos que neste momento existem no aeroporto Humberto Delgado. Queremos atender ao curto prazo e fazer o possível para minimizar os constrangimentos", referiu durante a primeira conferência organizada pela CTI, que decorreu no LNEC.

Desta forma, a CTI prevê "atender a uma solução num período de transição, que terá de ser relativamente curto". A segunda fase arranca agora com a criação do quadro de avaliação estratégico e com a contratação de equipas especializadas para prosseguir os trabalhos e em maio arranca a terceira etapa. Em cima da mesa do grupo de trabalho coordenado por Maria do Rosário Partidário há três problemáticas que procuram resposta até ao final do ano: o aumento da capacidade aeroportuária da região de Lisboa em modelo dual ou único, a evolução para um hub intercontinental e a possibilidade de desativar ou não a Portela.

"Estas são as três questões fundamentais que têm orientado os trabalhos", indica a responsável. A CTI terá de entregar ao governo, até 31 de dezembro, o relatório com as conclusões do seu trabalho indicando qual é a melhor solução para o futuro aeroporto da região de Lisboa.

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