NOS e Vodafone contra venda da TVI
Nem o gesto de Cláudia Goya, CEO da PT, de oferecer uma camisola da seleção nacional com uma mensagem de fair play acalmou os ânimos dos concorrentes quanto à compra da Media Capital pela Altice. NOS e Vodafone são unânimes: não há compromissos possíveis para esta operação, disseram os CEO durante o debate do Estado da Nação das Telecomunicações, no congresso da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC), no CCB, Lisboa.
"Só há um cenário difícil de aceitar: a decisão de aprovação [da compra da Media Capital] com compromissos", diz Miguel Almeida, CEO da NOS. Para o gestor, uma decisão desta natureza teria apenas uma consequência. "Não seria mais do que uma cosmética que não vai resistir ao primeiro impacto."
Miguel Almeida diz ter "toda a confiança nos reguladores", mas lembra que a Entidade Reguladora para a Comunicação Social está numa situação "relativamente débil", já que dos cinco membros previstos "apenas três estão ativos". "Basta uma pessoa para a operação ser aprovada", lembra. A 10 de outubro, o regulador liderado por Carlos Magno deverá dar a conhecer o seu parecer sobre esta operação de mais de 440 milhões de euros, parecer que tem carácter vinculativo.
A Anacom, liderada por João Cadete de Matos, já se pronunciou sobre a compra do grupo dono da TVI e deu parecer negativo: como foi notificada esta operação, não deve ser aprovada, disse o regulador das telecomunicações. E bem, no entender de Mário Vaz. "A Anacom, no seu parecer, elencou muito bem as razões" para o chumbo do negócio. Nem com remédios esta operação de concentração deverá obter luz verde. "Resposta só pode ser não", diz Mário Vaz, CEO da Vodafone, quando questionado sobre essa possibilidade. A razão é simples: o negócio "é prejudicial para o setor das telecomunicações, para o país e, como falamos de media, para a democracia."
Mário Vaz levantou dúvidas sobre a disponibilidade da Altice em dar acesso aos conteúdos depois da compra da TVI. Com esta operação, acredita, os donos da PT pretendem usar os conteúdos para forçar os clientes dos operadores concorrentes a mudar para terem acesso. "Acredito que a Altice tem uma visão dos conteúdos de acesso universal, desde que não sejam os seus", tudo o que é "seu é diferenciador", diz. "Vamos deixar o processo ter o seu curso, não vou usar o palco para lançar mensagens", respondeu Cláudia Goya.