Takeshi Hakamada não tira os olhos do espaço e já conta os dias para a sua primeira missão. Não é astronauta, mas fundou e lidera a iSpace, startup japonesa, que está a desenhar o primeiro programa de exploração comercial da Lua. "No ano que vem vamos montar o nosso primeiro modelo para lançar em 2021. E depois, em 2023, haverá uma demonstração tecnológica do rover. Depois de duas missões poderemos aumentar o ritmo para dois lançamentos por ano", contou ao Dinheiro Vivo..Dentro do rocket da iSpace, que será lançado a partir da Estação Espacial Internacional, na Florida, seguirá um pequeno robô - "tecnologia japonesa" -, que vai começar a explorar o satélite da Terra, com particular atenção ao MoonValley, o vale lunar, onde já se detetou a existência de um enorme lençol de água congelada..Será essa água que dará início a um mundo novo, antecipa o especialista. "A Lua é importante a partir do momento em que descobrimos que havia água. Se separarmos o hidrogénio do oxigénio passamos a ter uma fonte de energia, que permitirá criar uma base de lançamento de rockets. Com isso, podemos gerar uma grande atividade no espaço", explicou, em entrevista durante a Web Summit..Apaixonado pela saga Star Wars, foram as imagens cinematográficas criadas por George Lucas que o empurraram para um curso de Engenharia Aeroespacial e, em 2013, para uma participação no concurso da Google Lunar Xprize. O prémio de 500 mil dólares deu gás ao projeto, mas é o apoio das empresas nipónicas que dá o exigido fôlego financeiro que o programa tanto necessita. "Já levantámos mais de 100 milhões de dólares e temos empresas importantes a apoiarem-nos", destacou Hakamada.."A nossa visão é utilizar a tecnologia para levar a presença humana para o espaço, e vamos começar pela Lua. Para criar este mundo precisamos de montar um ecossistema. É por isso que precisamos de levar mais e mais empresas para este novo campo. Porque se o homem vai para o espaço vai precisar de ter bens que suportem a vida humana", disse o responsável dando alguns exemplos: como o interesse de empresas de telecomunicações em desenvolver um sistema de comunicações permanente entre a Terra e o Espaço, "ou da Siemens que quer iniciar negócios na lua, no futuro". Há ainda "uma empresa de impressoras japonesa que está interessada em desenvolver materiais inovadores para aplicação espacial", elenca..A iSpace assume que quer "esticar o planeta para esticar o futuro da humanidade". "Já passaram 50 anos desde que o homem pisou a lua e isso nunca mais voltou a acontecer. Porém, neste século, encontramos recursos de água na lua. E por isso acreditamos que há muitas razões para lá voltar, e não é voltar por voltas, desta vez é para ficar", destacou Hakamada que também foi orador numa conferência desta cimeira. A cronologia está montada: começa daqui a dois anos e "nos próximos 20 anos poderemos estender a nossa existência para a superfície da lua"..Siga todos os acontecimentos da Web Summit no Dinheiro Vivo.