É desta que os veículos elétricos saem da linha de partida? Os indicadores de vendas, as estimativas das marcas e os planos ousados de vários países no combate às emissões revelam que já não há marcha-atrás. "Os carros do futuro serão elétricos, autónomos e partilhados", conclui o diretor de marke- ting estratégico e relações externas da SIVA, Ricardo Tomaz..Neste ano é a primeira vez que serão vendidos mais de mil veículos elétricos de passageiros em Portugal. Até julho saíram dos stands 921 carros movidos a eletricidade, quase mais 130% do que em igual período do ano anterior. Uma evolução gigante se olharmos para os 166 veículos vendidos em 2013..É ao Renault Zoe que está a caber a liderança do segmento em 2017, sendo responsável pela comercialização de 437 unidades até julho. Mas são várias as marcas que se destacam no mercado nacional, como a Nissan ou a BMW..O Grupo Volkswagen já criou uma marca própria elétrica, a ID, a ser adaptada a várias carroçarias, e também a marca Moia, para soluções de mobilidade partilhada. Nos planos do grupo está o desenvolvimento de cerca de 30 modelos elétricos até 2025, apostando também na condução autónoma e no carsharing..Relativamente às suas metas de vendas para os veículos elétricos, elas foram revistas em alta: passaram de 2% para 20% em 2020, o que atesta bem da previsível evolução deste mercado. Em Portugal, a marca vendeu neste ano mais de 50 veículos, na sua grande maioria para empresas..A revisão de estimativas das construtoras automóveis acontece num contexto em que os compromissos assumidos na Cimeira do Clima levam países como o Reino Unido a anunciar que vai banir a venda de carros novos a gasóleo e gasolina a partir de 2040..Por pressão ou estímulo, o caminho das construtoras está por isso traçado, o mesmo acontecendo, por arrasto, aos consumidores. Se, até aqui, o preço elevado e a falta de autonomia dos automóveis tem sido uma das principais barreiras à massificação, esse obstáculo vai sendo, também ele, gradualmente ultrapassado..No mercado estão a ser lançados modelos com cada vez maior capacidade de autonomia em torno dos 400 km e 500 km. É o resultado da evolução na tecnologia, que, depois das primeiras tentativas, ainda no século XIX - com a criação da bateria de chumbo e ácido em 1880 aplicada aos primeiros carros elétricos -, promete mudar o panorama da mobilidade..Aquela evolução tem reflexo direto nos preços. Em média, as baterias rondam os mil euros e representam cerca de um terço do preço de um automóvel. Mas estima-se que, já em 2020, o seu preço baixe para os cem euros, apontou Ricardo Tomaz..Enquanto o quadro de incentivos fiscais se mantém estável, com isenção de imposto sobre veículos, IUC e remuneração pelo abate, há outras barreiras. A falta de postos de carregamento nos edifícios de empresas é apontada como entrave à expansão da mobilidade elétrica no universo empresarial.