Há quatro anos que a bolsa portuguesa não subia tanto

A bolsa portuguesa ganha quase o dobro das ações europeias. A Mota-Engil e o banco BCP foram os grandes destaques de 2017
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A recuperação da economia, as condições de financiamento favoráveis asseguradas pelo Banco Central Europeu (BCE) e o regresso do rating de Portugal a grau de investimento deram gás à bolsa portuguesa. O PSI20, o índice de referência do mercado nacional, sobe 15,05% neste ano, a caminho do melhor ano desde 2013, e consegue uma das maiores valorizações da última década. As ações portuguesas rendem quase o dobro das europeias. O índice que mede o desempenho das 600 maiores cotadas do Velho Continente ganha 7,99% neste ano.

Os investidores deram o voto de confiança a alguns dos setores que foram mais abalados pela crise económica que Portugal sofreu. A Mota-Engil lidera os ganhos, recuperando algum do valor destruído nos últimos anos. Neste ano, as ações mais que duplicaram de valor, subindo 125%, para 3,618 euros. A empresa tem reduzido dívida e aproveitado as condições favoráveis para fazer operações de refinanciamento. Além dessa gestão, tem ganho contratos valiosos em vários países, especialmente em África.

Outras das ações que tombaram de forma significativa nos últimos anos foram as do BCP. Mas o banco recupera em 2017. Os títulos ganham 46,37%, para 0,27 euros. Isto apesar de terem estado sob pressão no início do ano, altura em que o banco fez um aumento de 1,3 mil milhões de euros. Após essa operação, os títulos do banco começaram a recuperar com os receios sobre o capital a desvanecer-se. A ajudar na recuperação da confiança esteve ainda o regresso do banco aos lucros. O BCP apresentou um resultado líquido de 133,3 milhões de euros até final de setembro. No mesmo período do ano anterior tinha reportado um prejuízo de 251,1 milhões de euros. A apoiar as ações estão ainda os progressos feitos pelo banco na redução a exposições problemáticas, fator que foi destacado na semana passada pela Fitch, que melhorou a perspetiva do rating para positiva, apesar de a nota continuar abaixo de grau de investimento.

Além da Mota-Engil e do BCP, houve outras ações em destaque, principalmente as do setor do papel. A fechar o top 5 dos títulos que mais ganham em 2017 estão a Altri e a Navigator, que sobem 36%, e a Semapa, que valoriza 33,51%. A beneficiar o setor esteve a evolução positiva de preços da pasta de papel e a maior procura pela matéria-prima em países como a China.

Ainda entre as maiores subidas e a beneficiar da recuperação da economia e do consumo interno está a Sonae: a dona do Continente valoriza 30,21% neste ano. O volume de negócios subiu e a empresa também aproveitou as boas condições de financiamento para "reforçar a estrutura de capitais baixando dívida, aumentando a sua maturidade", disse o co-CEO, Ângelo Paupério, no relatório sobre os resultados do terceiro trimestre.

Mas nem todas as empresas aproveitaram a conjuntura positiva para valorizar. Exemplo disso são os CTT: as ações perdem 45% desde o início do ano. As receitas têm caído devido à menor atividade no correio tradicional e os custos têm subido fruto da aposta no banco. Os CTT tiveram mesmo de cortar o dividendo que irão pagar aos acionistas e delinear um plano de reestruturação, apresentado na semana passada, para recuperar a confiança do mercado. Além dos CTT, apenas mais três cotadas têm um ano negativo. A REN perde 3,73%, a NOS cede 3% e a EDP tem uma queda ligeira de 0,86%.

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