O escândalo das emissões poluentes da Volkswagen continua a ter impacto na carteira dos portugueses, muito por causa do novo modelo internacional de medição de emissões de CO2, que permite detetar mais 30% de gases emitidos, do que o modelo anterior..Na prática, e apesar de o governo ter introduzido um desconto ao Imposto sobre Veículos em 2019, entre 5% e 24%, alguns dos modelos de automóveis à venda em Portugal ficaram substancialmente mais caros, segundo dados da Autoridade Tributária relativos ao primeiro trimestre do ano, citados pelo Correio da Manhã..Pelo menos 10 carros a gasóleo viram o valor do ISV disparar, por vezes para o dobro, com a carga fiscal extra a variar no top 10 entre os 11160,24 euros no modelo Skoda Superb Break e os 8254,38 euros no Renault Koleos. Os modelos mais poluentes foram assim os mais afetados pelas novas tabelas de ISV aplicadas este ano pelo governo, que também sofreram uma atualização de 1,3%, em linha com a inflação..Já nos menos poluentes registou-se uma descida do valor do ISV, mas em menor proporção: o Jeep Renegade (a gasóleo) passa a pagar menos 3815,36 euros de imposto, sendo o modelo mais beneficiado, enquanto o Mercedes C220D (também a diesel), apenas vê o ISV reduzir em apenas 358,1 euros..A nova fórmula de medição das emissões WLTP (Worldwide Harmonized Light Vehicle Test Procedure) utiliza, nos seus testes realizados em ambiente real, critérios que os tornam mais realistas e fidedignos do que o antecessor NEDC (New European Driving Cycle), que entretanto se tornou obsoleto..Ora, sendo as emissões de CO2 uma das componentes importantes para o cálculo do ISV e também do IUC, em Portugal, a mudança para o novo protocolo de testes implica, inevitavelmente, um agravamento considerável destes dois impostos..No entanto, com vista a mitigar este feito e a mando da Comissão Europeia, que pediu neutralidade fiscal, o governo introduziu no Orçamento do Estado para 2019 um regime transitório que se traduz numa redução percentual das emissões de CO2 calculadas através do WLTP. Ou seja, uma espécie "travão": entre os 5% e os 21%, no IUC; e os 5% e os 25% no ISV. Quanto mais poluente for veículo, menor é o desconto. No ISV, permanece o agravamento de 500 euros para automóveis a gasóleo sem filtro de partículas..Citado pelo Correio da Manhã, o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Mendonça Mendes, disse não haver para já "a necessidade de corrigir já a norma transitória introduzida no Orçamento do Estado para 2019"..De acordo com a consultora Deloitte, esta redução percentual das emissões de CO2 introduzida pelo governo permitiu evitar um agravamento drástico do ISV e do IUC a pagar pelos consumidores. No caso do ISV, sublinha a consultora, este mecanismo implica "inclusivamente, em muitas situações, uma redução do imposto nas viaturas menos poluentes"..Segundo a Associação Nacional das Empresas do Comércio e da Reparação Automóvel (ANECRA), em maio, a receita de ISV situou-se nos 63,6 milhões de euros, o que significou um decréscimo de 6,5% face ao mesmo mês de 2018, ou seja, menos 4,4 milhões de euros cobrados..No somatório dos primeiros cinco meses de 2019, a variação homóloga foi positiva (mais 0,9%), o que significa que mais de 324 milhões de euros tiveram como destino os cofres do Estado por via do ISV..Em maio, o Estado recebeu 37,4 milhões de euros de IUC, ou seja, mais 15,1% face a igual mês de 2018. Enquanto o ISP contribuiu com quase 286 milhões de euros para os impostos indiretos em maio de 2019, mais 6,3% que no mês homólogo do ano anterior..Leia mais em Dinheiro Vivo a sua marca de economia