Sem acordo "por 50 euros", diz sindicato. "Querem impor aumento", acusam patrões
O porta-voz da Antram, André Matias de Almeida, acusa o Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) de recusar o processo de mediação, apesar de os patrões estarem disponíveis para debater "quase tudo". "O sindicato quer impor aumentos", lamenta a Antram. Os patrões "recusaram um acordo por 50 euros", contrapõe o SNMMP. E ao fim de seis horas, ambas as partes saem do Ministério das Infraestruturas de novo sem levar a bom porto mais uma tentativa de acordo. E amanhã podem ser reveladas novas frentes de batalha, promete Pardal Henriques.
"Tentámos por todas as vias fazer com que as partes deixassem cair as pré-condições", afirmou no final do encontro o ministro Pedro Nuno Santos. "Uma das partes não quis, mas, obviamente, uma mediação tem como objetivo chegar a resultados, eles não podem ser impostos antes de a mediação se iniciar", afirmou o representante do governo na mediação.
Já em entrevista à SIC Notícias, após a reunião, Pardal Henriques antecipou que esta quarta-feira será discutida pela direção do sindicato a data para uma nova greve às horas extraordinárias. O pré-aviso, a entregar amanhã, apontará para uma greve às horas extraordinárias dentro de duas semanas, "não por tempo indeterminado, mas com tempo definido", reconheceu o porta-voz do sindicato.
"Deixámos aqui um documento de manhã onde abríamos quase tudo à mediação. Fomos chamados agora ao Ministério das Infraestruturas para sermos informados de que o sindicato não aceita a mediação e quer impor aumentos salariais e o pagamento de horas suplementares, e isso não é um processo de mediação", disse o porta-voz da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram) aos jornalistas.
Uma versão diferente tem o sindicato. "A Antram não quis evitar estas novas formas de luta ou uma possível greve por 50 euros", afirmou o representante do SNMMP, Pedro Pardal Henriques, à saída da reunião com o governo, no Ministério das Infraestruturas e Habitação. O representante do sindicato defendeu que o SNMMP quis assegurar que um possível processo de mediação não começaria sem "dois pedidos essenciais", que fossem valorizados os trabalhadores e que recebessem pelo trabalho que fazem.
Pardal Henriques remete agora para quarta-feira o anúncio de eventuais novas formas de luta por parte dos trabalhadores.
Portugal deixou de estar em crise energética, declarada há dez dias devido à greve de motoristas de pesados, desde as 00:00 de hoje, acabando os limites ao abastecimento de combustível depois de, no domingo, o SNMMP ter decidido desconvocar a greve iniciada no dia 12.