O grupo hoteleiro Alexandre de Almeida quer continuar a assegurar a gestão do Palace Hotel do Buçaco, nas suas mãos desde 1917, e que irá ser alvo de um concurso público de concessão no âmbito do Revive, programa que visa a recuperação de imóveis públicos de elevado valor patrimonial para fins turísticos. Desde 2006 que o Palace Hotel do Buçaco está a ser gerido por Alexandre de Almeida, ao abrigo de um contrato de cessão a título precário, figura encontrada na altura pelo Estado após o término, dois anos antes, do prazo da concessão. A Fundação Mata do Buçaco, entidade responsável pela gestão de todo aquele património público, chegou, já em 2016, a lançar um concurso internacional para uma nova concessão, mas uma providência cautelar interposta pelo gestor centenário do palácio travou este processo. Esta semana, o Conselho de Ministros aprovou o decreto-lei que integra o hotel no Revive..Ao Dinheiro Vivo, Alexandre de Almeida, presidente do grupo hoteleiro homónimo, garantiu que se irá apresentar ao concurso, sublinhando que no processo deverão ser privilegiados os mais de 100 anos que conta à frente da gestão do hotel. Como sublinhou, "o grupo criou o Palace Hotel, faz parte da sua génese, o Buçaco é o Palácio e sem nós é outro hotel". O empresário admite que a concessão deverá atrair o interesse de outras empresas do setor, mas lembra que "as autoridades têm reconhecido o trabalho desenvolvido e a excelência permanente" que imprimiu ao projeto..Para Alexandre de Almeida, o modelo de concessão no âmbito do Revive "é muito sensato", vai permitir "regularizar a situação de estar sem contrato de concessão desde 2004 e encontrar uma solução para o hotel". Confrontado com a degradação da estrutura, o gestor reconhece que o edificado carece de obras de melhoramento e que "contratos com duração de 40 ou mesmo de 50 anos permitem outras perspetivas de gestão e de investimento", sublinhando que sempre cumpriu com as obrigações contratuais. Segundo adiantou, já neste ano foram realizadas intervenções nos telhados, mas não revelou o valor despendido nas reparações..O Palace Hotel do Buçaco, unidade de cinco estrelas, com 60 quartos e quatro suites, construído a partir de 1888 para os últimos reis de Portugal, é uma das seis unidades que integram a cadeia hoteleira mais antiga de Portugal. O edifício neomanuelino, que se destaca entre os 105 hectares da Mata do Buçaco, está atualmente fechado, mas Alexandre Almeida prevê a sua reabertura já a 19 de abril. Os outros hotéis do grupo deverão permanecer encerrados até que se verifique uma evolução mais favorável da crise sanitária..Dinheiros do Estado .O Governo aprovou também nesta semana um novo modelo de gestão para a Mata do Buçaco, que prevê a alteração da composição do conselho diretivo da fundação que gere o parque florestal, do século XVII, e que permitirá a este organismo passar a beneficiar de apoio financeiro do Estado. A mudança na estrutura diretiva vai implicar que o presidente da FMB seja nomeado pelo Governo, sendo que até agora era indicado pela Câmara da Mealhada, e que a fundação passe a receber do Orçamento do Estado uma verba para fazer face às despesas de investimento e de manutenção, que para já rondará os 250 mil euros anuais..Como sublinhou o presidente da Câmara da Mealhada, Rui Marqueiro, até agora, a FMB vivia das receitas geradas pela cobrança da entrada na mata de veículos motorizados, pelo bar, loja, visitas ao Convento de Santa Cruz e rendas do Palace Hotel Buçaco, sendo que também era apoiada financeiramente pela autarquia. Na prática, a edilidade estava a assumir um encargo do Estado. A pandemia e o encerramento da mata ao público, com a consequente quebra de receitas, vieram sublinhar este problema. Rui Marqueiro lembra que foi a autarquia por si dirigida que conseguiu garantir a recuperação do Convento de Santa Cruz e das capelinhas da via sacra, com apoio de fundos comunitários. Em curso, está também uma candidatura para a recuperação da garagem do Palace Hotel do Buçaco..Sónia Santos Pereira é jornalista do Dinheiro Vivo