O governo pretende garantir uma atualização remuneratória na ordem de 1% para pouco mais de um quinto dos funcionários públicos, com os restantes trabalhadores a manterem 0,3% de atualização prevista para este ano..A proposta foi apresentada na segunda-feira aos sindicatos, que saíram insatisfeitos com uma subida "poucochinha" e "muito insuficiente" que vai merecer já na próxima semana contrapropostas por parte da Fesap e do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado. A Frente Comum diz não ter resposta por ainda não ter recebido uma recusa formal à pretensão de aumentos em 90 euros para todos os trabalhadores, mas avança desde já a marcação de plenário para decidir formas de luta caso os números do governo não sejam melhorados..Em março, e com efeitos a janeiro, o governo pretende aumentar em sete euros os assistentes técnicos e operacionais nos primeiros níveis da tabela remuneratória única da função pública. A concretizar-se, os salários de 635,07 euros subirão aos 642,07 euros e os que estão atualmente nos 683,13 euros passarão a 690,13 euros, numa atualização que permitirá manter os primeiros isentos de IRS e que colocará os segundos com uma taxa de retenção na fonte de 4,2%..Segundo o governo, serão abrangidos no aumento negociado pós-Orçamento cerca de 150 mil funcionários públicos, correspondendo a 21% dos trabalhadores das administrações públicas contabilizados em setembro passado..Para o governo, é o "reconhecimento" de que para os salários mais baixos era necessário "cobrir a taxa de inflação prevista para 2020", explicou José Couto, secretário de Estado da Administração Pública, falando num "enorme esforço financeiro"..O governo faz contas a uma despesa em atualizações remuneratórias, incluindo este extra, a rondar os 87 milhões de euros. A subida aos sete euros nos salários mais baixos representará uma despesa de 18 milhões de euros, no total..Mas o governo diz que não dá ainda as negociações por encerradas. José Couto referiu nuances na proposta que eventualmente poderão ter melhorias..A Fesap, que disse ter saído das negociações de ontem com a "sensação" de que haveria margem para mais, apontou já o objetivo de obter aumentos nos subsídios de refeição e também uma recuperação de pontos acumulados para a progressão entre os trabalhadores que os perderam na última alteração à tabela remuneratória única, em 2019..E deixou também um alerta para um eventual aumento penalizador para os vencimentos que até aqui estão nos 683,13 euros. Para estes, a tabela de retenção de IRS de 2020 assegurou nos primeiros meses do ano um desconto mínimo (0,1% no máximo), com a atualização de escalões. O aumento para 690,13 euros colocará agora a taxa de retenção em 4,2% (era de 4,4% em 2019), reduzindo o salário líquido mensal face aos valores recebidos nos primeiros dois meses do ano..jornalista do Dinheiro Vivo