Dinheiro
15 janeiro 2019 às 12h35

Funcionários da Google fazem campanha contra gigantes da tecnologia

Grupo quer que tecnológicas deixem de impedir acesso a tribunal em questões relacionadas com o trabalho. Atualmente, a regra é a arbitragem.

DN

Um grupo de funcionários do Google está esta terça-feira a desenvolver uma campanha no Instagram e no Twitter para pressionar os gigantes da tecnologia a pararem de restringir o direito dos trabalhadores a levarem as empresas a tribunal.

Prometem, das 09.00 às 18.00, partilhar, a todas as horas, casos de arbitragem forçada no Twitter. No Instagram, a promessa é publicar entrevistas a especialistas e depoimentos de funcionários.

A campanha tem como objetivo destacar os problemas com as empresas que usam acordos de arbitragem forçada - uma cláusula comum nos contratos que retira aos trabalhadores o direito de levar os seus empregadores ao tribunal por questões no local de trabalho.

A Google está entre as empresas de tecnologia que interrompeu o assédio no trabalho, mas há outras gigantes que continuam a utilizar estas práticas em casos relacionados com outras questões no local de trabalho, como discriminação racial ou religiosa.

Há vários estudos que dizem que os trabalhadores têm menos hipóteses de ganhar contra o empregador quando as partes recorrem à arbitragem. E mesmo quando ganham, com recurso à arbitragem, os empregados acabam por receber menos do que se tivessem ido a tribunal.

Esta campanha representa, por outro lado, o crescente movimento de funcionários das tecnológicas, que tem tornado públicos casos de discriminação e desigualdade nas empresas onde trabalham. Ainda em novembro, cerca de 20 mil trabalhadores da Google protestaram contra o tratamento que a empresa dá em casos de assédio sexual e laboral, colocando como principal exigência o fim da arbitragem forçada.

Depois disso, a empresa anunciou que mudaria a prática de tentar impor a arbitragem nestas situações, mas os líderes deste movimento não é o suficiente, já que se mantém para outras questões laborais.

O grupo que está a organizar esta campanha analisou os contratos de 30 gigantes tecnológicas e dez das maiores empresas de recrutamento.