Novo CEO da TAP estica acordo de empresa para evitar greve

Sindicato que representa os tripulantes de bordo volta a reunir-se hoje para debater nova proposta da companhia. Antonoaldo Neves pede abertura e diz-se "crente no diálogo"
Publicado a
Atualizado a

A denúncia do acordo de empresa dos tripulantes de cabina da TAP foi a gota de água que levou o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) a entregar uma série de pré-avisos de greve que ameaçam deixar em terra os aviões da companhia por diversas vezes. A primeira paralisação tem data marcada para 9, 10 e 11 de fevereiro, em plena pausa de Carnaval, mas Antonoaldo Neves, o novo CEO da TAP, propôs já prolongar o acordo atual para evitar a greve, o seu primeiro grande desafio.

O gestor, ao que o DN/Dinheiro Vivo apurou, deu ao SNPVAC a garantia de que está disposto a rever a suspensão do Acordo de Empresa a que a TAP deitou mão no final de novembro, abrindo caminho ao fim da greve. Fonte ligada ao processo assegura que a proposta do gestor é, agora, o prolongamento do acordo por mais 36 meses, período durante o qual os termos poderão ser ajustados ao estado do setor e à regulamentação atual, algo que tanto a TAP como o sindicato concordam.

A nova proposta terá sido lançada nos últimos dias e será levada esta manhã a votação numa nova assembleia geral de tripulantes. Se os trabalhadores derem o aval, as paralisações poderão cair por terra.

"É através de um processo de transparência e de abertura que sempre se chega a bom termo. Toda a greve, todo o anúncio de greve, é sempre resolvida de alguma forma. Estou bastante crente no processo de diálogo", admitiu ontem o gestor, à saída da assembleia geral de acionistas que o nomeou oficialmente novo presidente executivo da companhia aérea portuguesa.

O SNPVAC não quis comentar a informação, alegando que a AG de hoje servirá, precisamente, para dar a conhecer as propostas da TAP. Na última segunda-feira, os tripulantes não consideraram que o mea culpa da TAP fosse suficiente para travar os protestos.

À assembleia geral, o SNPVAC levou uma carta enviada por Fernando Pinto e em que se chegava à "conclusão de que, de facto, houve incumprimento quanto ao Acordo de Operação do A330-300". Na missiva, o gestor anunciava que daria "início ao cumprimento dos procedimentos que não estavam a ser seguidos", convidando o sindicato para "reuniões quinzenais" para debater todos os temas que envolvem o pessoal navegante. Um dirigente ouvido pelo DN/Dinheiro Vivo garantiu que sabia a pouco. "A proposta foi recusada pelos tripulantes porque continuava a ter relevantes incumprimentos."

Antonoaldo Neves não é o único a esperar um entendimento. "Tem havido conversações que acredito que cheguem a bom resultado, a um entendimento", assumiu ontem Humberto Pedrosa, um dos sócios privados da TAP, à saída da assembleia geral de acionistas.

Fernando Pinto, que ontem deixou os comandos da companhia aérea, lembrou que "o mais importante está a ser feito: que é ter transparência e abertura para continuar uma negociação até à hora que for necessário". E lembra que a TAP tem "feito isso, temos tido um bom caminho, uma boa aceitação e um diálogo bastante aberto. Será o que vai ser, ninguém sabe, tudo depende de assembleias", afirmou, garantindo que na negociação dos últimos dias tem havido "concessões necessárias" para que possa ser encontrada uma decisão.

O engenheiro, que chegou no ano 2000 para preparar a TAP para uma privatização que acabaria por tardar 15 anos a chegar, sublinhou o "afinco, muita energia, muito conhecimento e bom senso" de Antonoaldo Neves, que agora o substitui. "Entre mim e o Antonoaldo existe um telefone vermelho e vamos trabalhar em conjunto", garantiu.

Quanto à saída da TAP, onde ficará como consultor por um período de dois anos, Fernando Pinto não se prende ao passado. "É um belo dia hoje para sair, pensando que temos uma nova vida, mas principalmente sabendo que a empresa está no caminho certo e com as pessoas certas tocando para frente um trabalho que foi feito."

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt